quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

UMA SEMENTE DE VALDEMIRO GOMES...



Neste momento de "crise" que passa a FIEPA, rego a semente que escrevi há +/- 30 anos (que ainda não germinou).

Exmo sr. Sec. e ilustres autoridades;
Exmo pres. da FIEPA , prezado amigo Flexa, caros companheiros e amigos
Minha querida mãe, Guth , Cristina e Miro.
Nesta oportunidade, em que companheiros, com sua bondade e como tal, além do que mereço, me homenageam, estou obrigado a dizer o que penso de nosso momento.
No decorrer deste, usarei pensamentos e declarações de Gandhi , político e grande pensador indiano, que estarão perfeitamente identificados no escrito, numa demonstração de que, passados aproximadamente 50 anos, suas verdades continuam servindo para nos motivar a mudar.
Dividirei este discurso em três momentos:
O meu momento:
São vocês que devem julgá-lo.
Já há tempos decidi, que o meu viver não será mais, meramente respirar, e sim participar e agir, e a minha felicidade, não será sómente uma estação e sim uma viagem.
Não mais abdico de meus direitos. Continuarei comandando minhas decisões pela minha consciência e não em função de ser agradável ou em razão de resultados imediatistas e exclusivamente materiais.
Estou crente que "o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente" e que o presente é o hoje e não o amanhã. Sobre moral e ética o amanhã deve ser hoje e o hoje agora. A sabedoria nos ensina que aquele que desperdiça o dia de hoje, lamentando o de ontem, desperdiçará o de amanhã, lamentando o de hoje.
O momento é de transparência.
Transparência não mais será aquela palavra solta, de efeito. Ela já é um movimento, é uma onda, é uma norma de conduta, uma bússola que deverá ser usada pelo político, pelo homem público, por todos,sob pena de vida curta para aquele que não a respeitar e usar. Quem duvidar, é bom lembrar-se do procurador Aristides Junqueira, da juíza Denise Forssard, e de muitos outros que se juntarão a nossa onda, a este fluxo transformador.
Devemos exigir que a administração pública seja de transparência total, permitindo-nos participar e julgá-la. A coisa pública não é do político A ou B. Eles não são donos e sim administradores, que quando não honrados ou capazes, devem ser afastados. Há que se prestar conta , mesmo que seja de uma conta de hotel em N.York.
"A dignidade pessoal e a honra não podem ser protegidas por outros. Devem ser zeladas pelo indivíduo em particular".
Tenham certeza que este movimento é mundial e irreversível. Brasil, Itália, Venezuela, Japão, França. Vamos repetir o movimento da anistia internacional .
Temos todos que nos integrar, sem medo.
Há dias, quando defendia tal tese, me chamaram de esquerda. De PT já fui rotulado quando, com meu filho vestí preto e ajudei a mudar nossos momentos de vergonha.
Esquerda e direita são coisas relativas e do passado.
Lembram-se de Cohn-Bendit ? Sim, aquele que foi líder de Maio de 68 em Paris e hoje é vice-prefeito de Frankfurt. Naquela época talvez o classificasse de extrema esquerda. Ele agora diz que ser esquerda " é não aceitar a fatalidade histórica e não permitir que o desemprego, as injustiças e os estragos ao meio ambiente cresçam. Ser de esquerda é priorizar esses problemas, é não deixar que eles se transformem em algo atávico e inexpugnável. ( rev.Veja nr.1288). Esquerda, Verde, Social, Tucano, e outros são para mim rótulos que nem sempre definem corretamente o conteúdo.
"Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convição de que a moral é o fundamento das coisas; e a verdade, a susbstância de qualquer moral".
O segundo momento chamarei de empresa .
Para retratar o que julgo dever ser uma empresa, lerei carta do presidente da Cata, de Março deste ano, aos seus funcionários, clientes e fornecedores.
A empresa, como nosso Brasil, necessita encontrar os rumos para a modernidade.
Nosso objetivo é vencer, desenvolver novos produtos e conquistar novos mercados.
Vencer deve significar satisfação de todos, dos operários, dos acionistas, dos clientes.
O apego ao existente deve ser restrito ao homem, ao companheiro de luta.
Nossa cultura, formada por mais de trinta anos, não deve ser esquecida e sim adequada com a participação de todos, numa demonstração viva que o maior patrimônio são nossos recursos humanos.
Que as necessidades de nossos clientes sirvam para a nossa orientação e inspiração e o mercado externo seja compreendido como a garantia e estabilização de nosso próprio mercado de trabalho.
O caminho de nosso sucesso é único e chama-se QUALIDADE.
Nosso ideal em qualidade é sua satisfação.
O terceiro momento, chamo-o de Pará.
Com a autorização de nosso secretário Luiz Paniago, usarei para desenhar meu Pará, trechos de uma carta que lhe dirigí em 19 de Dezembro de 1991, quando este querido amigo assumia a Secretaria de Comércio, Indústria e Mineração.
Escrevi.
Já tive oportunidade de externar minha desilusão e preocupação, como pareaense, no futuro desta terra que tanto amamos.
Particularmente, não compreendo que não tenhamos até a presente data, tido um secretário que pudesse obter do comando maior de nosso Estado uma vontade política em dizer vamos terminar com a era do extrativismo, a era colonial. Vamos preparar as bases do Estado para a era industrial.
O mundo externo está aí para provar que o caminho da melhoria social passa mais ou menos pela indústria. Poucos paises podem dizer que seu povo melhorou de vida sem ter de seus governantes uma política séria e de longo prazo industrial. A própria Suíça, com sua liderança dos serviços bancários, com atrativos naturais para o turismo, possui na indústria seu motor propulsor de bem estar .
Mas não é preciso viajar pela Suíça, Coréia, Japão, etc. para comprovar nossa afirmação. Aqui ao nosso lado, o que eram os estados de Minas, Bahia, etc. antes da industrialização? Sua resposta, provavelmente será "colônia exportadora de riquezas naturais".
O termo colônia não deve ser limitado a povos de nacionalidades diferentes. Por que não dizer que somos colônia do Paraná, quando nossa madeira é industrializada no Paraná?
A Coréia em 1952 não possuía indústrias, nem população alfabetizada. Hoje, o grau de abertura da economia é de 70 % e as suas exportações, em conjunto com Formosa, correspondem ao volume total da América Latina. Copiar os bons exemplos nunca foi pecado. Por que não promover uma viagem de estudos e ver de perto o "milagre"dessa nação.
Quase dois terços do comércio mundial são formados por manufaturados. A parcela de serviços é atualmente de 28 %, enquanto a parte referente a matéria-prima, hoje em 5 %, vem diminuindo.
Atualmente quase um quinto da produção mundial é exportada, enquanto há 25 anos era apenas de um oitavo. Em decorrência disso, os benefícios do crescimento do comércio mundial têm ficado praticamente restritos aos países industrializados, tendo em termos de troca registrado uma queda de 12 % para os países em desenvolvimento nos anos 80.
Não tenho receio de afirmar que o caminho para melhoria de nosso Estado e de nosso povo terá que ser via industrialização.
Quais as nossas matérias primas que estamos industrializando no Pará?
Caulim, madeiras, ouro, alumínio, urucu, maracujá, dendê, castanha, nossas ervas medicinais, pescados, borracha, ferro, cobre, carne, ...
Sou forçado a saltar os trechos seguintes pois analisava na mesma a problemática de nossa juta e malva, e sou suspeito. Continuei escrevendo:
O que é necessário para criar-se um plano industrial?
Primeiro:Decidir não como político e sim como estadista. Pensar a longo prazo, muito mais que um mandato.
Segundo: Criar condições para atrair o capital.
Terceiro:Reduzir a interveniência do Estado ao mínimo possível.
Quarto. Definir as prioridades ou fatores que implementarão tais princípios.
Observo que tal decisão implica um salto qualitativo que tem de ser acompanhado de educação de base e de capacidade tecnológica. Em consequência, uma disposição de gastar mais em educação. Os países industrializados aplicam hoje com educação uma parcela do PIB oito vezes maior do que no início do século.
As considerações de ontem são ainda válidas para o hoje, pois a realidade de hoje é a mesma de ontem.
O Pará continua parado. O Pará continua regredindo industrialmente, excluídos os grandes projetos, cujos efeitos e benefícios, o povo do Pará não têm sido o principal destinatário.
Quais as causas?
Deixamos de responder para que cada um medite, pense e fale pela sua consciência.
"A natureza é inexorável e castigará todo aquele que violar as suas leis".
O que fazer?
Mudar.
Vamos mudar.
Tenhamos certeza e confiança que nós é que temos de mudar para que o Pará mude.
Obrigado a família e em especial a meus pais, irmãos e mulher.
Obrigado companheiros e em especial aos da Cata
Obrigado Senhor, especialmente pelo maior dos bens que já me concedeste: meus filhos, Miro e Cristina, a quem dedico esta medalha e este meu momento, na esperança de que possamos ter no futuro mais e mais crianças em nosso Brasil, com o que hoje posso vos dar:
AMOR ; EDUCAÇÃO ; PÃO e PROTEÇÃO.
Gosto
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Um comentário:

  1. Sempre atual essa semente, infelizmene, pois indica que pouco mudou en 30 anos.

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