quinta-feira, 11 de maio de 2023

1 - JARDIM BOTÂNICO DE BELÉM DO PARÁ (1798)

 

ANTES DA AVENIDA 16 DE NOVEMBRO  ser criada em 1902, ali existiu algo bem diferente... Algo a respeito escrevemos em 2015

 = https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2015/11/uma-homenagem-av-16-de-novembro.html = agora completaremos detalhadamente para os estudiosos se informarem melhor.

Esta a fonte Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)

Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)

Como é muito longo, dividiremos em três partes: a pre-historia; -  o nascimento; - e a morte.

JARDIM BOTÂNICO DE BELÉM DO PARÁ (1798)


HISTÓRICO

Em 4 de novembro de 1796, a rainha D. Maria I, por meio de uma Carta Régia, ordenou a implantação de um jardim botânico em Belém do Pará. Tal documento foi dirigido ao então governador da Capitania do Pará, D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, que apenas em 1798 executou a ordem real, criando assim o Jardim Botânico de Belém do Pará.

A construção de um jardim botânico tinha objetivo agrícola, científico e econômico; sua finalidade era ter um local onde fossem aclimatadas plantas úteis ao comércio de especiarias europeu e ainda onde se conservasse e ampliasse o conhecimento sobre vegetais amazônicos, tidos como exóticos.

Todo este empenho da metrópole portuguesa em organizar um estabelecimento botânico no norte do Brasil era produto de um pensamento fisiocrata que assolava Portugal no século XVIII; um típico "mercantilismo ilustrado", como afirmou Fernando Novaes (Apud SEGAWA,1996, p.111). No século XVIII ou "Século das Luzes", enfatizava-se o racionalismo e defendia-se a idéia da ciência como explicação do mundo. A fisiocracia, inspirada nos preceitos iluministas, apresentava a terra como a única e verdadeira fonte de riqueza, estimulando o conhecimento e o incremento da botânica com vários fins.

Mesmo Portugal, que vivia à margem do pensamento europeu, não ficou de fora do espírito ilustrado e um exemplo claro disso foi a atuação de Sebastião José de Carvalho Melo, o Marquês de Pombal. Este, quando ministro, empreendeu reformas na Universidade de Coimbra, buscando situar o pensamento português na perspectiva ilustrada em voga pelo restante da Europa. Logo, com as reformas pombalinas, o impulso dado às ciências naturais, particularmente à botânica, foi enorme e se traduziu nas expedições de reconhecimento patrocinadas pela Coroa Portuguesa e também em escritos acerca das potencialidades naturais das colônias – observações sobre vegetais, enfatizando botânica, agricultura e mineração.

Segundo o pensamento da época, a Coroa Portuguesa entendia que o conhecimento científico das riquezas naturais de uma região e sua conseqüente aplicação econômica caminhavam juntos, justificando com isso sua política de implementação de um espaço botânico com o fim de permuta de plantas de vários lugares, além da aclimatação de especiarias no Brasil Colônia.

Neste contexto inseriu-se a Carta Régia de 1796, dirigida a D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, Governador da Capitania do Pará, com o intuito de criar espaços botânicos onde se cultivasse plantas úteis à metrópole. O governador, homem de grande poder aquisitivo e de nível cultural bastante elevado, provinha de uma família ilustre que prestara inúmeros serviços ao Reino português e tinha como irmão D. Rodrigo de Sousa Coutinho (Conde de Linhares), uma figura importante na política portuguesa e que tinha idéias arrojadas para Portugal.

De posse da Carta Régia, Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho resolveu executar a ordem real, escolhendo local e os funcionários que se responsabilizassem pelos trabalhos de organização do jardim botânico. Naquela época, o governante voltava suas atenções para a defesa do território paraense, em virtude da proximidade com a Guiana Francesa e do temor de que as idéias revolucionárias penetrassem na capitania. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho precisava executar uma severa vigilância na fronteira e assim estipulou um elaborado plano de espionagem em Caiena, capital do território inimigo, sendo sempre informado sobre tudo o que ocorria na colônia francesa. Através dessa estratégia, o governador da capitania mandava seus espiões observarem e trazerem amostras de vegetais locais que pudessem ser aclimatados na Amazônia, e que pudessem representar lucros para a economia portuguesa.

O clima conturbado em Caiena fez com que inúmeros proprietários migrassem de lá para vários lugares, tendo alguns deles pedido permissão para atravessar a fronteira. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho receava recebê-los, temendo uma infiltração das idéias de "liberdade, igualdade e fraternidade" tão divulgadas com a Revolução Francesa. Dentre os que avançaram além da fronteira, estavam Michel du Grenouillier e Jacques Sahut, ambos proprietários agrários e que seriam úteis de alguma maneira à política portuguesa de manutenção e cultivo de espécies vegetais.

Logo depois, Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho contratou os serviços de Grenouillier, confiando-lhe a organização do Jardim Botânico de Belém, tendo como assistente o Capitão de Regimento da cidade, Marcelino José Cordeiro. Como assumiu o cargo adoentado, Grenouillier logo veio a falecer. Em seu lugar, assumiu seu conterrâneo Jacques Sahut, que também veio a falecer no ano seguinte à fundação do horto, em 1799. Com isso, Marcelino José Cordeiro tornou-se o único responsável pela delineação e organização do local. Mais tarde, o próprio Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho admitiu que toda a estruturação do jardim fora obra daquele Capitão de Regimento, mesmo nos tempos de Grenouillier.


PS: obrigada, José Marajó Varela, por este material.

Nenhum comentário:

Postar um comentário