domingo, 28 de fevereiro de 2021

PROPOSTAS DA CIVVIVA PARA A ÁREA TOMBADA DA CIDADE VELHA


PREMISSA

No atual processo de revisão do Plano Diretor de Belém e demais normativos da legislação urbanística é oportuno e extremamente necessária a definição objetiva  da faixa de orla de Belém a ser salvaguardada, incluindo  à regulação dos usos e atividades a serem permitidos, e as proibições, em todas as orlas continentais e insulares do município de Belém.

 Julgamos que seja premente a composição de grupos de trabalho com representantes da CODEM, SEURB, FUMBEL, SEMOB, SESAN, SEMMA, BELEMTUR, Conselho de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Município, Conselho de Patrimônio Cultural, incluindo: CAU, CREA, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidades, SINDUSCON-PA, FECOMÉRCIO-PA, além dos legítimos representantes da sociedade civil organizada.

A formação destes grupos  atenderia, inclusive, o que preconiza a Lei Orgânica do Município de Belém, que no seu art. 108-II, determina estimulo à participação da comunidade através de suas organizações representativas".                                                           

PROPOSTAS DA CIVVIVA PARA A ÁREA TOMBADA DA CIDADE VELHA   

Especificamente quanto a área tombada, sugerimos a CODEM dar especial atenção aos seguintes elementos, face a sua relevância:

1 - Vedar a instalação de quaisquer empreendimentos, usos, atividades e eventos que gerem impactos danosos às edificações e à infraestrutura urbana, e perturbação do sossego público;                             

2 - Estrito respeito aos limites de ruídos e de vibrações permitidos, de acordo com a legislação federal e às normas da ABNT, para centros históricos urbanos;                                               

3 - Recuperar, manter, e respeitar a harmonia estilística da paisagem urbana predominante;

 4 - Manter gabarito máximo de até 7m, incluindo caixa de água ou qualquer outra estrutura acima da cobertura;                                                           

5 -  Vedar quaisquer desmembramentos e remembramentos de lotes;                                                              

6 - Promover as intervenções urbanas necessárias que contribuam para a consecução do convívio social harmônico e a melhoria da qualidade de vida da população em geral;

7 - Incluir a elaboração e implementação de um programa regular de manutenções preventivas e corretivas de toda a infraestrutura e equipamentos urbanos. Que o atendimento a esse tema tenha regular periodicidade;

8 - As supostas ações educativas mencionadas pelas gestões anteriores em suas propagandas institucionais, que nada mais são do que ações pontuais e esporádicas, se mostraram inúteis, porquanto, não provocaram mudanças expressivas no comportamento da maioria população. Sugerimos a elaboração e implementação de um programa permanente e massivo de educação patrimonial, ambiental e do transito, como previsto nas  leis em vigor.

 9- Para que em todos os eventos e atividades sejam obedecidas todas as leis pertinentes ao resguardo, proteção e salvaguarda do patrimônio cultural, artístico, e histórico, inclusive relativas à poluição sonora, seria oportuno que a PMB estabelecesse articulações permanentes com: a UFPA, a Arquidiocese de Belém, os representantes das congregações religiosas que  praticam cultos e eventos com a reproducão de sons oriundos de qualquer fonte (instrumentos musicais, vozes, etc.), os responsáveis pelos blocos de carnaval e pré-carnaval, os produtores de eventos, os proprietários de empresas de propaganda sonora em veículos automotores, os proprietários de estabelecimentos de diversões noturnas, os representantes de empresas que fazem carga e descarga de mercadorias, os comerciantes locais, os praticantes de esqueite e patins.

Seria ainda conveniente especificar na legislação urbanística, o limite máximo de clientes permitido para cada estabelecimento de diversões noturnas localizado na parte tombada da Cidade Velha, a fim de evitar impactos negativos de trânsito excessivo de veículos automotores. Não há alí estrutura adequada para suportar esses usos.

A aprovação da instalação de novos estabelecimentos de diversões noturnas, e a renovação de autorização para estabelecimentos já existentes na área tombada, seria condicionada à comprovação da disponibilidade de, pelo menos 80% de vagas para estacionamento em lotes situados a uma distância máxima de 200m do local. Esses lotes usados para estacionamento teriam que preservar ou reconstituir a volumetria da edificação.

10 - Seria oportuno, também, estudar a possibilidade da PMB construir um terminal hidroviário nos moldes daquele existente na Praça Princesa Izabel, devidamente adaptado para a orla da Cidade Velha. Esse terminal que poderia ser o novo Porto do Sal, e absorveria as operações de embarque e desembarque de passageiros, e de carga e descarga de parte das mercadorias, dos atuais portos particulares da Cidade Velha.

Os atuais portos particulares existentes na orla da Cidade Velha, caso não sejam desativados, deveriam ser objeto de imediato controle e avaliação de modo que seja garantido o permanente funcionamento em estrita obediência as normas em vigor. A Agencia Federal responsável pela regulação do transporte aquaviário fiscalizaria periodicamente o respeito de referidas normas;

11 - Relativamente aos horários de entrada e circulação de veículos de carga e descarga na área tombada da Cidade Velha em virtude de suas especificidades e vulnerabilidades, caberia a adoção de um regramento específico, diferenciado do resto da cidade. Seria oportuna uma revisão do Decreto Municipal nº 66.368 de 31.03.2011, e de outras leis pertinentes. Há muito tornou-se necessária, e agora parece ser inadiável a supressão do trânsito de veículos pesados em toda a área tombada, tais como ônibus, caminhões, carretas, trios elétricos. Exceção feita a veículos de moradores, trabalhadores na área, que fariam parte de uma cadastro da SEMOB; e daqueles de utilidade pública, quais: PM, GMB, ambulância, bombeiros, etc. 

Desse modo, as atividades de cargas e descargas de mercadorias seriam atendidas em horários específicos, através do transporte aquaviário, com o uso de terminal hidroviário mencionado no ítem 10; e do transporte terrestre, com o uso exclusivo de Veículos Urbanos de Cargas (VUC), tipo furgão ou caminhonete com peso máximo de 3t (veículo e carga), ou outros veículos abaixo do limite previsto em lei.

12 - O transporte de moradores, trabalhadores, e turistas seria através de veículos automotores tipo VAN, com capacidade máxima de vinte passageiros. Para o estacionamento dos veículos condutores de turistas poderiam ser utilizados lotes situados às proximidades da Praça Frei Caetano Brandão, devidamente adaptados para tal, e garantida a preservação da volumetria da edificação. Atualmente já existem alguns estacionamentos em vias próximas, porém, funcionando de forma precária e irregular.

A PMB poderia considerar também a reprodução do bonde atualmente desativado e estacionado na Garagem Gumercindo Rodrigues, que seria usado para transporte de passageiros na Cidade Velha.  É o caso de lembrar que no passado existiu a linha Bagé, que interligava a Praça do Relógio com a Praça do Arsenal. Hoje, com veículos de menor porte, tipo VAN com capacidade máxima de vinte passageiros poderia substituir o trânsito de ônibus convencionais em ora uso na área tombada.

Tal linha Bagé, sairia de um ponto da Praça D. Pedro II, pela Rua Padre Champagnat, converteria à direita na Av. Portugal, e novamente à direita passando em frente do Palácio Antonio Lemos, contornaria a Praça D. Pedro II, converteria a esquerda em direção da Praça Frei D. Caetano Brandão, e novamente à esquerda para a Rua Dr. Assis, prosseguindo até a Praça do Arsenal, de onde alcançaria a Rua Dr. Malcher, e prosseguiria até o ponto de saída original na Rua Padre Champagnat. Na av. Alm. Tamandaré, os ônibus convencionais suprimidos da área tombada, seguiriam até a Pça do Arsenal, onde fariam o retorno pela mesma av. Alm. Tamandaré até a av. 16 de Novembro, de onde retomariam seu trajeto.

Os moradores e trabalhadores da Cidade Velha (área tombada) comporiam um cadastro na SEMOB, que os isentaria do pagamento da tarifa pelo uso desses transportes especiais que circulariam apenas na parte tombada do bairro. Em determinados pontos no entorno da Cidade Velha, haveria a conexão entre os veículos menores especiais e os demais veículos de transporte de passageiros do sistema convencional de Belém. Preferencialmente todos os veículos automotores seriam movidos à energia limpa e sustentável.  

13 - Seria oportuno, também, proibir a fabricação de todos os tipos de fogos de artifício na área tombada da Cidade Velha. O desestímulo de queima de fogos é algo a ser estudado, considerado os riscos e problemas que causam ao patrimônio histórico e ambiental, além das agressões a saúde dos seres humanos e animais. Há várias alternativas de usos da tecnologia para espetáculos visuais noturnos em áreas livres, que poderiam substituir os belos, mas, perigosos e inconvenientes espetáculos pirotécnicos.

14 - A presente situação torna necessária a regulamentação da presença e das ações de agentes da Guarda Municipal de Belém nas praças e demais logradouros da Cidade Velha. Caberia reavaliar sua finalidade precípua relativamente a segurança dos bens públicos municipais. Esses servidores teriam que ser melhor treinados para reprimir efetivamente todos os atos e ações ilícitas ao patrimônio público.

No que tange a presença permanente da Guarda Municipal em determinadas praças, seria oportuna a negociação com entidades presentes no entorno das mesmas, dispostas a ceder uma pequena área para instalação de um posto de apoio, para a comodidade e conforto dos agentes, levando em consideração a necessidade de mantê-lo em perfeitas condições de uso.

15 - As características estilísticas da área tombada parecem tornar necessária e premente a substituição das fiações aéreas por aquelas subterrâneas, bem como, a reconstituição da pavimentação das vias em paralelepípedos, e das calçadas em pedra de liós, o que contribuiria para uma agradável harmonia na paisagem urbana local, além de salvar nossa memória.

16 - Para usufruto coletivo da população com atividades de lazer, esportivas, culturais, e de contemplação, a PMB poderia considerar a necessidade de desobstruir a orla localizada entre a área do Feliz Lusitânia e o Parque Mangal das Garças. Na área de ocupação subnormal conhecida como Beco do Carmo, seria necessária uma intervenção no respeito da legislação urbanística, com uma reurbanização e, possivelmente, a regularização fundiária.

Verificar a possibilidade de apurar a situação tributária e de titularidade do terreno que abriga o que restou do Palacete Camelier (Lei Federal nº 10.406, de 10.01.2002, art. 1.276; e Lei Federal 10.257, de 10.07.2001, art. 8º), que poderia ser objeto de desapropriação, para a implantação de uma obra de restauro da edificação ora semi-arruinada, e de uma infraestrutura paisagística no terreno do entorno, que seria mais uma faixa de orla para convívio coletivo da população. 

A PMB poderia promover um concurso a nível nacional para a seleção de um projeto arquitetônico/urbanístico/paisagístico que abranja toda a área objeto dessas intervenções ora propostas.

17 - A implementação das propostas que sejam aprovadas, necessitam também, de expressivos recursos (financeiros e outros) e de apoio externo, que, além dos recursos próprios da PMB, podem ser pleiteados a diversas entidades de fomento (inclusive internacionais), através da apresentação de projetos bem elaborados.

Veja a seguir, uma lista de agências de fomento para as quais poderiam ser pleiteados recursos:

  - DFID – Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido - http://www.dfid.gov.uk/

  - JICA – Agência de Cooperação Internacional do Japão - http://www.jica.go.jp

 - PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - http://www.undp.org

 - PNUMA – Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente - http://www.unep.org

 - UE – União Européia - https://europa.eu/european-union/index_pt

  - USAID – Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional - http://www.usaid.gov/

  -  Banyan Tree Global Foundation - https://www.banyantreeglobalfoundation.com/

 

Belém (PA), 28.02.2021

Pedro Paulo dos Santos

Arquiteto, Urbanista, e Turismólogo. 


Dulce Rosa de Bacelar  Rocque

Economista

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A QUEM RECORRER...

Vimos com a presente, tornar pública mais uma vez, a situação em que se encontra a área tombada da Cidade Velha.

Recentemente, ou seja, em 26 de novembro passado, foi aberta ao público a Praça do Carmo, após nove meses de “requalificação”. Pouco antes tinha sido aberta a praça do Relógio, sempre após obras de “requalificação”. Na placa colocada pela PMB em fevereiro de 2020 na praça do Carmo, foi informado o valor da tal requalificação: R$1.364.588,43. É nessa cifra que se baseia o nosso estupor com os resultados. 

 Aqui seguem notícias e detalhes a respeito do que foi feito em ambas essas praças:
 - https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2021/01/praca-do-carmo-teve-sua-requalificacao.html 
- https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2020/10/cade-os-bancos-da-praca-do-relogio.html 

Ainda nem completaram três meses que a Praça do Carmo foi aberta ao público e, cerca de vinte lâmpadas já desaparecem, mais algumas queimaram, e outras ficam acesas o dia inteiro (desperdício). Os balizadores instalados para impedir o estacionamento irregular sobre as calçadas, já começaram a ser danificados ou desaparecer. 

 A vigilância de responsabilidade do poder público tem sido, no mínimo, escassa, esporádica, e superficial. Frequentemente, o anfiteatro e os gramados da praça são usados para prática de futebol, sendo todos os jogadores sem máscara, assim como o público que os segue. Essas práticas, tem ocorrido na presença de agentes da Polícia Militar do Pará e da Guarda Municipal de Belém, sem que esses agentes públicos adotem qualquer providência para reprimir os atos inadequados para aquele logradouro. 

As práticas dos eskatistas e patinadores, também, já deixaram danos visíveis nas escadarias do anfiteatro e nas alvenarias que contornam os canteiros. A respeito desses estragos e do desaparecimento dos balizadores, sabemos que o IPHAN já pediu providências à PMB e à FUMBEL. Aguardamos ansiosos para saber das respostas, o que até agora não aconteceu. 

Não bastando tanta superficialidade, persiste o trânsito de carretas muito grandes e pesadas, com dezenas de pneus, o que deveria ser terminantemente proibido em área tombada, porquanto, provoca danos no casario histórico. Essa situação é facilitada pela existência de uma placa colocada na trav. D. Bosco que não especifica o tamanho e o peso permitido aos veículos automotores que são usados para carga e descarga de mercadorias nos estabelecimentos da Cidade Velha, e depois de passar pelas vias de acesso, ficam estacionados na travessa em questão. 

Cabe lembrar que também não existe nenhuma sinalização avisando da “entrada em área tombada”. Portanto, todos se sentem no direito de transitar com tipos de veículos automotores que deveriam ser proibidos em qualquer centro habitado, mais ainda em uma área tombada. Há também problemas relativamente a poluição sonora: não somente a insistência dos carnavalescos em usar trios elétricos na área tombada, com emissão de decibéis acima dos limites estabelecidos nas normas em vigor (ABNT- NBR 10. 152). 

Vemos o mesmo acontecer com o desfile do Auto do Círio, sempre superando cem decibéis, em vez dos 50/55 previstos, e pior do que os carnavalescos, ainda param, para fazer suas apresentações artística, em frente a cinco prédios históricos tombados, com altíssimas vibrações sonoras. 

Devemos acrescentar as manifestações reivindicatórias em frente ao prédio da ALEPA, onde é corriqueiro o uso de trios elétricos bastante ruidosos, que já chegaram a provocar danos ao prédio tombado do Palácio Lauro Sodré (onde funciona o Museu do Estado do Pará, e seu rico acervo ameaçado), em diversas ocasiões, provocando queda de quadros e de estuques, entre os mais visíveis. 

Com certeza, o prédio do Instituto Histórico e Geografico do Pará e o Palácio Antonio Lemos, ocupado pela Prefeitura Municipal de Belém, na mesma região, também tem sido atingidos e ameaçados por essas agressões verificadas nos eventos mencionados, como o Auto do Círio. 

Como se não bastasse tantas ameaças ao nosso patrimônio cultural, histórico, artístico, ainda há uma outra prática surgida mais recentemente, que são as queimas de fogos de artifício, à porta das igrejas, durante a saída de noivos após as cerimônias religiosas. Antes da pandemia, aconteciam em média dois casamentos por dia aos fins-de-semana, em cada igreja da Praça da Sé. E existem outras duas igrejas na área tombada da Cidade Velha, além das existentes na Campina para entrar nessa conta. 

 Ao serem questionados, os responsáveis pelas igrejas, afirmam que  essa queima de fogos de artifício está fora da sua área de competência, pois acontecem no lado de fora das igrejas. Tal foguetorio não dura menos de quinze minutos, e acontece em geral, cerca de 23h, o que também perturba o sossego dos moradores da vizinhança. 

 Ainda sobre fogos de artificio, barulhentos e perigosos, devemos lembrar das festas religiosas. Além da Festa do Círio, com todas as suas procissões aos vários órgãos públicos situados na área tombada, acompanhados por foguetório, há também: a quinzena da quadra junina, e da Festa de Santa Maria, a Padroeira, na Igreja Catedral da Sé, na Praça Frei Caetano Brandão, além da festa da Igreja do Carmo, todas na Cidade Velha; e a festa da Igreja da Trindade, no vizinho bairro da Campina. 

Tivemos conhecimento de que há uma fábrica de fogos não barulhentos na cidade da Vigia. O que leva a essa poluição sonora, então? No caso de eventos noturnos, já há tecnologia disponível no mercado para belos espetáculos visuais ao ar livre, que não agridem o meio ambiente, nem o patrimônio natural ou material. O barulho faz parte da homenagem aos santos, ou os responsáveis por esses eventos não se importam com o fato de que todos somos co-responsáveis pela salvaguarda do nosso patrimônio?

Lembremos que o nível sonoro limite durante o dia, definido por Resolução Federal, é de 55dB. O motor dos ônibus e das carretas e o escapamento das motocicletas são os vilões da degradação do ambiente sonoro das cidades brasileiras. Portanto, "silenciar" estas fontes de ruído deveria ser uma das prioridades na defesa do nosso patrimônio. A maior parte dos danos em questão, não são somente nos prédios públicos, mas também naqueles de propriedade privada. 

A trepidação causada pelo trânsito de veículos automotores muito pesados, como carretas, ônibus, caminhões e a poluição sonora, atinge também os moradores que não tem condições financeiras de arcar com as despesas de reparos aos danos sofridos em seus imóveis. É muito injusta essa situação de ter que usar recursos próprios para obras de consertos de danos causados por terceiros. Se apurarmos o número de dias “barulhentos” durante todo o ano, chegamos a cerca de 300 dias de problemas de agressão ao patrimônio público e privado. 

Devemos salientar que não são somente "arranhões", são danos bem maiores e que deveriam ser evitados, com um pouco mais de atenção e ação da parte dos órgãos competentes. Os bens públicos localizados em áreas tombadas dispõem de programas governamentais que preveem recursos financeiros para obras de restauro. O tombamento da Cidade Velha e Campina, porém, não previu apoio financeiro para a manutenção dos imóveis particulares da área tombada. 

Util seria conscientizar os órgãos públicos da necessidade de respeitar as leis em vigor, as quais, muitas vezes estabelecem providências que ajudam a defender/proteger/salvaguardar essa área tombada, mas não as vemos serem aplicadas. Tanto a Policia Militar do Pará, como a Guarda Municipal de Belém, devem ser sensibilizadas nesse sentido, também. 

Diante dessa circunstância, a quem devemos recorrer para defender, salvaguardar e proteger os bens que ainda restam nas áreas tombadas, sejam eles públicos ou particulares?

 Belém (PA), 17 de fevereiro de 2021

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

AGRADECIMENTO

 

Bom dia, amigos da Civviva.
Apesar do momento difícil que estamos passando, hoje é um dia excepcionalmente feliz para nós, deste coletivo de humanos que é a CIVVIVA.

Apesar de termos perdido a Anete, de uma grave doença poucos dias atrás, tivemos noticias hoje, que outras pessoas da CIVVIVA, que, também estavam em situação bem grave, agora, em vez, nos acabaram de dar noticias... BOAS NOTICIAS.

Desde o momento em que tomamos conhecimento da gravidade desses amig@s, em uníssono os associados disseram: vamos rezar por el@s. Regularmente se interessavam em saber o andamento da saúde deles...e hoje podemos respirar e dormir mais tranquilos: tem uma luz no fim do tunel.

Além da ciência, cremos no valor dessas orações. Ver essa coalisão de boa fé, de boa vontade, de atenção em relação ao próximo dar resultados, nos enche de alegria e reconhecimento porque, dela emana amor e o amor, sem dúvida é um dos fatores decisivo para uma cura.

Em nome dos nossos “doentes” agradeço aqueles que dedicaram um pouco do seu tempo para mandar energias positivas para quem precisava... continuem rezando, porém, para reforçar a cura.

A Presidenta


domingo, 7 de fevereiro de 2021

Como melhorar o Ambiente Sonoro de Belém?

 Oportuna leitura para os novos administradores da cidade.  

Sabemos que na Cidade Velha, as normas em vigor estabelem de 50 a 55 decibeis: por que permitem valores acima desses?


Na área tombada temos prédios que sofrem até com 50 decibeis por que permitem que  orgãos, que deveriam educar a cidadania, se permitam superar até os 100 decibeis? O mesmo diga-se dos foguetes usados em frente a igrejas, seja por quem organiza casamentos, seja pelas festas religiosas. 



Sabemos que ja existem no Estado do Pará fábrica de fogos que não fazem barulho: por que ignorar  isso?


O amigo Antonio Carlos  nos ajuda, citando outras fontes de barulho,  a pensar melhor em
... Como melhorar o Ambiente Sonoro de Belém? 

Antonio Carlos Lobo Soares*

A resposta a esta pergunta é simples e direta: unindo os esforços de toda a sociedade belenense para reduzir os efeitos das principais fontes de ruído e conflito urbano, como o tráfego, a construção civil, os bares, boates, restaurantes, templos religiosos e os animais domésticos, bem como os eventos a céu aberto, onde não há qualquer controle do nível sonoro musical. Como fazer isso, no entanto, é o desafio! 

A ciência mostra que o motor dos ônibus e o escapamento das motocicletas são os vilões da degradação do ambiente sonoro das cidades brasileiras. O primeiro, pela engenharia superada, e o segundo, pela mentalidade dos pilotos, ambos sinais de país “em desenvolvimento”, onde indústria e legislação crescem a passos lentos. Portanto, "silenciar" estas fontes de ruído deveria ser a prioridade.

A cidade agradável do ponto de vista sonoro e com mais qualidade de vida é aquela que produz menos sons mecânicos e industriais e valoriza os sons naturais (aves canoras e água em movimento) e humanos, onde quer que se encontrem. 

Uma motocicleta de baixa cilindrada com escapamento livre, destas que fazem entregas pela cidade, chega a atingir o nível de 100dB, enquanto o motor de um ônibus velho, como alguns que circulam em Belém, 75dB. Lembremos que o nível sonoro limite durante o dia, definido por Resolução Federal, é de 55dB.

Um bom começo seria aplicar e fiscalizar o cumprimento das Leis federais, estaduais e municipais que já são suficientes para garantir o que diz a constituição em relação à qualidade de vida no ambiente urbano. Para isso, é fundamental instrumentalizar os órgãos de fiscalização ambiental. Não é concebível que em Belém, com seus 1,6 milhões de habitantes, só haja um sonômetro e uma viatura para fiscalizar a produção de ruído em seus oito distritos administrativos. 

Em paralelo, seria necessário sensibilizar crianças e adolescentes nas escolas sobre a importância de um ambiente sonoro de qualidade para o desenvolvimento de cidadãos saudáveis, com boa imunidade e resistência para enfrentar os desafios que a vida na cidade impõe. Para isso, identificar as áreas tranquilas que a cidade possui para conservá-las e reproduzi-las é outro passo importante.         

Nesse contexto, destacam-se os Parques e as Praças Públicas, em especial os que possuem vegetação e espaços infantis em sua composição. Em alguns minutos eles nos abstraem do ambiente urbano carregado de ruído desagradável para em seguida nos imergir em um espaço natural e humano, onde recarregar as energias, fazer amigos e celebrar a vida, com saúde, custa menos que o preço de uma vacina.

* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,

Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.

06-02-2021

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

MUDANDO DE ARGUMENTO...

 

Não vamos reclamar, hoje, da situação do nosso patrimônio construido, nem da ausência de fiscalização/vigilância nas praças tombadas de Belém, todas cheias de "arranhões"... A língua escrita e falada, também é um dos nossos patrimônios e dela vamos falar.

A nossa língua mãe, aquela falada em  Portugal tem, porém, algumas diferenças com aquela falada no Brasil. Não tenho a menor ideia de como e por que isso acabou acontecendo... quem  sabe se perderam nas ondas do Atlântico ao atravessarem para vir para cá... so que não pararam por ai.

De fato, sei que  em meados de 1943 teve uma proposta do  Brasil aos outros paises de lingua portuguesa, para que se fizessem algumas modificações. Por exemplo, cancelarem as letras duplas em algumas palavras...e colocarem acentos em outras. 

A proposta não foi aceita, mas o Brasil modificou e tirou, por exemplo, muitas letras duplas, e pôs acentos em muitas outras. A nossa amiga jornalista paraense Anete Costa Ferreira, falecida ha poucos dias em Lisboa onde vivia ha mais de trinta anos, dizia que seus livros escritos em portugues do Brasil tinham que ser traduzidos, la em Portugal.

Hoje, porém, o que vemos acontecer são casos de desconhecimento do que as palavras querem dizer. Temos um exemplo muito ouvido estes dias nas TVs. Você sabe o que significa a palavra INSUMO? pois é, não significa “MATERIA PRIMA’ como dão a entender os jornalistas da Globo quando falam das dificuldades de produção da vacina. 

Quando no fim dos anos 60 eu fazia projetos para obter os incentivos fiscais da SUDAM, paralelamente as matérias primas necessárias para fazer o produto em exame, tinham os INSUMOS.  Seguia uma relação de outras coisas. Para ali ia a luz elétrica, o material de embalagem, enfim, tudo o que não fazia, concretamente, parte do produto em si.  

Não entendo por que, se é alguma matéria prima, usam outra palavra para identifica-la. Esse erro repetido diariamente vai ser assimilado pelos brasileiros e a palavra vai perder seu verdadeiro sentido.

Sempre falando de vacina, aquela russa SPUTINIK V, é capaz de também estar sendo chamada de modo errado. Aquele “V” é bem capaz de ser o numero 5 em algarismo romano.... kkkk a letra que para nós equivale ao V, la se escreve “B“... Os jornalistas hoje a chamaram Sputinik VÊ.

Se assim for, ao irem  numa farmácia na Russia comprar a vacina Sputinik Vê,  vão sair sem ela, porque ela se chama SPUTINIK 5 .

As cinco primeiras letras do alfbeto russo, acima, se equivalem as nossas  A B V G D...

Quando eu cursava o 5º ano primário no Grupo Rui Barbosa, na Cidade Velha, numa prova,  escrevi  “Dom Pedro”. Peguei ZERO no ditado por esse erro e ainda tive que passar o fim de semana escrevendo, trezentas vezes que se escrevia “D.Pedro” e nunca por extenso”.

Pois bem, a placa da travessa D. Bosco, está escrito Dom Bosco...  e no endereço de onde se fazem as vacinas a abreviação de N. Sra. do Carmo, esta escrito N. Senh. do Carmo.

Será que teve outra mudança das regras e não me atualizei?

No Brasil a superficialidade, a desatenção e a decadência é muito difundida pelos meios de  comunicação, inclusive pelos telejornais. Basta assistir, também, o programa THE VOICE ONDE PESSOAS FAMOSAS, MAS SEM CONHECIMENTO HISTORICO DA NOSSA CULTURA MUSICAL, JULGAM GRANDES CANTORES... IDOSOS;  OU AS LIÇÕES QUE ESTÃO DANDO OUTROS FAMOSOS... DO  BBB.

Desculpem se me desobrigo a falar das outras tvs, nem se trata de preconceito, apenas do nivel ser muito pior .

Dulce Rosa de Bacelar Rocque