terça-feira, 25 de abril de 2023

CONFORTO ACÚSTICO EM EDIFICIOS

 Mais uma vez publicamos algo escrito pelo amigo Antonio Carlos Lobo Soares*, por nos ajudar a entender os "problemas acústicos". Nós queremos que a eliminação da poluição se transforme num desejo social, seja a sonora que a ambiental, desde os apartamentos... inclusive.

"CONFORTO ACÚSTICO EM EDIFÍCIOS

Instigado pelo artigo do amigo arquiteto Alcione Oliveira, disponível em https://www.alcionedeoliveira.com.br/blog, que trata dos saltos tecnológicos de nossas construções e do conceito de morar bem, com mais conforto, gostaria de acrescentar o componente acústico nesta equação, uma vez que, na busca pelo conforto em nossas construções, a audição é hoje o sentido da vez.

O conforto acústico, visto como uma sensação auditiva de bem estar que facilita o desenvolvimento de uma determinada atividade, vem evoluindo ano após ano. No estágio atual, é mais presente nos ambientes corporativos e comerciais e, lentamente, vai alcançando o espaço residencial.

Os efeitos da norma brasileira NBR 15.575, que trata do desempenho de edificações habitacionais e apresenta características indispensáveis de uma obra para o consumidor, como o conforto acústico, ainda não foram sentidos, pois as construções pós NBR de 2018 só agora estão sendo entregues aos proprietários. 

Esta NBR, ao contribuir para a melhoria do isolamento sonoro aéreo e de percussão entre cômodos e apartamentos, deixa no passado os conflitos entre vizinhos, mas não só isso, acrescenta o conforto ambiental acústico nas construções através de novas tecnologias presentes em materiais que vieram para ficar.

Neste contexto, destaco: as mantas de fixação entre laje e revestimento de piso, que eliminam os sons dos sapatos altos e do arranhar das unhas do pet do vizinho de cima; as janelas e portas acústicas, com vidros duplos selados a vácuo, que deixam do lado de fora o elevado ruído de tráfego que impera nas cidades brasileiras e; uma gama de materiais de revestimento de forros e paredes que absorvem as diferentes frequências sonoras, melhorando a nossa experiência sensorial acústica.

As paredes duplas de gesso acartonado, com mantas acústicas no interior, além de tornarem as estruturas dos edifícios mais leves e reduzirem os seus custos, oferecem performances de isolamento e conforto acústico dos ambientes que se aproximam do ideal. O momento atual, ademais, amplia o conceito de viver bem, nos aspectos estéticos e sustentáveis, através da tecnologia presente nos materiais acústicos. Para além das funcionalidades descritas acima, aspectos da estética, sustentabilidade e resistência dos materiais contra o fogo estão na crista da onda.

No mercado brasileiro hoje, embora ainda concentradas nos eixos sul e sudeste, há fábricas de materiais acústicos reciclando garrafas pet e madeira compensada, transformando-as, respectivamente, em lãs, que se somam às tradicionais lãs de vidro e de rocha, e em painéis de alto desempenho acústico, com belas, diferentes e inovadoras texturas, todos com garantias estendidas de fábrica.

Em termos estéticos, os materiais podem ser produzidos em dimensões e cores variadas, obedecendo aos projetos arquitetônicos, à natureza do espaço e, evidentemente, ao gosto do cliente. A incorporação do design e obras de artes plásticas na concepção de materiais acústicos também evoluiu bastante, a ponto de hoje ser possível reproduzir um quadro do seu artista favorito em material acústico e, com isso, aumentar tanto o conforto estético quanto o acústico do ambiente.

Aos poucos os ambientes ruidosos e desconfortáveis em bares, restaurantes, escritórios, consultórios e residências transformam-se em ambientes acusticamente confortáveis que, ao valorizarem a inteligibilidade da fala e as notas musicais, estimulam e prolongam o prazer de seus utilizadores em permanecer em seu interior. No mercado de residências de luxo, por exemplo, o condicionamento acústico tem se concentrado nas salas de vídeo/cinema, passando pelos dormitórios, onde se espera não mais do que 35 a 45 decibéis, para um sono de qualidade.

Em suma, a busca de conforto acústico deixará de ser apenas uma necessidade de saúde para se transformar em um desejo social, que todo ser humano consciente tende a valorizar e buscar em seu dia a dia.  


* Arquiteto PhD, Museólogo, Artista Plástico e Especialista em Acústica pela Universidade de Lisboa.

sábado, 15 de abril de 2023

SEMINÁRIO: Belém Paisagem Cultural

 

ONTEM, dia 14 de abril, teve inicio o “Seminário Belém Paisagem Cultural: Estratégias para uma cidade verde, inclusiva e sustentável”.

O evento é uma realização do Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação (LACORE) da Universidade Federal do Pará (UFPA) com o patrocínio e apoio executivo da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (SECULT/PA). Tivemos também o apoio institucional  da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Pará (IPHAN/PA), da Fundação Cultural de Belém (Fumbel) e do SEBRAE. 

Foram convidadas diversas representações de instituições públicas federais, estaduais e municipais, além de associações, empresas públicas e privadas, universidades e diversos outros segmentos e atores sociais.

Muitos dos convidados não se fizeram presentes, mas os que compareceram, fizeram a diferença.

O objetivo do seminario era  realizar o encontro em caráter preliminar visando pactuar estratégias para a reabilitação do CHB. 

De forma estratégica, o seminário visa promover e articular um amplo compromisso de política pública participativa ao considerar que a cidade de Belém é candidata a sediar a COP 30 em 2025 e busca um novo modelo de desenvolvimento das cidades na Amazônia comprometido com a agenda verde, uma cidade inteligente, inclusiva e sustentável no universo temporal até 2050.”


Para ajudar a qualificar a discussão foram convidados técnicos e especialistas que trabalham com planejamento em projetos estratégicos incluindo focos específicos.

A metodologia escolhida  foi ter um público amplo, representativo e qualificado para esse momento. 











Foram  constituídos grupos de trabalho por eixos temáticos que, hoje, dia15 a tarde, concluiram os trabalhos com o resultado dos GTs.


Os organizadores, satisfeitos com o resultado, agradecem, não somente os que compareceram, mas a todos aqueles que ajudaram a realizar, com  sucesso este Seminário.


domingo, 2 de abril de 2023

VERDADE E MEMÓRIA DO PARÁ

 

No dia 31 de março de 2023, na sede da Assembleia Legislativa do Pará,  foi dado a cidadania o direito de saber algo bem concreto sobre o que foi a ditadura aqui no nosso estado. 














Trata-se do trabalho da Comissão Estadual da VERDADE E MEMÓRIA DO PARÁ – Relatório Paulo Fonteles Filho, dedicado a memoria do Dr. Egidio Sales.  Os organizadores foram: Angelina Anjos. Ismael Machado, Marcelo Zelic, Marco Polo e Carlos Bordalo.

São três tomos com cerca de 1470 páginas cheias de informações chocantes, muitas vezes. Presentes ao lançamento de tal estudo, muitas autoridades e público variado.

Fui convidada a falar a respeito daquele período em nome de exilados e outros brasileiros que ficaram aqui sofrendo e optei por falar, principalmente, do que se fazia no exterior para denunciar a ditadura, nos anos 70. Depois de um preambulo sobre a minha experiência fora de Belém, cheguei ao argumento: o  que os outros faziam para ajudar o Brasil.


“... A parte Portugal e Espanha que ainda estavam sob ditadura, países como França, Alemanha (as 2), Dinamarca etc, publicavam denúncias a respeito do que acontecia por aqui. Nada porém com muita frequência e isso era um problema para fazer o jornalzinho que tinha iniciado a ciclostilar para distribuir entre amigos.  Até q começamos a ouvir falar do Tribunal Russel nascido nos anos 60 para denunciar os crimes e abusos americanos no Vietnam.

 Bertrand Russel, anos antes, reuniu em Londres 15 personalidades da cultura, universalmente  conhecidos como homens livres de compromisso com qualquer forma de poder e com eles constituiu o primeiro Tribunal.  Ele era o presidente Honorario; o efetivo era Jean Paul Sartre; o presidente das reuniões era  Vladimir Dedijer e o relator final Lelio Basso.  Todos famosos e respeitados em seus países. Fizeram duas reuniões uma em Estocolmo outra em Roskild (Dinamarca) para através de relatores e  testemunhos, julgarem os delitos americanos no Vietnam. Tudo com provas.  (De Gaule não permitiu a entrada na França  das testemunhas pois declarou que aquela ação somente os estados podiam fazer...e não aos membros daquele Tribunal.)

 Dia 1/12/67 saiu a comprovação dos delitos americanos e a declaração final de que através da sua obra o Tribunal demonstrou a necessidade de mais consciência humana...e examinaria, qualquer outro problema relativos a crimes internacionais... O tribunal, mesmo não tendo uma validade jurídica, atuou come um tribunal de consciência popular contra o crime do silencio.

No meio tempo no Brasil as coisas pioravam  e o AI5 produzia seus efeitos. Em outubro de 1971 alguns refugiados brasileiros  no Chile de Allende reunidos no Comitê unitario de denuncia da repressão no Brasil  (CDRB) apresentaram a Lelio Basso um pedido que fizesse algo para abrir os olhos do mundo sobre a situação do que estava acontecendo no Brasil, de modo que sob pressão da opinião pública as autoridade brasileiras fossem obrigadas a tomar alguma providência... aquele silencio era demais.

O pedido foi levado a Fundação Russel, mesmo se seu fundador já tinha morrido. Paralelamente, é feito pelos exilados brasileiros nos Estados  Unidos a Dedjer  o mesmo pedido.  Sartre é convidado a participar do Tribunal Russel II para o Brasil. O comitê do Tribunal se reune em Santiago em agosto de 73... POUCOS DIAS DEPOIS acontece o golpe no Chile, matam Allende e ninguem sabia onde foram parar os membros do tribunal ali reunidos. O golpe chileno coincidiu com os últimos preparativos para a constituição oficial em Bruxelas do Tribunal sobre o Brasil.

Um grupo de intelectuais latino-americanos reunidos na Colombia no Comite de defesa do prisioneiros do continente, mandaram um apelo ao tribunal, que, juntamente com todos os comitês de apoio na Italia e fora dela,  pediam a  inclusão do Chile...

Os membros do juri reunidos em Bruxelas, decidiram dia 6 de novembro 1973, que  a crueldade e a violência do golpe chileno merecia o  alargamento de sua dimensão. Além do Brasil, Chile e America Latina fariam parte dos estudos. Estes s membros do Juri.

Contei isso para demonstrar a importância da solidariedade que tivemos a partir daquela ocasião. Não somente que o mundo tentava ajudar o Brasil e outros países, defendendo os direitos Humanos com denúncias documentadas, mas o quanto essa ação foi importante na formação de uma consciência.

Recolher dados e documentos e qualquer tipo de informação (escondida) que demonstrem  a realidade de fatos concretos, nocivos ao cidadão, de  violação de direitos e torna-los público  é um modo civil e necessário para salvar nossa memória histórica, criando uma consciência a respeito.

Esta documentação recolhida em Belém, deve servir a isso: SALVAGUARDAR A MEMÓRIA POPULAR SOBRE ESSE PERIODO TRISTE DA NOSSA HSTÓRIA FORMANDO UMA CONSCIENCIA. Os remanescentes daquele período poderiam ser usados nas escolas no período como este, de “aniversario” explicando as crianças e adolescentes o que pode ser uma ditadura...

                                                   PARA NUNCA MAIS.

Que tal aproveitar essa publicação para ativar o  tribunal de consciência popular contra o crime do silencio ... em todas as direções e sentidos.