quarta-feira, 31 de outubro de 2018

RESULTADOS COMO EXEMPLOS...


Esta é uma homenagem a um trabalho que deu resultados... é um exemplo italiano de defesa e salvaguarda de um patrimonio historico enorme.

A Reggia di Caserta, aquele palácio que passava desapercebido entre os grandes monumentos existentes na Italia, perde seu Diretor, o bolonhês Mauro Felicori. O aposentaram...

Segui de longe o que ele fez nos três anos que ali esteve  e fui visita-lo, e parabeniza-lo, em janeiro deste ano, pelo trabalho que estava fazendo na chamada “Versailles da Italia”.

Visitei a Reggia de Caserta, pela primeira vez, nos anos 80 e me apaixonei logo ao entrar e ver aquela escadaria monumental que os americanos, durante a segunda guerra mundial, subiam e desciam com seus jeepes. A medida que ia visitando me informavam também que naqueles corredores maravilhosos os americanos passeavam com seus jeeps de um salão para outro... Um absurdo que a ignorancia dos ‘salvadores da pátria alheia’ se permitiam fazer.

Voltei mais de trinta anos depois e tive a sorte de ver algumas das melhorias feitas pelo Diretor vindo do Norte e que causou inveja aqueles, locais,  que não foram escolhidos para o cargo. Ele conseguiu torna-la ‘desejavel’  a um público sempre mais amplo ao ponto de dobrar o numero de visitantes: de 400.000 mil passaram a 900.000. Sai deixando em caixa 2 milhões de Euros para quem o substituir poder usar a vontade...

A Reggia  di Caserta é a maior residencia real, não somente na Italia, mas no mundo, pelo seu volume. Foi inaugurada em 1774, por vontade do Rei de Napoles Carlo di Borbone, o qual queria demonstrar ao mundo um aspecto real e rico do Reino de Napoles. Faz parte do Patrimônio da Humanidade da UNESCO desde 1997 .

O Parque Real é o que chama mais atenção nesta residência e é  fruto da capacidade criativa do arquiteto Luigi Vanvitelli que  realizou o projeto, e, com extraordinária sensibilidade fundiu, de modo original a tradição italiana dos jardins renascimentais com as soluções do arquiteto paisagistico de Versailles, André Le Nôtre.  Levou um século para ser concluída e quase tres anos para ser reabilitado. 
https://youtu.be/mZRTV6KA1Tc

O palácio tem cinco andares e mil ambientes, mil portas e 1700 janelas... vale a pena visita-lo, o seu esplendor, as riquezas que contém e a originalidade de seus assoalhos e moveis, estão aqui... onde 700 pessoas trabalhavam para servir os reais....e  muitos outros, ultimamente, ajudaram e a reabilitar. 

Tudo isso foi feito com esmero e atenção nesses três anos de trabalho na Reggia, revitalizando, inclusive, áreas abandonadas. A possibilidade que temos de ver esse patrimonio hoje, bem conservado, tem boa parte de mérito o Diretor  Mauro Felicori, que agradecemos e parabenizamos....
 com inveja.


segunda-feira, 15 de outubro de 2018

MAIS UM CIRIO...


BELÉM, SEGUNDA FEIRA, 15 de outubro de 2018.

No domingo a noite, chegamos a ver, as 23 horas veiculos estacionados na praça...não na beira da calçada, mas sobre a praça, do lado da Siqueira Mendes.

Hoje, dia seguinte do Cirio, acordamos com a praça do Carmo, ainda em situação penosa.
Após o Arrastão doArraial do Pavulagem, somente as latinhas de cerveja foram retiradas, a imundicie fruto do trabalho dos ambulantes misturado com a incivilidade do povo, ficou toda para quem vive na praça do Carmo  e seu entorno.



Os comerciantes tiveram que limpar as calçadas e as sargetas pois estavam todas cheias de lixo...


No meio da praça do Carmo o vento deu um jeito de formar montoeiras de lixo, entorno a postes...


Em frente ao palco...

Na frente do deposito de miriti...


NÃO FIZERAM REUNIÕES PARA DECIDIR A LIMPESA DA ÁREA TOMBADA QUE FOI USADA, TAMBÉM ?

Além da poluição sonora, mais esse abuso devemos suportar? 
Se fosse uma vez por ano, vá lá, mas isso se repete várias vezes por ano, principalmente a poluição sonora. A meia noite de sexta feira e do sábado o o barulho/algazarra, continuavam. NÃO VIMOS  NINGUEM VIR MANDAR PARAR.

Isso acontece, principalmente porque se preocupam mais em satisfazer o interesse de quem quer ganhar dinheiro. O mesmo acontece com o carnaval.

A Civviva não é convidada para essas reuniões por que eles sabem que nenhum argumento que interesse o cidadão-morador, vai ficar de fora, e esse é um dos resultados. Mas tem mais:
- tinha alguem medindo os decibeis para ver se eram 50 como diz a lei?
- onde estavam as 'defensas' para defender a porta das casas de familia da invasão dos ambulantes e seus clientes?
-  e a limpesa do ambiente usado desde sexta-feira, quem se preocupou?
- e a dispersão, não era prevista?

Ano após ano e continuam a não  respeitar as leis. Esse o exemplo que dão ao cidadão. 
Como educa-los, desse jeito? O Auto do Cirio com seu belissimo espetaculo, não respeita nenhum monumento. Instalam seus palcos em frente ou mesmo dentro a prédios históricos e os decibeis vão muito além dos 80...  

As casas de moradia também sentem e sofrem o abalo provocado pela poluição sonora...

Todos, e principalmente os orgãos que autorizam esses eventos, esquecem o que produz a trepidação, e os danos quem paga?

...e não estamos falando do que causam as pessoas de idade, da tão falada 'melhor idade', que moram nas casas da área tombada.

É UMA PENA QUE ESPETACULOS TÃO BONITOS TENHAM QUE PRODUZIR ESSE EFEITO EM TERRITORIO TOMBADO.

MAS NINGUEM TOMA VERGONHA, MESMO...E A INCIVILIDADE CONTINUA A FAZER ESTRADA APESAR DAS DENUNCIAS QUE FAZEMOS AO MINISTÉRIO PÚBLICO.


sexta-feira, 12 de outubro de 2018

A SEMANA DO CIRIO


NO TEMPO DO MEU PAI... a festa acabava depois de quinze dias da procissão do Cirio.
Falo da animação que Felix Rocque promovia na Quinzena Nazarena, dos anos 40/50 do seculo XX. Ele trazia artistas de todo tipo e para todos os gostos e distribuia pelos teatros que abria nos quatros cantos do Largo de Nazaré.

1870 Largo de Nazaré





















Largo de Nazaré

Anos depois dessas fotos,  no periodo do Cirio, o Largo de Nazaré se enchia de barraquinhas vendendo nossas comidas tipicas. Essas barracas eram dirigidas pelas familias ricas da cidade e se misturavam com os brinquedos - cavalhinhos, roda gigante, sputnik, etc- que ficavam no centro do largo.















Do lado da igreja de Nazaré tinha a Barraca da Santa, que mudava de dono diariamente. As familias ricas que não tinham ficado com uma das barracas do Largo, se revesavam durante os quinze dias naquela maior. Todos os responsaveis pelas barracas faziam convite as familias amigas, as quais, primeiro iam ao teatro (um deles) e apos dar uma volta no Largo, jantavam numa das citadas barrquinhas. Depois, podiam, inclusive ir provocar a sorte no Casino que ficava no Grande Hotel


Com todos os teatros que  meu pai conseguia abrir nesse periodo de festas, programas diferentes para sair de casa e ir ao Largo jantar,  tinha a vontade. Saindo do teatro a volta que davam no Largo, não era somente para saudar os amigos que estavam nas barracas, mas também para mostrar as roupas novas... Nessa época tinha quem fazia o enxoval do Cirio, de modo que não  tivesse que repetir seus  vestidos durante a quinzena. Lógico isso era para uma determinada classe.


Meu pai morreu em 1958. Meu irmão Carlos Rocque ainda tentou, por uns dois anos, levar em frente essa atividade, mas preferiu continuar a ser jornalista e escritor, assim essa usança acabou.

Hoje, a semana que antecede a procissão é plena de atividades culturais. Se somam aos lançamentos de livros, peças teatrais, o Auto do Cirio e o Araial do Pavulagem.  Estes dois ultimos eventos que acontecem sexta a noite e sabado depois da Romaria Fluvial -criada por Carlos Rocque - chamam uma quantidade enorme de pessoas para a Cidade Velha. Depois esse frenesi acaba, alias é muito mais brando, na verdade.

Na Praça do Carmo, sempre na semana que antecede o Cirio, temos ainda os ensaios e outras passagens de grupo culturais com suas propostas, muitas vezes extremamente rumorosas...e agora vamos falar dos problemas que geram.

Estamos falando de área tombada,onde se encontra a maior parte das igrejas mais antigas de Belém as quais deveriam ser salvaguardadas, protegidas, preservadas, conservadas, defendidas... Em  vez, durante o ano, temos uma media de cerca de cinco casamentos por semana nessas igrejas durante os quais agora é de moda usar fogos de artificio como no Cirio, ... Façam as contas para ver quantas noites de poluição sonora essa área tem que suportar, apesar da legisliação em vigor a respeito disso...


Nessa área tombada também acontece o carnaval, a partir do dia primeiro de janeiro de cada ano e, nos ultimos dez anos, com a introdução de trios elétricos e abadás, a coisa piorou. Vamos fazer as contas, novamente, de quantos dias o patrimonio sofre a agressão da poluição sonora, sem nenhum controle sério.

Temos também as festas dos Santos, e não somente a quadra junina, mas todas as outras e o Cirio também. Muitas vezes os fogos começam as seis da manhã, e os dos casamentos, até depois das 22h, além do tambres que podem ser tocados até as duas da manhã. Vamos somar a quantidade de dias que o patrimônio historico sofre esses abusos?

Na Cidade Velha, o foguetório acontece, também  em todos os órgãos onde a N. Sra. de Nazaré vem em visita. E, no meio de tanta gente culta que a recebe, ninguém pensa no dano que estão fazendo ao Patrimônio Histórico?...ao menos.

Temos, também, as manifestações não somente politico-partidarias na frente da Assembleia Legislativa. Além dos falantes em alto volume, temos também musica e fogos bem barulhentos que conseguem até  derrubar os estuques do Museu do Estado -MEP, além de não dar sossego aos anciães que vivem no entorno.

IGNORAM, JUNTAMENTE COM OS OUTROS FREQUENTADORES DESSA ÁREA OS DANOS QUE, NÃO SOMENTE A POLUIÇÃO SONORA, CAUSAM AO NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E AS PESSOAS.

Um balanço desses danos, ninguem faz... nem dos pássaros e outros animais que se unem aos humanos que sofrem essa agressão sonora juntamente com os prédios tombados.

Tem razão Otto Lara Rezende quando diz: De tanto ver, a gente banaliza o olhar - vê... não vendo. ... o que acontece ao patrimônio durante o ano inteiro.


PS: A LEGISLAÇÃO COMPLETA A RESPEITO DA POLUIÇAO SONORA é:  no âmbito Federal: Art. 225. Da Constituição Federal, Lei n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, o Decreto n. 99.274/90, que regulamenta a Lei n. 6.938/81, a Resolução  do CONAMA n. 01, que estabelece critérios e padrões para emissão de ruídos em decorrências de quaisquer atividades industriais, Resolução n. 02, que instituição o Programa Nacional de Educação e Controle de Poluição Sonora-Silencio, e as Normas Técnicas de na. 10.151 E 10.152 da Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT

PS2 :- https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2017/09/as-mudancas-no-cirio.html


Dulce Rosa de Bacelar Rocque.