sexta-feira, 25 de março de 2022

MORAR NA CIDADE VELHA

 

Alguns dos problemas de proprietários e moradores das casas da Cidade Velha são os mesmos: cupins, punilhas, telhas, goteiras, poluição, garagens, poços artesianos,...

Quem não mora aqui não sabe que temos um rol de profissionais de estimação.  São eles: marceneiros que ajustam cumeeiras, caçadores de cupim, removedores de goteiras, construtores de poços artesianos, carroceiros, ... Enfim, trabalhadores em atividade laboral terminal, ou seja, sem jovens substitutos, que possam ser indicados entre os vizinhos. O meu tirador de goteiras, já noventão, não sobe mais no telhado... arranjei outro já com mais de 60 anos...

Quem tem móveis de madeira é quem sofre mais, pois quando não é punilha, que deixa sua marca registrada por onde passa, encontramos um vazio entorno de uma lâmina de madeira que cobre o que não tem mais dentro. Tudo oco, e tem que ser queimado....como minha cantoneira, lindinha, que deu cupim.

A punilha, essa desgraça,  deixa rastros, mas ninguém a conhece, nem nunca a viu, então como debelá-las? O óleo queimado serve para esquecermos os cupins. Sobre as punilhas ainda não sabemos como fazer..., nem os nossos expertos  funcionários...e os carroceiros ficam pra cima e pra baixo carregando os restos mortais da nossa mobilia.

As telhas também viraram um problema, pois nem todas são fabricadas do tamanho das antigas. As goteiras nos levam a ter que buscar telhas de demolição e precisamos olhar, aliás, examinar, uma por uma... Os tacos de acapú e pau amarelo seguem a mesma estrada: estão desaparecendo ou diminuindo de tamanho como as telhas. Como salvaguardar o patrimônio  quando não houver mais disponibilidade desses produtos?

Uma história da Cidade Velha. Um chinês (também já estão chegando por aqui, depois das  compras no bairro da Campina) comprou uma casa na rua Siqueira Mendes, e resolveu colocar teto solar. Tirou as telhas, mas o que fazer com elas? Descobriu que devia pagar alguém para descartá-las, sabe-se lá para onde...mas não era esse o seu problema. Enquanto isso, os vizinhos, que costumam ficar sentados na porta de suas “lojas”, ouviram o papo do chinês que não queria gastar dinheiro... Daí, por acaso, chegou um fulano que tinha um estacionamento na beira do rio, e se ofereceu para levar embora as telhas dele... Iria usar como aterro para cobrir os buracos do seu estacionamento..., de graça pra ambos. Não iria precisar de toda aquela quantidade e falou com os vizinhos os quais, se tivessem dinheiro as comprariam para revender...

Eu, quando ouvi essa história, fiquei com vontade de ir comprar algumas para estocar, mas fiquei com vergonha. Se a luz elétrica continuar a aumentar, faço como o chinês: ponho energia solar, quem sabe resolvo o problema das goteiras... dos urubus e dos postes, também.

Chegando na C.V., vão descobrir também  que a poluição acontece, principalmente, nas portas das igrejas, porque os casamentos continuam acontecendo todos os fins de semana e festejar o marido encontrado, se faz agora é com fogos de artifício noite a dentro. Dormir será difícil, inclusive porque os locais noturnos também soltam fogos quando iniciam ou terminam suas atividades.  Os ruídos durante o carnaval ou o Cirio, criam problemas enormes ao patrimônio, às pessoas e aos animais..., mas quem participa dessas festas? Por acaso são turistas japoneses ou europeus? Não.  São aqueles supostamente apaixonados pelo patrimônio histórico, que não admitem, porém, a aplicação das leis relativas aos decibéis... Na porta da ALEPA, são as manifestações pelos direitos civis dos cidadãos que, com trios elétricos e decibéis a go-go, trepidam e degradam os prédios antigos do entorno. Pensar que os 50 decibéis previstos nas normas, já são excessivos, na verdade. Os danos (e despesas...), mais uma vez são dos proprietários e moradores.

As calçadas, por causa das garagens instaladas nos porões dos casarões, principalmente em alguns quarteirões da rua Dr. Malcher, não podem ser usadas normalmente pelos pedestres. Já que são estreitas, além do rebaixamento para que o veículo tenha acesso a garagem, quando há postes na calçada, o pedestre se vê obrigado a andar sobre o asfalto do meio da rua. Na via paralela, rua Dr. Assis, devido ao trânsito de ônibus, a calçada onde há paradas de ônibus, são usadas como estacionamento, principalmente por viaturas da PM, mas não somente. Um exemplo inaceitável ... e depois de destruí-las, quem deve consertar é o proprietário do terreno em frente a ela.

Pouco a pouco os direitos dos cidadãos vão para as cucuias. As calçadas, tombadas porque são de pedras de liós, não são mais de uso “dos pedestres”: afrontam o Código de Posturas. Um decreto municipal (irregular?), permite que sejam usadas como “terrace” de bares e restaurantes; sem lembrar que ao menos, 1,20m  é direito dos “portadores de deficiência”.  E quem usa carrinho de bebê, ou mesmo um “cego” com seu bastão, são considerados indignos de usá-las. Nenhum funcionário notou que esse artigo era...ilegítimo? O MPPA solicitou o cumprimento da recomendação..., mas os "terraces" estão lá, onde não deviam. (https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2016/02/as-calcadas-segundo-o-mpe.html) Ninguém lembrou de acatar a recomendação do MPPA.

Caso venha morar numa casa da Cidade Velha, você descobrirá também que, tem um poço artesiano a sua disposição. Como então? A água que chegava pelas torneiras era tão  suja que não era recomendável ser usada, nem para lavar roupa, imaginem para cozinhar... Cansados de pedir providências exigindo melhorias por parte da Cosanpa, todos acabaram optando por fazer poços artesianos. Mesmo após a substituição dos canos de ferro, os poços artesianos não foram fechados, porque de vez em quando, continua a faltar água, até mesmo na parte de ocupação mais recente do bairro... e até da cidade, mesmo.

Desse jeito, abandonando a luta por nossos direitos, vamos continuar andando pelo meio da rua, e deixando as calçadas para os postes com aquela fiação elétrica horrorosa na cidade inteira, em vez de exigir que a Equatorial faça o seu dever e enterrar esses fios. 

As normas dizem que é “competência constitucional privativa da União  legislar sobre energia elétrica e águas...”  parecendo  que nada impede esse trabalho, porém. Então, so precisa... negociar.

A CIDADE VELHA FICARIA MUITO MAIS BONITA ... PRINCIPALMENTE SE APROVEITASSEM PARA CONSERTAR , TAMBÉM, AS CALÇADAS DE LIOS... 

DUVIDO QUE O TURISTA FOSSE PREFERIR QUALQUER OUTRO... CALÇADÃO.


Um comentário:

  1. Comentar o quê? Só se for para lamentar junto com vocês, realmente o assunto é sério,eu lamento que tudo isso esteja acontecendo!😭

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