quinta-feira, 26 de setembro de 2019

CONFLITO DE VIZINHANÇA EM BELÉM


de Antonio Carlos Lobo Soares *


    Olavo mora no centro de Belém do Pará, onde os ônibus circulam em corredor e as motocicletas entre os carros, sem respeitar a sinalização. Reside no 9º andar de um prédio, onde todos os dias, à tarde, divide com a esposa uma tigela de açaí na sacada.

    O casal adora apreciar o movimento nas calçadas, na rua e nos quintais ao entardecer. Da sacada eles perceberam que o som se propaga com mais velocidade no clima quente e úmido, sobe e alcança com facilidade os andares superiores. Em certas horas do dia parece que os veículos estão dentro do apartamento.

    Consequência desse efeito sonoro, o casal coleta assinaturas para acionar o juizado de crimes ambientais, contra um bar na esquina do quarteirão. Embora o CONAMA limite o nível sonoro máximo noturno em 50dB (decibéis), o bar ultrapassa em muito este nível. Usa mesas na calçada e um sistema de som, ligado a televisores e a um palco no interior, perceptível no 9º andar, em especial na hora em que a família vai dormir.

Por volta de 23h, bate o desespero no casal! Com a redução do tráfego, o bairro experimenta um silêncio agradável, adequado a um bom sono, reparador e garantido por Lei que, no entanto, lhes é roubado pelo tal bar. Nos dias de jogo, então, nem se fala! Às 24h recebe um DJ e vira discoteca, com luzes coloridas, som alto, dança e muitos gritos.

    O casal já cansou de reclamar da situação ao Disque Silêncio. A última resposta recebida foi que o único veículo de plantão em Belém estava em Icoaraci e demoraria uma hora para retornar. Desistiram de ligar para o 190 e o 181, por terem visto, algumas vezes, o carro de polícia na porta do bar e nada acontecer.

    Na madrugada de um domingo, o silêncio foi quebrado com o choro da primogênita Luíza e o casal, assustado, foi até a sacada ver do que se tratava. Era uma briga generalizada no bar, com gritos, sons de garrafas a quebrar e do arranque dos carros dos clientes a deixar o local.

    Olavo havia prometido não parar de cobrar das autoridades o cumprimento das Leis e a proteção dos cidadãos que precisam de um sono reparador. Entretanto, comunica que acaba de inaugurar outro bar, na esquina diagonal e similar ao primeiro aqui descrito. Diante dessa novidade e cansado de não ver prosperar a ordem em Belém, ele nos informa que vai se mudar com a família para Portugal!

    E você! Vai modificar esta situação ou também vai se mudar para Portugal?   

* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,
Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.

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O que ele relatou se repete sempre comigo e com outros. A desilusão maior é, porém, ver as leis existentes, não serem usadas para ajudar o cidadão. É o desinteresse de tantos, que podem fazer algo e em vez, lavam as mãos. É deixar andar a nossa democracia pelo ralo...em troca de que?
Napraça do Carmo isso é visivel
- o boteco começa e acaba seus momento musicais, quando bem entende;
- os decibeis superam de  muito quanto previsto pelo CONAMA;
- mesmo se "calçada é para pedestres" eles usam como bem entendem;
Se alguem autoriza esses desmandos, não esta respeitando as leis. O cidadão perde mas quem autoriza o faz por que?

Os abusos continuam pela noite afora e, depois de ter telefonado para o 190, e não acontece nada; para o  181, e, idem; recolhes assinaturas; fazes fotos e pões no twiter...  perdes o sono e a paciência em troca  de nada, so de abusos.

Quando bate as 23h ou uma da manhã (no caso de batuques) no auge do desespero, escrevo ao Prefeito, a chefa da Guarda Municipal, a Procuradores e Promotores do MPE citando as leis ignoradas... e o barulho continua. Não passa viatura de nenhum tipo.
Isso até poderia ser demonstrado diversamente se as cameras do CIOP funcionassem sempre...

Acreditas na democracia e tentas todos os passos, sem resultados permanentes e concretos.  É dificil enfrentar quem tem por principio não respeitar as leis... Esse não é um democrata... e continuas a ver  todo tipo de abuso enquanto as camaras do CIOP desligadas, evitam de ajudar a descobrir quem da cobertura  para os desonestos de plantão que destroem nosso patrimonio estacionando onde não devem,, ex. calçadas de liós e grama da s praças... Isso desde 2016.

Cadê fiscalização?  cadê multas; cadê sanções inclusive aos orgãos publicos que dão péssimos exemplos....e vemos.  E as intimidações descaradas? E a falta de respeito com os cidadãos?  https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2019/04/e-quando-os-edificios-nao-caem.html

Essa juventude que ocupa os orgãos publicos, hoje,  que nem sabe que memória defender, ainda é capaz de estacionar na grama de praças tombadas nos fins de semana. Demonstram seguir a caravana...e, claramente, sem  conhecer nenhuma lei, continuam defendendo seu emprego sem tanto merecimento.

Que cidadania estamos incentivando? Que exemplo damos? Como se sente o cidadão frente a tanto desrespeito por parte da administração...??? Nem todas as pessoas  tem vontade e coragem de defender seus direitos e quando alguem o faz descobre essa triste realidade
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2019/09/um-ano-atras.html

Mais um que acreditava na democracia, se vai, e é uma pena.

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