Como ja diziamos na nota https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2022/02/o-monstro-da-indiferenca.html ... De tanto ver, a gente banaliza o olhar - vê... não vendo. Uma já ruiu totalmente, a outra, a edificação de propriedade privada localizada na esquina com a rua Siqueira Mendes apresentou, um mês atrás, um grave recalque em parte do piso.
Isso
aconteceu dia 9 de fevereiro, na parte mais em vista da nossa área tombada:
- Onde o transito de veículos de vário tipo é
permanente.
- onde a poluição sonora é abundante;
- onde as calçadas servem para estacionar de tudo
e não somente veículos.
Há muitos anos que
cidadãos conscientes de seus direitos e deveres vêm alertando o poder público
sobre a necessidade da implantação de um sistema de transporte alternativo na
Cidade Velha e em todo o Centro Histórico de Belém. Todos sabemos que, a
maioria das edificações existentes nessa área tombada, foi erigida em sistemas construtivos antigos que
sofrem permanente e progressivo processo de degradação em consequência, entre
outros fatores, da trepidação e da poluição causada pelo trânsito de veículos
automotores com peso e dimensões inapropriados para aquela região da cidade.
O motivo e a responsabilidade do que aconteceu no Ponto de Cultura Iacitatá pode ser fruto de desatenção as denuncias que a Civviva faz há anos, exatamente sobre o transito, a poluição sonora e o estacionamento nas calçadas.
A
maioria dos imóveis em situação de degradação e abandono é de propriedade
privada, cujas obras de restauro são da
responsabilidade dos proprietários ou herdeiros, o que não isenta, porém, o
poder público de adotar tempestivas providências visando o cumprimento de suas
atribuições. Afinal, a competência pela preservação do patrimônio cultural,
histórico e artístico nacional é do poder público (União, estados, municípios,
e Distrito Federal), que deverá, assim,
adotar as devidas providências adequadas a cada caso, visando o restauro e
preservação das paisagens urbanas tradicionais. Aqui cabem a orientação aos
proprietários na busca de fontes de financiamento, as indicações técnicas e os
incentivos fiscais para obras de restauro; e se for o caso, as demandas
judiciais.
Dia 25 de novembro de 2021 a Civviva escreveu :
2-
Seria o caso também de defender, concretamente, a área tombada, proibindo a
passagem de veiculos pesados visto os danos, que provocam com a trepidação, não
somente nos bens históricos, mas na propriedade privada, também. Um
absurdo as carretas de até trinta metros, passarem pela Cidade Velha e
estacionarem em frente ao Palácio Velho.
(https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2021/11/por-uma-belem-mais-civilizada.html)
De fato o proprietário de bens na área tombada, danificados por desatenções de órgãos públicos, para onde deve correr quando ocorre um fato como o do Ponto de Cultura Iacitatá?
O vai-e-vem de carretas, caminhões, ônibus, automóveis, enfim, veículos de todas as alturas, comprimentos e pesos que as leis não permitem ou não deveriam permitir a entrada na área tombada,... como conseguem chegar ali? O quê fazem na Cidade Velha? Não existem placas sinalizando as proibições ? Esta placa está no lugar certo??? É aqui que param as carretas...enormes.
De fato, agora é de
moda que, após os casamentos nas igrejas tombadas da Cidade Velha, se soltem
fogos bem barulhentos as 23h da noite, sem que nem os padres reclamem da trepidação
que tal fato causa a esses prédios tombados. A chegada do “Crocodilo” na porta
de um local noturno da Siqueira Mendes, também é motivo de fogos não somente as
23h mas as 3h da manhã também...acordando quem já estava dormindo e provocando
nervoso a crianças e aos animais. Ninguem tem noticia de controles e os moradores
é que tem que suportar tais abusos.
A trepidação, qualquer que seja a sua origem, não pode
continuar a ser ignorada. Será falta de decibelímetros nos órgãos de controle
ou simplesmente so aplicam a lei municipal que aumentou para 70 dcb o que a
norma nacional estabelece 50dcb? Quem
controla o controlador?
Ambas as normas, não
levam em consideração a área tombada, onde até os 50 decibeis já causariam
problemas. Ninguem notou isso? Como é que permitem manifestações rumorosas nas
portas das igrejas tombadas, superando os 100dcb? Imaginem o que acontece com casas
particulares cujos muros são bem mais estreitos do que aqueles dessas igrejas...
Qual é a sanção prevista
para o órgão público que não faz o seu dever? Quem permite o estacionamento nas
pedras de liós, tombadas? Quem permite a entrada de veículos que superam o peso
previsto nas leis? Com esse desprezo as normas, com essa total falta de
fiscalização, so vemos piorar os estragos
ao patrimônio tombado. Quem ajuda o proprietário particular a pagar os
danos oriundos de tais distrações?
O IPHAN fez, recentemente, o levantamento dos prédios em situação de degrado (https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2022/01/iphan-e-o-patrimonio-degradado.html). Se tem noticia de uma relação da Fumbel feita no inicio do século XXI. Essas relações unem na mesma desgraça seja o patrimônio público que o particular. Qual politica de salvaguarda foi apresentada aos cidadãos, ultimamente, a respeito?
Continuar comprando casas antigas em situação desesperadora,
para depois gastar rios de dinheiro para conserta-las será que é a melhor opção? Que tal usar esse dinheiro para consertar aquelas que já estão nas mãos da Prefeitura? Que tal ajudar os herdeiros a regularizar os documentos dessas propriedades? Fazendo um mutirão ou aplicando a Usucapião não facilitariam a defesa e proteção dos bens na área tombada???
O que aconteceu com o Ponto de Cultura Iacitatá é algo que pode se repetir em todas as ruas do bairro e em todas as propriedades particulares. Os custos porém, vão recair sobre o proprietário, não sendo em vez coberto por quem permitiu, facilitando a ignorancia das leis em vigor, que o dano acontecesse.
A conservação do
patrimônio histórico acaba, no fim das contas, sendo uma despesa que pesa, principalmente, no
bolso do proprietário particular.
A indiferença da parte do poder público ante as contribuições espontâneas da sociedade civil visando o atendimento das demandas do interesse público, parece uma conduta bem desrespeitosa, e que suscita dúvidas e muitas especulações sobre os verdadeiros propósitos e intenções dos gestores públicos.
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