Devemos admitir que temos músicos fenomenais e vemos isso
nos espetáculos das nossas orquestras/bandas no Teatro da Paz, pena a divulgação ser tão ingrata...O pior acontece, porém, quando esquecem de apresentar os visitantes que vem até nós, para nos homenagear.
Ontem, dia 22 de novembro de 2021, fui, como muitos
outros, ao Teatro da Paz ouvir música
clássica... A maior parte das pessoas presentes sabiam apenas que ia tocar a
Orquestra Sinfonica do Teatro, e nada mais.
Chegamos, e como já tinha acontecido também poucos dias
atrás com o espetáculo da Jazz Band, o programa daquela noite não foi entregue
a ninguem. Desse modo, sem programa, e com o QRCODE do teatro desativado, ninguém soube o que ia assistir ... Na noite
da Jazz Band, ao menos, o regente dizia o nome das músicas e seus autores, mas
desta vez, nada. Nem o Regente nem os músicos deviam estar ao par da não
distribuição da programação da noite.
O espetáculo começou. A única música que reconhecemos na primeira parte, foi o
Guarany do Carlos Gomes. Depois toda a orquestra saiu do palco e montaram uma
bateria enorme... e nós, sem entender nada. Quando tudo parecia estar pronto, entrou um senhor em manga de camisa
e começou a ajustar mais ainda aquela instrumentação toda. De repente, porém, iniciou a tocar... e o público
sem saber quem era ele e que música era aquela...
Entrou a Secretaria da Secult, Úrsula, com um microfone na
mão, acompanhando uma moça com trajes indígenas, mas nada disse a respeito do
que estava acontecendo ou o que ia acontecer ainda... Sentaram-se na frente da
orquestra e a moça começou a falar na sua língua e a Ursula, lá, traduzindo aquela
"índia” que ninguém apresentou, assim também não soubemos quem era ...
Uma pena, porém, pois o público, boquiaberto,
nem sabia quando era hora de bater palmas. A música e o espetáculo dos
sons emitidos como se estivéssemos numa floresta foi bem recebido e muito
aplaudido. Como sempre a nossa orquestra foi fenomenal... so faltou informação
sobre o que tocavam.
No fim da noite o Regente da orquestra chamou um senhor, sem usar microfone, desta vez de paletó e gravata, para
receber aplausos, mas não disse quem era...!!! Em pé, os presentes insistiam em bater palmas, mas não sabiam se esperar um bis, ou ir embora... e acabamos indo.
Já fora do teatro descobrimos que a noitada não era uma
homenagem ao dia dos Músicos, mas era algo organizado para festejar os 50 anos da Aliança Francesa. Presenteavam Belém com a primeira audição mundial da música Amazonia de Pierre Thilloy (1),
nos disse um dos músicos... e o público presente nem soube disso.
Aquele em manga de camisa que arrumou os instrumentos era também francês: Frédéric Macarez na percussão (2).
Um absurdo não ter o programa da noitada, mas pior é que nem
a TV tenha dado noticia dessa homenagem tão importante para nossa cultura,
demonstrando não somente desinteresse, mas uma enorme falta de educação com
quem estava homenageando nossa terra...
A falta de divulgação dos espetáculos no Teatro da Paz é
vergonhosa. No mundo inteiro se faz publicidade dos sites dos teatros, para que
todos tenham acesso aos programas, enquanto aqui, até o QRCode esquecem de
usar. Todos os artistas correm atrás de público,
enquanto o nosso teatro fica esperando
que corram atrás de sua página...
Essa noite foi um triste exemplo de superficialidade, incompetência e tanta falta de respeito com quem nos homenageava.
DESCULPEM SENHORES DA ALIANÇA FRANCESA, QUEM ASSISTIU, ADOROU.
OBRIGADA PIERRE TILLOY, SUA “AMAZONIA” É LINDA.
FREDERIC MACAREZ SUA PERCUSSÃO FOI SENSACIONAL.
1- Pierre Thilloy é um compositor erudito contemporâneo, francês, que organiza desde 2014 o festival "Les 2 Mondes" e, desde 2018, o festival "Les Mystères de Caylus", tornando dessa forma possível, o encontro de culturas e de civilizações diferentes. (Agencia Pará)
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