Cidade
Cidadã: o que é?
“Quando se fala de
um espaço cívico, a ideia é a de garantir
a cidadania. Uma cidade cidadã é diferente de uma cidade de negócios, ela
vai de encontro à ideia de uma cidade voltada ao mercado turístico, por exemplo.
É uma cidade em que o cidadão pode usar o espaço com o máximo de coletividade, de diversidade, sem exclusividade. Seria, assim, um espaço de todos.”
É uma cidade em que o cidadão pode usar o espaço com o máximo de coletividade, de diversidade, sem exclusividade. Seria, assim, um espaço de todos.”
Este é um
trecho de uma entrevista que Brenda Taketa
fez com o pesquisador Saint-Clair Trindade Jr, onde ele faz considerações sobre opiniões e conceitos
desenvolvidos pelo geógrafo Milton
Santos. O ponto fundamental era o problema do projeto de modificação do Ver-o-Peso.
Me chamou atenção a
frase: “Quando
se fala de um espaço cívico, a ideia é a de garantir a cidadania”. Parei
para pensar sobre isso, pois, andando
pela cidade vemos que isso raramente acontece.
Como garantir a cidadania? Garantir o que? O Serviço Sanitário, creches, estacionamentos, água, luz, saneamento básico, silencio, paradas de onibus dignas, etc., fazem parte do que nos deve ser garantido.... Além da segurança, temos necessidades menores que também servem para permitir um melhor modo de viver, ou sobreviver: é portanto uma somatoria de necessidades a serem levadas em consideração para garantir o bem viver da coletividade. Partindo desse principio, tentei entrar na cabeça, por exemplo, de quem autoriza atividades em áreas públicas, como as calçadas.
Como garantir a cidadania? Garantir o que? O Serviço Sanitário, creches, estacionamentos, água, luz, saneamento básico, silencio, paradas de onibus dignas, etc., fazem parte do que nos deve ser garantido.... Além da segurança, temos necessidades menores que também servem para permitir um melhor modo de viver, ou sobreviver: é portanto uma somatoria de necessidades a serem levadas em consideração para garantir o bem viver da coletividade. Partindo desse principio, tentei entrar na cabeça, por exemplo, de quem autoriza atividades em áreas públicas, como as calçadas.
O Código de Postura diz que a calçada é para pedestres, mas um decreto decidiu de transforma-la
em terrace para bares.... e ficou por isso mesmo, mesmo se tal determinação seria nula. Recentemente, porém, o MPE recomendou o uso correto das calçadas,
mas, ontem a noite, eram 20 horas e a
calçada da D. Bosco, aquela ruinha que leva a Pça do Carmo, estava totalmente
tomada por mesas e cadeiras (vazias, ainda bem). Se estivesse a pé, teria que, como os cavalos,
andar pelo meio da rua.
Cadê a Cidade Cidadã? Cadê os direitos reconhecidos no Código de Postura para um bem viver a cidade? E o direito ao uso das calçadas pelos pedestres? A desculpa da crise é potoca para ajudar amigos. Com a autorização ao bar na calçada, chega a poluição sonora...incontrolada pelos orgãos competentes.
Cadê a Cidade Cidadã? Cadê os direitos reconhecidos no Código de Postura para um bem viver a cidade? E o direito ao uso das calçadas pelos pedestres? A desculpa da crise é potoca para ajudar amigos. Com a autorização ao bar na calçada, chega a poluição sonora...incontrolada pelos orgãos competentes.
Exemplo barato, não é? Tem coisas mais graves para acusar
esses orgãos que esquecem de garantir à cidadania, ao menos, o espaço cívico previsto pelas leis para que se possa
falar de CIDADE CIDADÃ. Eles não pensam
na idade dos moradores. A Cidade Velha, por exemplo, não é povoada por jovens, mas, principalmente
por pessoas de idade, que nem sempre andam de carro; que costumam andar a pé por aquelas calçadas estreitas e desniveladas.
Quem pensa nisso ao autorizar a ocupação das calçadas, de modo irregular e desrespeitoso, inclusive? Somente o interesse de amigos é levado em consideração? E o direito do cidadão que usa andar a pés?
Quem pensa nisso ao autorizar a ocupação das calçadas, de modo irregular e desrespeitoso, inclusive? Somente o interesse de amigos é levado em consideração? E o direito do cidadão que usa andar a pés?
No meio tempo, vemos que a preocupação com o mercado turístico está servindo também de desculpa para aumentar esses erros crassos. A politica escolhida para incentivar tal mercado
não foi a defesa do nosso patrimônio histórico, as
nossas comidas típicas (*), ou, mais interessante ainda, a nossa riqueza ambiental:
rios e florestas. A preocupação dessa nova
classe media é encher as ruas e calçadas
de bares.... para quem? Será que para ter a cesso a futura Boulevard Paulo Martins vão
fazer um edital publico para a distribuição dessas áreas? Pensaram, por acaso,
no nosso calor que espanta qualquer um,
ou será que o nosso nível de consumo aumentou tanto para permitir a nós mesmos a
ocupação de todas essas áreas comuns de uso da cidadania que projetam ocupar com mesinhas de bar? Capitalismo mais selvagem e estupido do que esse, é impossivel. Mas não estamos atravessando uma crise?
As leis que falam de defesa
do nosso patrimônio, falam também de salvaguarda, preservação, proteção, recuperação e
nunca de modificação ou revitalização. Mas esses são detalhes que também são
ignorados, hoje, basta olhar a situação penosa do nosso patrimônio e o desperdicio de fundos do PAC da Cidades Historicas que não foram utilizados. E aqui poderiamos parar para falar do Ver-o-peso, mas vamos continuar escrevendo sobre coisas menores, como o uso abusivo das calçadas.
Sabemos que o turista
que opta em vir conhecer a Amazonia, não vem atrás das igrejas de Landi ou de outras
coisas europeias que nos orgulhamos de ter. Esse não é motivo, porém, para
ignorar a situação do nosso patrimônio. Sabemos que eles, os turistas, querem ver, principalmente,
“nosso mato”; essa imensidão de verde que vêem nos mapas. Importante
portanto são lugares como o Museu Emilio Goeldi (que este ano faz 150 anos), o Bosque Rodrigues Alves e o Mangal das
Garças.; passeios de barco entre nossos rios, e não ruas do Centro Histórico
cheios de barzinhos, barulhentos, ocupando a calçada (destinada ao cidadão) no entorno de prédios decadentes.
Que turista
quer apreciar isso???? Qual turista admira a poluição sonora que abunda em todos os bairros? Mesmo não morando aqui, eles notam quanto estamos distantes de ser uma CIDADE CIDADÃ, e vão embora, como um jornalista frances, dizendo: Belém é uma joia dada aos porcos.....e como me doeu ouvir isso.
(*) Por comida tipica queremos lembrar o nosso modo tradicional de comer, ou seja: tacacá servido em copo de plastico sem goma e com garfo, não é coisa nossa.... Açai com granola, morango e afins, também não é coisa daqui. Etc., etc., etc. E chamar gente de fora para ensinar nosso caboclo a usar nossa materia prima alimentar é até ridiculo.
(*) Por comida tipica queremos lembrar o nosso modo tradicional de comer, ou seja: tacacá servido em copo de plastico sem goma e com garfo, não é coisa nossa.... Açai com granola, morango e afins, também não é coisa daqui. Etc., etc., etc. E chamar gente de fora para ensinar nosso caboclo a usar nossa materia prima alimentar é até ridiculo.