domingo, 29 de novembro de 2015

SOBRE NOSSA HISTÓRIA.....e o patrimônio historico.


Quando, na segunda metade do século passado, comecei  a estudar, aprendi as primeiras noções sobre a nossa historia, a qual começava com a questão do Tratado de Tordesilhas. Aprendiamos o nome do descobridor do Brasil, a data da descoberta, os nomes dados a esta terra. Na decoreba, absorvíamos essas informações feitas com total superficialidade, e não nos interrogávamos sobre nada. Aquela era a verdade verdadeira.

Crescendo, já no ginásio, aprendíamos a historia antiga, do Egito, por exemplo  e a brasileira, com as guerras dos Emboabas, dos Farroupilhas, etc, e nenhuma palavra sobre a Cabanagem. Nada ouvimos falar, por exemplo, sobre o periodo que o Estado do Amazonas fazia parte do Grão Pará, também.

Víamos os mapas do Brasil, com sua área do tamanho que é hoje, mas ninguém nunca  explicou como aconteceu isso. Quando modificaram o Tratado de Tordesilhas? Que fim levou aquele Brasil que se limitava somente ao nordeste, praticamente? Como e quando ele  cresceu assim tanto?

Os vários Tratados feitos em meados de 1700, que levaram a chegada de uma comissão delimitadora das fronteiras entre s terras descobertas por Portugal e Espanha, e que nos trouxe Landi para cá,  será que fazem parte, hoje,  das informações  que dão na escola obrigatória?

Aprendemos que a fundação de Belém, foi em janeiro de 1616, mas se formos ler documentos de, ao menos, cem anos atrás, vamos descobrir, que essa data (dia 12) não era aceita por muitos historiadores. 

Nunca ouvimos falar que a Cidade Velha era praticamente uma ilha, nos seus primeiros anos de vida, antes de aterrarem o alagado do Piry, que, naquela ocasião, ia até o atual S. José Liberto. E o canal da Tamandaré, o que era, então? Era o Igarapé Juçara, que encontrava,  antigamente, o  Igarapé do Piry, formando a ILHA DA CIDADE VELHA. Os rios continuam a circunda-la, na outra extremidade.

Não sabemos desde quando Belém, começou a ser chamada assim, porque na correspondência com os reis da Espanha, a partir  de 1616, a área da Cidade Velha era chamada de Capitania do Pará,  depois Província do Pará e, em muitos casos Cidade do Pará. A Campina, ainda não existia, portanto a área chegava, ao máximo até onde hoje é a Igreja do Carmo, confirmando a possibilidade de ser uma ilhotinha, vista também a  existencia do  Igarape Juçara, hoje chamado canal da Tamandaré.... Alguns a chamavam Ilha Pará,  antes da doação da primeira légua.

Numa carta do Rei D. Felipe II em data 18 de setembro de 1616, ao novo Governador Geral do Estado do Brasil – D. Luis de Souza – ele ordena que se envie “socorro ao forte que o Governador da Capitania do Pará, Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou as margens do rio das Amazonas...” e outras, por vários anos continuaram  a ignorar o nome “Belém”. Nas cartas sucessivas continuamos e ler a palavra Pará. Quando, enfim ele aparece em algum documento? Será que ensinam isso, hoje?

Tem um  livro portugues de Manuel Severino de Faria,"História Portugueza e de outras províncias do Occidente..." que diz que o nome Forte do Presepio de Belém, foi logo esquecido pois a "À REGIÃO CHAMARÃO: FELIS LUZITÂNIA". Varnhagen, se enganou ao dizer em seu livro que a chamaram de Nossa Senhora de Belém, diz esse autor..

Passou-se mais de meio século desde  quando aprendi aquelas noções de história: será que hoje, atualizaram essas informações? Tenho impressão que não foram esclarecidos muitos pontos que, ao longo da minha vida, notei que não correspondiam a verdade. Ernesto Cruz  ja sentia "falta de documentos, de peças fundamentais correspondentes  às primeiras etapas da vida colonial paraense ..."  mas até hoje isso persiste?

Difícil, com certeza,  contar  nossa verdadeira historia e ir contradizer aquilo que todos pensam ser verdade.  Uma mentira repetida por séculos se transforma em verdade... acontece, que não é. Trata-se somente de falta de pesquisa e/ou,   atualização dos livros escolásticos. 

Pelo jeito, e depois de tanto tempo, se vê que não interessa o conhecimento da nossa história, o que nos leva a pensar que isso, também repercute na total falta de vontade  de defender nosso patrimônio histórico.

Os 400 anos da Cidade Velha, nossa Alma Mater qual origem de Belém, se aproximam: o que vão nos deixar de lembrança? Será que algum estudioso, além de passear pelo bairro, vai dirimir essa ausência de informações verdadeiras? Será que algum arquiteto ou professor vai sair da sombra e defender nossa memória histórica?
Tomara!

P.S. Será que me engano e esse material ja existe e foi difundido entre os estudantes e sou eu quem não sabe de nada? Se sim, não se vê os resultados, porém.

Dulce Rosa de Bacelar Rocque

domingo, 15 de novembro de 2015

Uma homenagem a Av. 16 de Novembro.


Perguntei semana passada, no meu Face, se alguem sabia porque 16 de novembro é uma data importante, e duas senhoras me responderam:
 Iva Muniz: Li que foi a data em que o Pará aderiu à República, em 1889.
Sandra Dias: era conhecida como largo de São Jose e foi nosso primeiro jardim botânico, e o mudou em 1889 para 16 de novembro por adotar nesta data o novo regime politico do Brasil, a Republica.

Antes disso, porém, ali existia somente agua. Antes de aterrarem o alagado do Piry, que, naquela ocasião, ia até o atual S. José Liberto, se passava por aquele chamado Juçara, hoje o canal da Tamandaré.  Esses alagados eram o Igarapé Juçara, que encontrava,  antigamente, o  Igarapé do Piry, formando a ILHA DA CIDADE,  hoje a parte tombada da CIDADE VELHA. Os rios continuam a circunda-la, na outra extremidade.

ESTA FOTO É DE MEADOS DE 1800, QUANDO SE CHAMAVA ESTRADA DE S. JOSÉ


Pois bem, teve um período que esta rua nos proporcionava esta visão, a partir do canto dos Bombeiros. até a Pça Amazonas: um corredor de palmeiras imperiais. 
Quando cheguei para morar na casa de n. 28, as duas primeiras palmeiras, ja não existiam e do outro lado ainda existia uma casa com duas janelas que depois foi derrubada para aumentar a area dos Bombeiros.


A avenida acabava em frente ao Presidio S. Jose que era ladeado por duas Praças: Amazonas e S.José.

Ela nasceu no lugar onde ficava o alagado do Piri, e os “baixios da Juçara” como chamavam então, o "lago" que rodeava a Cidade do Pará no tempo da sua fundação em 1616. Os "baixios', de um lado,  o rio Guamá, do outro, além de todo aquele alagado que existia a leste e que durante alguns anos foi um obstáculo para a expansão da cidade, e que transformavam a nascente Cidade Velha, praticamente, numa ilhota, chamada Cidade Pará.


 Mais tarde essa área alagada foi aterrada (em1803) pelo então Governador Dom Marcos de Noronha e Brito e daí começou a nascer a Estrada de S. José, que levava o povo de onde hoje é o Ver-o-peso até o antigo local onde funcionou a fazenda/olaria  S. José, que Landi alugou depois que os jesuítas e outros padres foram expulsos daqui, nos idos de 1700. No  local dessa olaria, hoje temos o Polo joalheiro.


 No entorno do Largo do Redondo,  situado no cruzamento da av 16 de Novembro com a rua de Óbidos, tivemos, primeiramente, o horto das Caneleiras. Ali eram  depositadas as plantas que chegavam de Caiena durante a ocupação portuguesa, entre 1809-1817. Era, praticamente um jardim de aclimatação de plantas que depois eram mandadas ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro.



 Anos depois, o fim da Av. 16 de Novembro foi embelezado com duas praças que tinham no meio o então Presidio S. José, hoje libertado (não sei de que), com sua capelinha.





Suas palmeiras viveram mais de cem anos, mas o crescimento de Belém, a poluição e os urubus que vinham dormir nelas, acabaram com essa vista. Hoje restam, no máximo, meia duzia delas que embelezaram a 16 de novembro, desde a casa de  n. 28  onde vivi (de fronte dos fundos dos Bombeiros) de 1948 até  1969, quando sai da casa da Pça Amazons n. 11 (em frente ao presidio s. José), para o mundo.



Nos anos 40 ainda existiam palmeiras  em frente a praça Felipe Patroni. Esse pedaço de rua, entre a av. Portugal e a João Diogo, em fins dos anos 40 passou a se chamar Desembargador Inácio Guilhon.


 A direita, nos altos de uma mercearia, onde morei até 1969  hoje tem um edificio, e a esquerda, estava o prédio da familia Guilhon, o qual foi transformado em um posto de gasolina.

Hoje, aquela maravilha  está assim... irreconhecivel, com uma de suas ultimas palmeiras a vista.


Dulce Rosa de Bacelar Rocque

Fotos de Belém Antiga

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Pedido de esclarecimento

Uma questão de datas....

AS "datas" na nossa vida, tem cada dia mais peso. Aumentam constantemente, para nos atazanar ...e é o aluguel; a escola dos filhos; a luz; o plano de saúde; os livros pra escola, o IPTU...e por ai vai. Até a data de validade de remédios devemos prestar atenção, além de aniversários. O esquecimento de algumas delas dá até em multa...

Outras datas, existem, mas fora do nosso âmbito de vida, ou seja, fora da nossa vida privada, por exemplo aquelas que são estabelecidas em documentos públicos, tipo um Termo de Ajustamento de Conduta.

Quantos de nós ja se preocuparam em verificar o respeito dessas datas? Alias, quem sabe, exatamente, qual  data  devemos levar em consideração ao contar os dias para atuação do que um TAC estabelece? A data do documento? A data de protocolo do TAC, ou a data que os interessados recebem copia e tomam conhecimento do mesmo?

Eu, se estivesse  envolvida com um TAC, contaria a partir da data que tomei conhecimento.... mas parece que não é assim que acontece por estas bandas.
Quem sabe se tem alguma norma que esclarece isso? Na Italia, tem.

Se ninguem fizer causa, nada acontecerá e a "data" para respeitar o TAC é bem capaz de  ser posticipada e ninguem, pelo que me parece, vai cobrar a multa estabelecida para os dias de atraso.... Ou será que cobram. Gostaria de ter certeza.

Por falar nisso, eu queria saber se alguem sabe em quanto amonta a divida dos proprietarios do  Palacete ..."denominado FERRO DE ENGOMAR situado na Travessa Presidente Pernambuco  nº 204, Bairro Batista  Campos,"  ...cujos proprietarios  foram intimados  em data 10 de fevereiro de 2012,  com uma   medida de urgência no mandado respectivo para que  "...  procedam a reforma e restauração integral da referido imóvel no prazo mínimo de (03) três meses e no máximo de (01) um ano. A multa por dia de descumprimento é no valor de R$5.000,00 (cinco  mil reais) a ser paga pelo proprietário. " (Número do Processo: 0003726-68.2012.814.0301)

Como acabou essa história? Passaram-se quase tres anos de tal ato (Data de Autuação: 08/02/2012) e a casa continua do mesmo modo.  Quem tem obrigação de verificar o andamento desse tipo de  processo?  Não me digam que o fato de terem aberto uma ação de "tombamento', bloca o pagamento da multa  e por conseguinte o efeito de tal Ação Civil Pública. Espero de não.

O TAC da trav. Felix Rocque tem data 15 de julho 2015, e validade de 90 dias....que ja se passaram e nada foi concluido até agora. Será que alguma providencia ja  foi tomada a respeito?

Para onde deveria ir esse dinheiro todo previsto nos TACs inclusive de outras ações? O Decr. 1306/1994 que regulamenta o art 13 da Lei 7.347/85 indica o fim a dar a essas multas. Gostaria de saber o montante e o uso dado ao dinheiro que foi parar nesse fundo, nos ultimos anos.

 A lei da transparência não ajudaria a tornar de conhecimento publico essa realidade? Vista a situação do nosso patrimonio arquitetônico, seria bem oportuno ir buscar esse dinheiro pra cuidar da nossa memoria histórica.

Algum dos leitores pode nos esclarecer as questões levantadas?
Reclamamos tanto da situação do nosso patrimônio, como é que estea  problema fica de fora???

Obrigada aqueles que nos responderem.

Dulce Rosa de Bacelar Rocque

PS: aqui o ato do prédio ferro de engomar:  http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com.br/2012/02/processo-casa-ferro-de-engomar.html