quinta-feira, 11 de junho de 2020

LEMBRANÇAS QUE A PANDEMIA PROVOCA


O que fazer depois de tanto tempo trancados em casa senão recordar o passado: os aniversários, os passeios, as férias, S. João... Vendo umas fotos do Mosqueiro me veio tudo a tona e lembrei que... O  meu primeiro Natal, foi na casa do meu pai na praia do Farol. Eu tinha quinze dias de nascida mais ou menos. Lógico que não lembro de nada e hoje nem a casa tem mais.

Lembro em vez quando, ja nos fins dis anos 40 chegavamos de vapor e desciamos correndo o trapiche para pegar lugar num dos dois onibus ali existentens  nos anos 50. A ponte ainda não existia, assim nem carros por ali chegavam com muita facilidade.











Antes dos citados onibus velhos tinham os bondes puxados por cavalos...para levar  as familias  para suas casas nas praias. Não cheguei a vê-los.














Lembro também  que a orla do Mosqueiro onde estavam as casas mais bonitas, eram as praias do Farol e do Chapéu Virado. Um hotel em cada praia, rodeados pelas casas dos “bem de Belém”. 

Nascia o Hotel do Farol, cujo farol,  nunca cheguei a ver.
























Anos 60 a igrejinha do Chapeu Virado.


No fim dos anos 40 meu tio Aguiar comprou uma casa na praia do Chapéu Virado, feita por um engenheiro austríaco que la vivia. Lindissima e original por ter  usado coisas nossas, incluindo troncos para os bancos da sala de jantar. Cá e acola, alguns azulejos enfeitavam, como detalhes,  ângulos dos quartos. Nas paredes, pratos com cenas de caçadas ou com cães e cavalos de  porcelana inglesa.
A casa em questão foi modificada nos anos 70 e hoje está assim deturpada...
Da sala de jantar um janelão se abria para o quintal com todas as frutas nossas: do abacate, mamão, cupuaçu...ao Pau Brasil. Derrubaram muitas arvores e acrescentaram uma piscina. A mesa era enorme, e quando chegavam as férias, se enchia de grandes e pequenos.

Na casa das minhas lembranças cresci, praticamente, e lembro o trampolim de madeira que tinha na praia do Chapéu Virado, a altura do hotel que  ficava na pracinha onde tinha uma miniatura de igreja. Lembro quando o reconstruíram de ferro, no inicio dos anos 50. Morriamos de vontade de pular daquele trampolim quando a maré estava cheia, mas tínhamos receio que pudesse ser usado so pelos clientes do hotel.































Na praia do Chapeu Virado, em frente a nossa casa tinha uma mangueira e do lado direito umas palmeiras que o vento dobrou. Com o tempo, uma por uma foi caindo.
De longe víamos a ilha dos Amores, onde so grandinha, com uns 15 anos cheguei a andar por aquelas pedras pontiagudas que a formavam. Tinha pavor que a maré enchesse e eu ficasse presa la. Olhava entorno e imaginava onde poderia me encarapitar se isso acontecesse, e voltava logo correndo dali.

Sabiamos que do lado direito do trapiche ficava  a Fabrica Bitar de onde pensavamos saiam as bolas de "borracha" que compravamos sempre para brincar na água.

Toda a orla era cheia de mangueiras frondosas onde os ‘moleques’ enrolavam, entre uma e outra, o fio com cerol para usar nos papagaios, depois do almoço. Da janela do banheiro dos meu tios que ficava numa ala da casa em cima da garagem, olhava o trabalho deles. Queria dizer eu ia ter briga na praia no dia seguinte.

O céu se enchia de papagaios, rabiolas e afins e grandes e pequenos torciam para que fossem ‘cortados’, e assim podiam correr atrás. De repente uma correria começava e, indistintamente, homens de todas as idades começavam a busca do troféu: o papagaio cortado. Saia briga, muitas vezes e o papagaio acabava rasgado.

No verão, apenas chegavam as férias íamos para la e ainda chegavamos a ver os ‘boi-bumbas e pássaros’, que meu tio trazia para dançar em casa. Convidava os vizinhos e assim  a casa ficava superlotada para o espetáculo. Comida da época, a granel. Gingibirra a vontade e fogos, estrelinhas, estalinhos, pega moleque e outros  tipos eram distribuídos entre as crianças.


Tempo de férias e S.João  estão chegando e nós em casa a relembrar a igrejinha do Chapeu Virado, o mercado, os chalés  e as praias do Mosqueiro que ouviamos falar nossa infancia e juventude:  Bispo, Ariramba, Murubira, Grande...












Fotos da CIVVIVA, da internet e do Blog do Alcir...Rodrigues.

3 comentários:

  1. Boa tarde!
    Adorei o texto. Parabéns.
    Respondi ao seu e-mail, já faz um tempo, mas dias depois recebi mensagem dizendo que houve falha no envio da mensagem.
    Você me perguntou por um livro. Suponho que seja um dos que estão disponibilizados pelo Clube de Autores. Para chegar à minha página, digite no buscador Google "Cantos da ilha", assim, entre aspas. Dois dos meus livros estão lá. Veja se lhe interessam.
    Abraços!

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  2. Perdoe-me, pois acima saiu meu comentário como desconhecido. Meu nome é Alcir Rodrigues, do blog Moskowilha.

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  3. Linda homenagem a Ilha de Mosqueiro. Parabéns!

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