quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A CIVVIVA E.. .aquele homem



Há alguns anos procuramos os Ministérios Públicos Estadual e Federal para ter ajuda nas lutas que fazemos, como Associação de Moradores da Cidade Velha. Nem todos os Promotores e Procuradores nos davam aquela atenção que esperávamos,  mas levamos tempo para entender o “por quê”.

Com o passar dos anos  notamos que nossas reclamações e denuncias eram repassadas a órgãos, os quais já as tinham recebido de nossas mãos e nada providenciado. Ao transmiti-las, porém,  concluíam o oficio escrevendo: Arquive-se.

Esse fato se repetia e nós não viamos nenhum resultado à maior parte das nossas reivindicações. Como mandar arquivar sem ter uma resposta com informações sobre o que foi feito e seus resultados? Será que aquelas transmissões de nossas reclamações tinham algum exito e nós não sabiamos??? Acabavam por parecer meros passa-cartas e não acreditavamos serem isso.

Eis que, no dia 18 de junho de 2019 recebemos via e-mail uma nota do MPE, sem protocolo,  em que nos diziamOs bairros da Cidade Velha, Centro e Campinas foram tombados pelo IPHAN, razão pela qual sugiro que seja comunicado o MPF e o IPHAN para as providencias que eles entenderem necessárias.

Fomos  nos certificar sobre as competências do MPE, pois achamos estranho tal comunicação e resolvemos ir perguntar se isso era justo. Como qualquer cidadão, nos apresentamos na portaria do MPE.  Quando pedimos para ser recebidos pelo ‘chefe’ máximo do órgão, nos perguntaram  ‘por que’ e nos aconselharam a ir, primeiro, na Ouvidoria que era ali do lado. E foi o que fizemos. 

Se não me engano era o dia 18 de setembro,  e eram 9,40h quando nos disseram que o Ouvidor  não tinha chegado mas estava a caminho. As 10,00h entram dois homens: um, de paletó, escuro de pele e careca e outro, alto com um revolver na cintura e o paletó apoiado no ombro oposto. Perguntei se o “ouvidor’, era o que estava portando o revolver e me confirmaram que sim. Admito que, eu o Vice presidente da Civviva, que me companhava, nos entreolhamos perplexos com a cena.

Em alguns minutos fomos recebidos. Ele tinha vestido o paletó  e não parecia muito satisfeito com aquele encontro. Sentou-se e perguntou o que queriamos.  Começamos a explicar e fomos seguidamente interrompidos em nossa explanação.

Em determinado momento ele disse que ia explicar a diferença entre a Ouvidoria e Corregedoria do MPE. Eu peguei a minha agenda para tomar nota quando ele teve um ataque histérico. Disse "ah ja entendi qual é a sua. Pois vou gravar tudo o que eu falar e ainda chamo minha secretaria...”

Abriu uma gaveta, pegou um aparelho olhou-o, revirou e devolveu para a gaveta...não sabemos se ligou algo ou, se acabou não gravando nada. Chamou a secretaria e...  so  nos humilhou. Sem encontrar motivo para tal comportamento eu disse que ele estava julgando as intenções, dai ele me olhou e perguntou se a Associação tinha advogado. Ao meu "não" ele sugeriu que era melhor que eu sempre estivesse com um advogado do lado e olhou para o vice e começou a agredi-lo: qual é a sua? por que me olha assim como se eu fosse um adolescente... e o Vice presidente da Civviva respondeu "o senhor está apressando seu julgamento e especulando...” 

Outras frases ameaçadoras nos intimidaram, ao ponto de nos deixar cabisbaixos tal o nosso pavor.Era melhor sair logo dali.. Francamente, não tínhamos mais condições de continuar naquele ambiente deteriorado com seu comportamento prepotente. Resolvemos agradecer e encerrar aquela especie de soliloquio ofensivo. 

Saimos indignados e... amedrontados. No caminho nos perguntávamos: 

Como uma pessoa assim podia ocupar aquele lugar na administração pública ?

Agora todos  conhecem que tipo é... aquele homem.

Que seja uma exceção... Os bons do MPE não merecem essa companhia.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

LIXO...lixo na area tombada.



A CATEDRAL DA SÉ É O PRINCIPAL CARTÃO POSTAL DA CIDADE VELHA. TODAS AS AGENCIAS DE VIAGEM LEVAM SEUS TURISTAS PARA VISITA-LA.

Infelizmente, vista a situação em que se encontram certos "cantos" de rua, nem sempre é  agradavel ou interessante passar com eles por ali.

Este fim de semana, acordamos com a Dr. Marcher, desse jeito.
 As cinco horas da manhã de domingo, estava assim, no entorno da Catedral  da Sé.
                                                                            
                                                  
     
Como este, visto as sete horas da manhã de domingo, a poucos metros daquele acima... que também ainda não tinha sido retirado.

Nos outros dias, não é que seja muito diferente a situação dos cantos de algumas ruas da Cidade Velha. O problema é que estes cantos estão do lado de igrejas de meados de 1700, tombadas.

Em setembro, sempre no canto da Dr, Malcher


É o mesmo lixo de outro angulo...e se ve a Igreja de Sto. Alexandre.



Igreja do Carmo, canto do forum Landi,  diariamente cheio de lixo.

A praça onde se encontra a igrejinha de S. Joãozinho, a obra prima de Landi, em vez, virou um 'comelodromo' dos frequentadores do Tribunal, Ministerio Publico, Alepa e Prefeitura. Ali é impossivel andar, mas o problema principal são os carros estacionados... 
Turistas so são levados dia de sabado ou domingo...

COMO FALAR DE TURISMO NA CIDADE VELHA...?
PARA MOSTRAR ISSO?

NÃO PODEMOS DEIXAR DE PERGUNTAR:

QUEM CUIDA DA NOSSA CIDADE?

QUEM ADMINISTRA ESTAS SITUAÇÕES?


JA VIRAM AS CALÇADAS  DESSE ENTORNO???


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

OS PREMIADOS


A luta em defesa do nosso patrimonio não para, dentro ou fora da Cidade Velha.
Aqui temos algo sobre a demolição de uma casa na 14...mas vamos ler o que a Dra. Rose Norat nos conta: indignada.

Crônica de uma morte anunciada.

Ontem demoliram essa casa na 14 de Março entre Nazaré e José Malcher



 DEPH/Fumbel e o DPHAC/SECULT já haviam emitido pareceres desfavoráveis ao seu tombamento. O que automaticamente lhe permitiria  a demolição de certa forma premiando a atitude dos proprietários que gradativamente descaracterizaram o bem. 



O então  Conselho de Proteção do Patrimônio Cultural de Belém fez um parecer favorável ao seu tombamento reconhecendo sua importância apesar de suas modificações ao longo do tempo sob diversos argumentos, que poderá ser consultado pelos interessados. Até mesmo abordando as modificações  realizadas ao longo do tempo, mesmo com inserções na década de 1980.


Infelizmente ao que parece a Prefeitura  não acatou o parecer de tombamento do então  Conselho e em uma reviravolta do caso que ainda buscamos entender a casa foi demolida o…

 Há anos os proprietários gradativamente a descaracterizavam.

 Foram premiados."

Não foram os unicos.

Tais exemplos somente servem a deixar cada dia mais indignados, quem luta pelo patrimonio.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

"Acústica e trabalhadores de rua"


Nos anos 80, em Bolonha (Italia) fiz um trabalho sobre bancas de revista e postos de gasolina, ambos situados nas beiras das calçadas. O trabalho foi feito nas oito provincias existentes, então, na Região Emilia Romanha e durou um ano. Fizemos um levantamento detalhado, inclusive sobre pais e avós que tivessem ou não, trabalhado no mesmo local. Não era a saude o principal motivo desse estudo, mas a poluição ambiental a que levava.(*)

Para chegar a intenção final, um dos meios era fechar os postos de gasolina que estavam nas calçadas e aqueles que vendiam menos de 100.000 litros de carburante por ano....e eram muitos. As calçadas das cidades italianas eram cheias de 'bombas de gasolina' e, inclusive, começavam a atrapalhar o transito de veiculos que aumentava cada vez mais.

França, Alemanha e Reino Unido tinham começado nos anos 70 a redução dos postos de venda de gasolina  e em 1994 ja tinham chegado a 50% deles. A Italia começa essa luta em 1978 e em 1994 tinha chegado a reduzir pouco menos de 30% deles. No entanto, na Região Emilia-Romanha, o resultado desse estudo levou a fechar a maior parte das vendas de jornais e revistas situados nas calçadas, assim como  a maior parte dos postos de gasolina também da Região.

Devemos lembrar que, importante foi também o interesse que nosso estudo despertou no maior estudioso de cancer italiano, o qual nos procurou e obteve os  dados relativos a parte relativa a 'mão de obra'. Conseguiu assim identificar a tipologia das doenças de quem trabalhou anos vendendo gasolina. Quanto as 'jornaleiros' a doença principal era a "surdez" provocada pelos rumores do transito, ex. businas.

IMPORTANTE é para nós, hoje, que lutamos contra a poluição ambiental, esse trabalho do amigo e colaborador, estudioso de 'poluições, Dr. Antonio C.L. Soares, que agradecemos por nos disponbilizar seus estudos.

Acústica e trabalhadores de rua
Antonio Carlos Lobo Soares**

Há muito que eu tinha a curiosidade de estudar a relação dos trabalhadores de rua com o ambiente sonoro urbano. Neste outubro coletei dados de trabalhadores que permanecem por mais de 6h diárias nas calçadas das Avenidas Nazaré e Magalhães Barata, da Praça da República até o Mercado de São Braz, em Belém do Pará.

Identifiquei barracas autorizadas pela Prefeitura e outras irregulares, fotografei, medi o som ambiente e entrevistei alguns trabalhadores. A minha intenção era identificar se o ruído do tráfego, que predomina neste corredor de 2,6 Km, com 12 quadras, incomoda e/ou prejudica a audição de quem permanece várias horas por dia neste ambiente urbano e, por muitos anos.

Identifiquei no percurso: 16 bancas de revistas e 5 de jogo do bicho; 25 barracas de venda de lanches/refeições, incluindo tacacá, vatapá, caruru e tapioca; 10 carros de bombons; 5 de frutas e água de coco; 3 de castanhas do Pará, caju etc., um de vitaminas com pó de guaraná e outro de óleos e ervas regionais.

No trajeto encontrei, estacionadas e cercadas de clientes, 8 bicicletas adaptadas à venda combinada de salgados e sucos, o famoso “completo”. No entanto, chamou a minha atenção o número (14) de barracas de venda de roupas e acessórios, sombrinhas, óculos, anéis, celulares e outras bugigangas “do Paraguai”.

Entre os prestadores de serviço, registrei 5 barracas destinadas ao conserto de relógios, óculos, celulares, eletrodomésticos e sapatos e 8 guardadores de carros (flanelinhas) assíduos, quatro em frente ao Museu Goeldi e outros quatro no Largo do Redondo, na Av. Nazaré com a Tv. Quintino Bocaiuva.

Realizei 10 medições sonoras ao longo do percurso, praticamente só de tráfego (motor e freio, descarga, buzina e atrito do pneu com o solo), sendo que os níveis encontrados ficaram entre 70,7 e 76,5 dB, quando o Conselho Nacional de Meio Ambiente recomenda 55 dB durante o dia, para um ambiente sonoro de qualidade.

As entrevistas identificaram trabalhadores residentes em bairros periféricos que estão em média 11 h diárias na calçada e no mesmo local entre 2 e 48 anos. A maioria respondeu que as horas do almoço e fim de tarde são as mais ruidosas e incômodas, mas que já se acostumou com o ruído do tráfego. Entretanto, alguns relataram dor de cabeça no fim do dia e que os parentes reclamam do volume alto quando ouvem televisão. Pasmem, nenhum fez qualquer tipo de exame auditivo na vida!

** Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,
Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.

* o resultado desse estudo foi publicado em 1997 na coleção 'Studi e Ricerche 81' pela Unioncamere Emilia-Romagna - CERCOMINT. "LA RAZIONALIZZAZIONE DELLA RETE DI DISTRIBUZIONE DI CARBURANTE DELL'EMILIA-ROMAGNA"  (Rosa de Bacelar)

terça-feira, 5 de novembro de 2019

FALTA DE CIDADANIA...

OTTO LARA REZENDE CONTINUA TENDO RAZÃO:

 De tanto ver, a gente banaliza o olhar... Vê não-vendo... 



A casa acima era a ultima que ainda não tinha sido usada pelo MPE, antes de chegar ao ex Cinema Guarany... o resto de seu entorno também ja foi usado e abusado até pelo Tribunal...

Uns tres anos atras a  visitei e estava intacta, mesmo se parecia um deposisto de coisas antigas. Tinha, porcelanas, quadros, imagens de santos, livros, moveis, tudo o que se possa imaginar. Era daquelas casas tradicionais da Cidade Velha: sala, alcova, sala de jantar, saguão com quartos ao redor...e não tinha porão: alias, assim com saguão, nem eram tantissimas.

Numa igual a ela estudei antes de ir para o Grupo Rui Barbosa. Ficava ao lado do Grupo e era identica, com seu 'saguão'. Era a escola da Prof. Helena Lamarão, hoje, também totalmente modifica por uma associação de advogados.

O que deixa muito estarrecidos  -aqueles que se interessam pelo patrimonio tombado naquela área - é que os Procuradores/Promotores do Ministerio Publico do Estado trabalham proprio ali ao lado. Para estacionar seu veiculo, caso não tenha a vaga institucional (e caso exista para todos os funcionarios), são obrigados a passar em frente a essa casa. Será que viram que a estavam derrubando ou que estava desmoronando e denunciaram? Mas por que esperaram tanto visto que ja so tem a fachada em pé?

Na foto vemos a plaquinha dizendo que é 'obra embargada' e se vê, além do 'céu', do lado de dentro sobraram apenas os tetos das outras casas do entorno. Isso quer dizer que:  como no caso recente da Dr. Marcher, quem quer que tenha denunciado, viu o abuso somente depois que não tinha mais nada em pé... Ninguem  ouviu nem o barulho da queda, caso nao tenha sido derrubada? Então foi  alguem que passou por ali, por acaso... que não viu, dia-a-dia, o montão de lixo que deve ter sido acumulado na rua.

Essa distração, esse desamor, essa falta de cuidado com a cidade, até por parte daqueles que ganham um ordenado para defende-la, demonstra, realmente e concretamente, o nivel de desinteresse pelo  nosso patrimonio e pelas leis em vigor, independentemente do nivel cultural e do lugar que ocupam na sociedade. Desse jeito e com toda essa distração, a nossa memória historica é apagada e substituida, inclusive, com cores  absurdas.

              SE ESSES  SÃO OS EXEMPLOS  DE CIDADANIA... 
             COMO PRETENDER MAIS DOS MENOS CULTOS?

PS: aconselho a leitura de " http://www.itatiaia.com.br/blog/jose-lino-souza-barros/ver-vendo-de-otto-lara-rezende "