sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

PARABÉNS AS ANIVERSARIANTES


Entre as pessoas que gostam de Belém e da Cidade Velha em particular, escolhemos um poeta para  representar o que também pensamos das aniversariantes do dia doze de janeiro de 2019.

CIDADE VELHA



Canto-te minha Cidade
Velha em meus versos magoados
como quem canta a saudade
dos seus amores passados!


SINOS DA SÉ
Morre o sol... A noite desce
e os velhos sinos da Sé
convidam todos à prece
à Virgem de Nazaré.

LARGO DO CARMO
Em noites claras de lua,
Largo do Carmo, componho
trovas de paz sobre a tua
pauta de amor e de sonho!

PRAÇA DO RELÓGIO
Velho relógio, quem há-de
medir com exatidão
os momentos que a saudade
morou no meu coração...


FORTE DO CASTELLO
Muralhas, quantos segredos
guardais em vossas memórias...
História de mil degredos,
mil revezes e vitórias...


VER-O-PESO
Se alguém quiser ver o peso
do amor que sinto por ti,
basta falar com desprezo
do encanto que existe aqui.


CAIS DO PORTO
Fim de tarde...O sol de põe.
Na amurada, um trovador,
à luz do ocaso compõe
trovas de paz e de amor.


SOBRADOS
Cidade Velha... Sobrados...
Restos de sonhos que são
retratos amarelados
nas paredes da ilusão.


TRILHOS DE BONDE
Dos bondes restaram trilhos
nos quais, em dias risonhos,
para divertir meus filhos,
faço trafegar meus sonhos...


CALÇADAS DE LIOZ
Firme em sua trajetória,
o Tempo avança, veloz,
deixando os rastros da História
nas calçadas de lioz.


MANGUEIRA
Enquanto o vento balança
tua rama, satisfeito
sinto o verde da esperança
desabrochar no meu peito.


TEATRO DA PAZ
Na tua Paz de cem anos,
velho teatro, eu me deito
e todos os desenganos
vão-se embora do meu peito.


IGARAPÉ DAS ARMAS
Hoje, o antigo Igarapé
das Armas não corre mais...
Seu nome foi na maré
vazante dos carnavais...

                                                                           (Tucunduba)
CEMITÉRIO DA SOLEDADE
Vitória alada de pedra
sobre o tempo...Soledade!
Fonte de luz de onde medra
recordações e saudade.


BAR DO PARQUE
Bar do Parque. Madrugada.
Entre risos e ais tristonhos,
numa cerveja gelada
afogo a nau dos meus sonhos.

***
Bom dia, meu povo!

Antonio Juraci Siqueira...e eu, parabenizamos 
         BELÉM E A CIDADE VELHA......SUA LINDA

BELÉM REVISITADA
(Título inspirado no Lisboa Revisitada de Fernando Pessoa. Trovas publicadas no livro Piracema de Sonhos, Prêmio Literário de Temática Regional, Secdet, 1985).
PS: modifiquei a ordem  das trovas, aqui.
MUITAS DAS FOTOS SÃO DA INTERNET OUTRAS DO CELSO E POUCAS DO FIDANZA
OBRIGADA AOS AUTORES

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

ANO NOVO


Neste fim de ano os problemas da Cidade Velha, como o carnaval, ficaram em segundo plano. Não vem ao caso o fato de não sabermos nada de como serão os próximos fins de semana... A realidade  nos leva a dar maior atenção aos antigos moradores que nos deixaram e a um desconhecido italiano que faleceu dia 28 de dezembro em Bolonha (Italia).

A Cidade Velha, principalmente a Praça do Carmo, dia 13 de novembro 2018 perdeu o Sr.  Elias Flor  da Rocha, um grande jogador do Remo dos anos 70, que morava na praça com sua familia ha muitos anos.  Dia 30 de dezembro o Sr. Salomão Casseb, dono do Bar Nosso Recanto nos deixou, também após muito sofrimento
Ambos faziam parte da historia da Praça, que entristeceu com essas perdas. A pergunta que paira no ar é: será que vão continuar a colocar as musicas que ouviamos no fim de semana? Será que D. Ione vai continuar com a tradição começada pelo S. Salomão?

Do outro lado do mundo em vez, foi um italiano que nos deixou. Poucos sabem a historia do advogado Dr. Francesco Berti Arnoaldi Veli e sua luta para conseguir construir um monumento aos Pracinhas no Apenino bolonhes: aos Pracinhas que morreram nas suas terras, onde se encontrava a frente de batalha dos brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial.

São tres historias de vida que em algum modo devem fazer parte da nossa memória historica, cada um por um motivo diferente. No caso do advogado italiano:
"queria que o monumento fosse desenhado por Oscar Niemeyer e tivesse inscrita a frase “per i brasiliani morti difendendo l’Italia dal fascismo e ai brasiliani che oggi muoiono sotto una dittatura fascista”. Ou seja: “para os brasileiros mortos defendendo a Itália do fascismo e aos brasileiros que hoje morrem sob uma ditadura fascista”. E isso nos deixou mais emocionados ainda. E foi essa frase a causa da recusa da embaixada brasileira."

- O monumento aos pracinhas. (Que Oscar Niemeyer não fez). Arquiteturismo, São Paulo, ano 10, n. 116.06, Vitruvius, nov. 2016 <http://www.vitruvius.com.br/.../arquiteturismo/10.116/6273>.

Monumento tendo a fundo o Monte Castelo

- ARNOALDI BERTI, Francesco. Carta para Oscar Niemeyer. Sobre o monumento em Monte Castelo em homenagem aos pracinhas. Drops, São Paulo, ano 17, n. 110.02, Vitruvius, nov. 2016 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/17.110/6274>.

Todos os anos no dia em que comemoram o fim da guerra na Italia, as crianças das escolas das cidadezinhas de Gaggio Montano e Montese desfilam pelas ruas com nossa bandeira e cantando as musicas que seus avos ouviam dos Pracinhas quando não estavam guerreando. "Mamãe eu quero " é uma delas.

Seguindo a via montanhosa encontraremos vários outros monumentos em cidades como Porretta, Fanano, Collecchio, Vergato, Castelfranco e outras cidadezinhas liberadas pelos nosso Pracinhas e que a comunidade fez questão de homenagear..


 Agradecemos o Dr. Francesco Berti Arnoaldi Veli por ter deixado um tal agradecimento na montanha bolonhesa aos nossos Pracinhas, tão esquecidos a casa própria.




segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

TURISMO NA CIDADE VELHA


Domingo 09 de dezembro de 2018, o jornal Diário do Pará, em duas paginas inteiras,  apresentou opniniões e sugestões sobre um possivel desenvolvimento do turismo na Cidade Velha. A Civviva, que se preocupa principalmente da salvaguarda e defesa do patrimonio histórico desde 2007, estava entre os entrevistados.

A respeito desse argumento cabe notar que, mesmo se o Dr. Almir Gabriel, a partir de  1995 quando governador do Estado do Pará fez umas tentativas a respeito, a ideia não levantou vôo como se esperava.

Interessante a leitura da Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em Ciências Sociais pela atual Dra.Cybelle Salvador Miranda: CIDADE VELHA E FELIZ LUSITÂNIA: Cenários do Patrimônio Cultural em Belém. Ali ela nos lembra que o Dr. Almir Gabriel tinha um projeto a respeito de turismo no seu "Novo Pará", o qual "se interliga às tendências mundiais de preservação do patrimônio de sítios urbanos como fonte de valorização da identidade local e de dinamização da economia das cidades via incremento do fluxo turístico."



É nesse periodo que o Arq. Paulo Chaves deu inicio a sua carreira de 'revitalizador' de espaços históricos e ela bem percebe "as  contradições entre a imagem ‘idílica’ implementada na restauração da ‘Feliz Lusitânia’ e as dificuldades enfrentadas pelo restante dos espaços que o contornam, pertencentes ao bairro da Cidade Velha." Bem oportuno, em muitos momentos, o uso do termo "revitalizar" em vez de "restaurar".  A diferença entre ambos é fundamental.

Mais uma informação interessante a ser levada em consideração é a opinião do  prof. Walter Benjamin, quando ela explica  que, segundo ele "a História deve ser lida pela perspectiva dos vencidos, o que rompe a linearidade da história tradicional pela utopia que descobre o mito. A utopia no mundo moderno se corporifica no progresso, nas inovações, que são sempre barradas pelo mito do eterno retorno de formas do passado. A História contada pelas classes dominantes seleciona os eventos a destacar em sua narrativa, de modo que [a] barbárie se esconde no próprio conceito da cultura enquanto tesouro de valores, e mesmo quando ela não é vista como independente do processo produtivo em que surgiu, é vista como independente do processo produtivo em que sobrevive."

Sua tese foi apresentada em 2006, ou seja, dez anos depois do projeto do Dr. Almir, e o turismo não tinha levantado vôo. Não bastou o restauro/revitalização de alguns predios ou locais, algo mais tinha que ser feito, não so no bairro, mas no resto da cidade também.

Por onde começar? Das calçadas que estão em situação penosa, na Dr. Assis, a rua que leva ao Palacete Pinho? Ainda mais, uma parte dessas calçadas, sempre estreitas, ainda são ocupadas com mercadorias ou  artigos e objetos vários que são consertadas fora das lojas. Mas nessa rua também tem o problema do transito, exagerado, que ajuda, com a trepidação, a acabar com os prédios tombados.


Depois de se esquivar de onibus, vans e motores/bicicletas consertados no meio das parcas calçadas da Dr. Assis,  o turista chega ao Palacete Pinho e além de notar o abandono em que está, ainda é capaz de o encontrar fechado a visitação.

Então vamos visitar a Cidade Velha entrando pela Siqueira Mendes, cujas calçadas, além de estreitas e mal conservadas, estão cheias de lixo ou ocupadas com carrinhos de comida ou jogo do bicho de um lado, e do outro os taxistas, em pé ou sentados , aguardam os clientes dos barcos e navios que chegam das cidades e  ilhas do entorno de  Belém. Até no meio da rua é dificil de passar, principalmente quando é hora de saida ou de chegada de barcos nos portos, pois os carros  fazem fila dupla e não tens modo de continuar a tua caminhada. Agora imaginem se os locais de divertimento estivessem abertos a luta que é para obter estacionamento  ou mesmo apenas passar a pé na Siqueira Mendes.


Chegou o turista na Praça do Carmo. A Joaquim Távora com sua calçada de cerca de meio metro de largura, que divide com postes de 40cm de circunferência, também pode estar ocupada com carros estacionados, dependendo da hora. O que sobra da rua dá, mal e porcamente para passar um carro de medio porte.... e o turista deve atravessar para a calçada da praça e, aí se depara com os moradores de rua fazendo os próprios cômodos, como se ninguem estivesse olhando.


Mas o turista deve visitar a belissima igreja do Carmo, restaurada ha poucos anos, e se encaminha para a travessa D. Bosco pela calçada da praça do Carmo. Som de tambores ou musica jamaicana acompanham seus passos até essa igreja tombada... e a encontra fechada. De fato, pouco a pouco as missas começaram a ser canceladas, permanecendo somente uma, no sabado a tarde. A insegurança da praça levou os fieis a procurarem outra igreja para a missa das sete da manhã. Nessas alturas as portas da igreja não se abriram mais, até que decidiram dar uma possibilidade para os visitantes, reabrindo-as, mas  Quem ha-de...?

A rua Dr. Malcher teria suas casinhas post-coloniais e algumas poucas azulejadas para serem vistas, mas vemos pouquissimos acompanhadores de turistas passarem por ela. Como as outras ruas ja citadas, a luta por um estacionamento aumenta quando os locais da Siqueira Mendes estão abertos, ou durante a semana estão funcionando todos os orgãos publico do seu entorno. O turista não consegue, como na Siqeira Mendes, ou Dr Assis, nem andar pelo meio da rua, as proximidades da Praça da Sé, a qual pode estar, inclusive, cheia de onibus enormes de companhias de turismo.


A intenção é visitar a obra-prima do Landi na praça da Republica do Libano? Qualquer uma das vias de acesso estarão cheias de carros, inclusive ocupando parte das calçadas. A presença de vários orgãos públicos (Alepa, Prefeitura, MPE, Tribunal, etc.) e museus sem estacionamento suficiente para todos os seus funcionarios, é a causa principal da situação critica  em que se encontra a praça durante a semana inteira. Um problema manter a igrejinha aberta e, inclusive, rezar missa nela. Com certeza o turista vai encontra-la fechada... mas vai poder sentar nas cadeiras das barracas de venda de comida que ocupam as calçadas da pracinha, deturpando a área... para desespero do turista.

A Praça Felipe Patroni perdeu seus benjaminzeiros que rodeavam uma fonte, hoje transformada em 'vaso'  de planta. Apesar de alguns bancos, a falta de arborização e o  calor não permitem nem que o turista se azarde a sentar para repousar.

Não vamos falar do periodo do carnaval nem do Cirio  pois imaginamos que a inteligencia dos leitores possa chegar a entender, sozinho o que acontece e os problemas que causam ao patrimônio.

Então, as obras revitalizadas pelo Arq. Paulo Chaves na Praça da Sé, levaram os paraenses e alguns turistas a aumentarem o fluxo de carros na Cidade Velha, mas o turismo não decolou...com ou sem o restaurante das 11 janelas cujas bandas musicais faziam tremer todo o entorno.


Viver no bairro, ou seja, na área tombada, piorou próprio por falta de resolução desses problemas que, mesmo sem turismo, atanazam e pioram a vida de todos.

A sugestão, então, é começar próprio por esses ai, porque o numero de turistas a pé, vemos que é bem maior do que  os transportados pelos onibus enormes que nem deveriam entrar na área tombada e que param so na Praça da Sé...


PS: Cibele, obrigada  pela colaboração.


quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A NOSSA VITORIA DE PIRRO COM A CELPA


É incrivel mas é verdade: ainda não acabou  a nossa LUTA SEM FIM contra os 'olhões' que a CELPA instalou anos atrás e que, conversa vai-conversa vem, prometem retirar, mas continuam nos muros da area tombada da Cidade Velha.

Abaixo podem ler sobre o que foi feito e o trabalho que nos deram esse 'olhões'. Perdemos até amizades e colaboração por ter escrito nos cartazes, frases esplicitas referidas  a alguns orgãos que julgamos não terem feito seu dever. Como lutar sem dizer claramente quem está por tras do problema???

https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2014/05/que-dizer-disso.html (ler os comentários)
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2014/05/celpa-precisamos-de-esclarecimentos.html
https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2014/05/os-medidores-rejeitados.html
https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2014/09/a-celpa-mpe-e-defesa-do-nossopatrimonio.html
https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2014/09/os-postes-propostos-pela-celpa.html
https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2014/09/que-nao-seja-uma-vitoria-de-pirro.html
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2015/02/a-celpa-e-suas-promessas.html

Pois bem, passado todo esse tempo e apesar das promessas feitas, e nas quais acreditamosainda estamos a discutir o argumento com a CELPA.



Estamos falando daqueles ‘olhões’, que, após um nosso ‘ajoelhaço’em frente a Catedral da Sé, prometeram de retirar, e não o fizeram. Na verdade, passaram nas casas e desligaram os medidores, mas as caixas onde estavam ficaram nos muros. Foram retiradas  aquelas que causaram mais horror aos cidadãos, mas a grande parte ficou onde tinham colocado originalmente.

Tem que disse, na época, que “Isso daí gerará em torno de 60 a 70 milhões de Reais fraudulentamente, escandalosamente, vinda do bolso do sofrido batalhador paraense para os cofres da Rede CELPA, Newton.” (Aqui mais detalhes https://fauufpa.org/2014/05/27/celpa-o-golpe-da-caixa-padrao-12-de-abril-de-2013/#comment-16107). A razão  talvez fosse a desproporção entre os modelos usados.

A coisa mais absurda foi, de fato,  constatar que no Lago Azul, em Ananindeua tinham colocado uns medidores não maiores que uma bic. Por que na Cidade Velha colocar esses absurdos? Não tinha sentido usar tipos enormemente  diferentes de medidores, sem chamar atenção.

Voltando ao fato: semana passada fomos chamados para uma reunião no MPF para falar da existência, ainda, desses olhões na parte tombada da Cidade Velha. Estavam presentes três representantes da CELPA , um representante do IPHAN, além do vice-presidente da Civviva e o Procurador que segue o caso ha anos. 

Ficou decidido que o IPHAN vai fornecer à CELPA um material que indique o polígono do Centro Histórico (incluindo parte da Cidade Velha e Campina), o que já é uma confirmação que na reunião anterior fizeram propostas pouco sérias, se hoje precisam do mapa da área em questão.

Mais uma vez ouvimos dizer que a  CELPA fará a troca dos medidores que remanescem onde não deveriam mais estar. Caso o responsável pelo imóvel não aceite a troca, a CELPA encaminhará ao MPF, para entendimentos...Isso em um prazo de 45 dias.
Mais uma vez as notícias parecem alvissareiras. Não ficou claro, porém, se isso vai provocar um onus aos moradores, como alguns se lamentaram quando os foram colocar. Será por esse motivo que encaminharão aqueles que não aceitarem a troca, ao MPF "para entendimentos?"

Achamos que é o caso de alardear essa informação aos moradores para que não sejam, novamente, iludidos como ja o foram no passado. 



quinta-feira, 15 de novembro de 2018

2012 e o carnaval na Pça do Carmo


Achamos util lembrar um pouco a luta desta Associação contra o uso de praças tombadas para 'concentração' de blocos carnavalescos com trio elétrico abusando de decibeis, portanto poluindo o meio ambiente e provocando trepidações indesejaveis ao prédios históricos.

O uso de praças tombadas transformadas em estacionamento de blocos e trios elétricos durante o periodo carnavalesco é um fato concreto que cremos vai contra a defesa e salvaguarda do patrimonio historico.

Tal periodo, normalmente, começa dia 1° de janeiro e acaba no domingo magro, portanto pode durar várias semanas. A essa exposição dos predios tombados a poluição sonora e suas consequencias, devemos acrescentar o que ultimamente acontece depois dos casamentos na Sé ou Carmo; os ensaios e desfile do Auto do Cirio; o arraial junino da igreja de S.João; as festas religiosas em frente as igrejas; o Arraial do Pavulagem, além de outras manifestações ocasionais, como aquelas em frente da ALEPA, muitas das quais, regularmente autorizadas, inclusive pelos orgãos cuja função é a defesa do patrimonio histórico.

Todos os eventos acima citados produzem trepidação, seja com musica altissima  seja com fogos de artificio, além de poluir o meio ambiente. Contando-os se supera  150 dias por ano de manfestações rumororas nas praças da Cidade Velha. Voces acham pouco?

Existem pessoas que moram no entorno de onde acontecem tais eventos/manifestaçóes, também, e existem leis que os protegem, além dos prédios. Quem deve fazer respeitar essas leis?

Se tombaram parte da Cidade Velha é porque reconheceram que é necessario salvaguardar nossa memória histórica, mas do jeito que fazem essas manifestações, agora, não cremos que conseguiremos.

A POLUIÇÃO SONORA É UM DANO PARA O PATRIMÔNIO E PARA AS PESSOAS.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012


MAIS UM CARNAVAL...

Mais um periodo de carnaval que chegou ao fim, com seus prós e contras.

Depois de uma luta para evitar o uso de praças tombadas com "concentração" de blocos carnavalescos, tivemos uma reunião na Secretaria de Segurança do Estado, para discutir o fato. Presentes, além da Civviva, estavam os representantes da Asfavelhas (Kaveira, Eloy e outros), de algumas instituições e de vários orgãos públicos quais: Ministério Público, IPHAN, Fumbel, Secon, DPA, DEMA, Secult, PM, GM, etc. etc., etc.

A Civviva não aceitou a proposta daqueles que defendiam o uso de praças tombadas como "estacionamento" de blocos. O abaixo assinados que tinhamos mandado aos orgãos presentes era claro a respeito. Não tinhamos mandato dos assinantes para aceitar proposta contrária, portanto deixamos ao Secretário de Segurança a responsabilidade de ignorar o pedido dos moradores e amigos da Cidade Velha de não autorizar a concentração de blocos em área tombada.

Foi então redigido um Termo de Ajustamento de Conduta, ignorando o que pediamos, mas estabelecendo as normas que deviam ser respeitadas pelos donos de blocos ou organizadores do carnaval na Cidade Velha. 

Não podemos negar que os resultados se viram. As igrejas e casas de moradores foram isoladas; os banheiros quimicos em numero de 20 a 30 foram colocados nas praças; a Policia Militar e a CTBel estavam presentes; os ambulantes eram somente aqueles do bairro e a Secon tomou conta direitinho disso. In suma, a parte mais importante do TAC foi respeitada nos domingos de carnaval. A poluição sonora, porém era monstruosa.

A organização prevista no TAC e respeitada nos dias de domingo, não aconteceu quando, no sabado 11/02, se realizou a Bumbarqueira na Praça do Carmo.
-  ambulantes de toda Belém tinham se posicionado na praça desde manhã cedo.
- Os banheiros, para começar, foram esquecidos. Somente depois de vivazes reclamaçoes, foram providencidos e, as 18 horas, chegaram. Somente 5 banheiros quimicos foram colocados na Praça do Camo, em vez dos 20 ou 30 previstos no TAC;
- as Igrejas e as casas não foram isoladas;
- a poluição sonora  era a niveis escandalosos;
- carros de todo tipo invadiram a praça e, alguns, se posicionaram em tres cantos da Praça tocando musica não carnavalesca, com um som exageradamente alto.
No fim das contas: cada um fazia o que queria e, desse modo , os muros das casas voltaram a ser mictório. Os moradores da Praça do Carmo estavam desesperados com tal desorganização.

Uma pergunta que não quer calar: as normas do TAC valiam somente para o Eloy e o Kaveira? 

Chegamos ao ultimo domingo. As praças e as ruas se encheram de blocos e familias com vontade de se divertir. A organização voltou a ser aquela prevista pelo TAC. Se via a PM em vários pontos do bairro.

A maioria dos moradores das ruas por onde passaram os blocos ficaram satisfeitos com o resultado de nossas lutas. Foi um passo a frente na organização do carnaval.

Insistimos, porém, na nossa posição de não usar as praças para concentração de blocos. DESSE MODO AS IGREJAS DE LANDI PODERÃO CONTINUAR A FAZER SUAS FUNÇÕES. A passagem dos blocos pelas ruas é que diverte o povo da Cidade Velha e, além do mais, evita a depredação do nosso patrimonio. 

Aproveitamos para agradecer os orgãos que possibilitaram uma melhoria no carnaval do nosso bairro.

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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

MEMÓRIA: Outro tipo de patrimônio histórico


Vou aproveitar para contar uns fatos que considero uteis à cidadania, visto que este blog se chama "Laboratório de Democracia Urbana" e pode muito bem acolher lembranças e propostas mesmo se o Patrimonio Historico tratado é a MEMÓRIA.

Ano passado fui convidada a participar do  SEMINÁRIO NACIONAL 100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA, onde aconteceram debates sobre democracia, socialismo e anarquismo. Tratava-se do PROJETO CONFRONTO DE IDEIAS/FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS/INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS/UFPA cuja comissão organizadora era composta por:
MARLY SILVA/FACS/IFCH/UFPA, THAIS AGUIAR/UERJ, PATRICK PARDINI/MUFPA/UFPA, CELSO VAZ/FACS/IFCH/PPGCP, MÁRCIO DE CARVALHO/ILC/UFPA, mas era a amiga Marly Gonçalves da Silva a  COORDENADORA GERAL.

No segundo dia de tal evento participamos das “Memórias Comunistas” onde ouvimos a vivência de: Alfredo Oliveira (médico e escritor), André Nunes (escritor), Hecilda Veiga (profa/UFPA, ex-presa política e anistiada), Nazareno Tourinho (dramaturgo).  Eu fui a  Mediadora. A sala estava cheia de jovens, atentos.

Passou-se um ano e uns 40 dias e dois dos participantes  não estão mais conosco. O André, fez aniversario ontem, e nos deixou órfãos de sua amizade a pouco mais de dois meses atrás. Nazareno Tourinho, também o seguiu e teremos sua missa de um mês daqui a alguns dias.

O prof. Jaime Cuellar Velarde é outro dos poucos que chama essas pessoas, para contar o que viveram no tempo da ditadura aos seus alunos que nem frequentam ainda a Universidade. Até agora a UFPA e a Feira do Livro foram seus palcos. Ele é da opinião que é importante ouvir diretamente a Historia através de quem a viveu  e fez vários encontros sobre a Ditadura com quase todos aqueles ainda vivos. Os que tinham sido presos durante a ditadura e que participaram desses encontros com a juventude, foram: Pedro Galvão de Lima Ruy Antonio Barata, João de Jesus Paes Loureiro, José da Silva Seráfico de Assis Carvalho. Os que não foram presos: Alfredo Oliveira, André Avelino da Costa Nunes, Cláudio de Souza Barradas e eu.

Lembrar o que contaram nesses encontros e viver estes dias atuais sem poder trocar opinião com os que já se foram, me traz um vazio enorme. As pessoas que viveram o ”64” e que tiveram bastante vivência e, consequentemente, histórias para contar,  estão diminuindo a olhos vistos.

O momento que estamos vivendo, todavia, merece atenção e confronto com nossa historia passada. A memória é importante e quem as tem deveria ser seguido de perto, começando por professores da escola obrigatória.  Os exemplos que poderiam dar, foram contados, quem sabe, pela ultima vez, pelos quatro companheiros acima citados... e hoje dois já nos deixaram. Os estudantes presentes naquela ocasião tiveram porém a oportunidade de ouvir de viva voz experiências feitas em tempos difíceis, politicamente falando. 

Esse tipo de  confronto é útil e muito proveitoso para a juventude. Por que temer? Vai acrescer o conhecimento e dar condições a criticas, pro e contra. Aquela memoria que foi transmitida não tem preço e, começamos a perder aqueles que podem passar ao próximo momentos históricos vividos em primeira pessoa e, algumas vezes, até na própria pele.

Essa falta de confronto com quem tem memória, ou seja, os mais velhos, se nota enormemente quando se olha o nosso patrimòno histórico, as nossas áreas tombadas. Um exemplo por todos as cores das casas. Os "antigos", ainda viventes lembram da Cidade Velha com casas de azulejos ou pintadas com cores claras, cores pastél. Memória de quem estão defendendo quando permitem cores fortes nessa área tombada? Qual "velho" disse ao IPHAN ou ao orgão publico que autoriza a pintura das casas com cores  fortes, que eram essas as cores das casas da área tombada? Falta de informação direta, pois as leis falam de defesa, salvaguarda, proteção da nossa memória... não de colori-la.

Na Italia, nos anos 70/80, as pessoas que viveram a guerra contra o fascismo fazendo os ‘partigiani’ eram chamadas nas escolas, do primário ao cientifico/clássico, para contar “a verdade”, ‘suas experiências quotidianas’ , ‘o que acontecia durante o fascismo’, ‘ o que eles faziam com os opositores’ , ‘como se lutava contra’... Todos o faziam gratuitamente e, seja os professores que os pais, eram conscientes da necessidade de fazer isso.

Os nossos "PRACINHAS" estiveram la e até hoje são homenageados, todos os anos, pelos alunos das escolas do periodo obrigatorio no Apenino Bolonhes, coisa que aqui não acontece e com isso apagamos  nossa memória. Até monumentos e  Museus existem em Montese e em Pisa sobre essa participação dos brasileiros a liberação da Italia do fascismo... e aqui?

Cidadãos conscientes de verdade se desenvolvem em sociedades onde a informação fomenta o conhecimento e a possibilidade de critica. O modo acima citado é um deles e aqui podia muito bem ser difundido antes que se perca totalmente essa oportunidade e se finja que o fascismo não existiu... nem aqui, nem fora daqui.


Dulce Rosa de Bacelar Rocque - cidadã.


terça-feira, 6 de novembro de 2018

Aguardamos os resultados...



No mes de outubro p.p. recebemos várias noticias do IPHAN local, através de convites para ações culturais.

-06 E 07 DE NOVEMBRO DE 2018 - SEMINÁRIO INTERNACIONAL GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DO NORTE NA OCASIÃO O IPHAN FARÁ O LANÇAMENTO DA EDIÇÃO ESPECIAL  DA REVISTA DO PATRIMONIO.
Uma Proposta de Normativa para o Centro Historico de beléM  (talvez para suprir a falta de regulamentação pos-tombamento) seria apresentada na Prefeitura.

-09 DE NOVEMBRO DE 2018 -  cerimônia do 31° Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade,  dedicado a preservação do Patrimônio Cultural no país e homenageando o patrimonio cultural do Norte.

Por outros meios soubemos que o " Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vai se reunir nos dias 8 e 9 em Belém, no Pará, quando decidirá sobre o tombamento da curiosa estrutura(1). Se for tombada, será inscrita como patrimônio brasileiro e, portanto, ficará protegida por lei." (1;)Trata-se de geoglifos descobertos no Acre após o aumento do desmatamento. 

Por outro lado, o Ministerio Publico  Estadual também se fez sentir com a instalação do Grupo Nacional de Defesa do Patrimônio Público (GNPP)  nos ultimos  dias de  Outubro p.p.  Tal Grupo iniciou  discutindo as diretrizes e bases de criação do GNPP, com a elaboração e votação de uma minuta de regimento interno para posterior aprovação do GNPP. A intenção é também a elaboração de ações nacionais de combate à corrupção e à improbidade administrativa.  

Não vimos maiores detalhes apos a posse do GNPP para poder entender a extensão que terá o termo Patrimônio Público, por isso nos interrogamos!!!

Para nós,  leigos, o termo Patrimônio Público/Cultural, compreende também aquele patrimônio Histórico, tombado pelo Estado e pela União, que se encontra ao "Deus dará" e que esperamos tanto seja motivo de atenção seja pelo IPHAN que pelo  GNPP nessas reuniões programadas e/ou ja realizadas.

Essa atenção da União e do Estado, quanto ao Patrimônio, a recebemos como um sinal que algo vai mudar. Na verdade é uma expectativa, que o abandono do nosso patrimônio será resolvido; que as estátuas desaparecidas serão encontradas, ou ao menos procuradas; que os casarões abandonados serão restaurados; que a poluição sonora não continue provocando danos a coisas e pessoas; que o carnaval não continue provocar danos na área tombada, enfim que, inclusive, ao menos o PAC DAS CIDADES HISTORICAS tenha um seguito e que se veja a conclusão de tal Ação.


Esperamos que o Seminário Internacional, fale  dos problemas nacionais do nosso patrimônio. Que digam algo sobre a salvaguarda concreta da nossa memória historica. Que digam quais ações estão programadas, concretamente, da parte do Estado e da União para defender e proteger o que sobrou do que foi tombado por ambos. Que digam o que vão fazer com prédios que contam  nossa historia e precisam ser tombados antes que outro carnval os façam... tombar definitivamente.

Quem sabe na 'Proposta de Normativa para o Centro Histórico" tem, inclusive, algo a respeito da reunião em que foi apresentada, no IPHAN local, a"Consultoria especializada para sistematização de dados e definição d parâmetros urbanisticos e critérios de intervençã nas áreas tombadas pelo Iphan/PA", pois nunca mais tivemos noticias.


Que, o uso do termo "Patrimônio Cultural como importante ativo para o desenvolvimento social, econômico e sustentável" não seja um modo de limitar ou delimitar o termo Patrimônio, deixando de fora prédios, praças e monumentos.

A esperança dos paraense sobre as programações acima citadas é ver resultados concretos ao menos na área tombada, para que se acredite que toda essa atenção seja a vontade de, realmente, aplicar o que diz nossa Constituição no Art. 216, V, § 1º: " O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro(...)"

Nós, alguns cidadãos, tentamos fazer a nossa parte.

Aguardamos confiantes...

Bom trabalho.