terça-feira, 30 de maio de 2023

A SOPA DO PADRE SERRA

 

Quem lembra do padre  Serra e sua sopa? Anos atrás ele ficou famoso alimentando pobres e moradores de rua... mas ele não era um administrador público, era um cidadão. Não era uma secretaria municipal que fazia isso, mas um religioso. Fazia o que podia e resolvia dia a dia o problema daquelas pessoas, mesmo sabendo que não modificava  a realidade deles, so os ajudava a sobreviver.

A distância de anos vimos ontem, dia 29 de maio, a praça do Carmo se encher de gente, na porta do que devia ser o Teatro Nazareno Tourinho.  Descobrimos que esperavam a senha que daria direito a comida... 

Pensamos logo no Padre Serra, e comparamos com o que estavam fazendo, a distancia de anos. Ou será que, paralelamente, estão organizando cursos para esses “convidados” de modo que possam arranjar algum trabalho... ou, futuramente, os veremos, novamente nos sinais de transito “botando fogo” pela boca?

Os moradores da praça, surpresos, não entendiam o que estava acontecendo. Uma Kombi, colorida, há dias estacionava no meio da praça do Carmo, repetindo a mesma incivilidade dos clientes dos locais noturnos situados na Siqueira Mendes. Na porta da Kombi, porém, estava escrito “PREFEITURA “.  Não era um privado cidadão que desrespeitava as leis em vigor, estacionando onde não devia,... era uma instituição, a qual tem entre seus órgãos de governo, quem deve cuidar do respeito do Código do Transito...

A poluição sonora não foi ignorada, também. De tarde, depois de almoçarem, na escadaria da praça, alguns dos convidados, olhavam e ouviam o que faziam alguns outros, vestidos com roupas coloridas. Cantavam, dançavam, gritavam superando os 50 decibeis previstos nas normas sobre ruídos, do CONAMA.


De noitinha deram jantar aos presentes... e os moradores e comerciante, todos preocupados e com receio que o que estavamos vendo,  virasse moda...

 Ninguem foi informado de nada e viamos várias normas serem ignoradas, prepotentemente, inclusive sem banheiro a disposição e perturbando o sossego alheio. Depois se foram, mas voltaram hoje, e a kombi passeava pela praça...



Com certeza, antes de "aprender a pescar" o  faminto precisa se alimentar. Acreditamos porém que há alternativas mais justas e racionais de saciar essa fome, sem perturbar a ordem pública e prejudicar o patrimônio de uma área tombada. 

Nós da CIVVIVA, há anos insistimos na necessidade do   poder público (União,  estado e municípios) obedecer a legislação vigente e implementar a educação ambiental, a educação patrimonial e a educação para o trânsito para a população em geral. Esses temas deveriam compor, de forma transversal, o conteúdo de várias disciplinas, no pré-escolar, no ensino fundamental e médio (todas as escolas)... ajudaria a não  repetir, com abusos, numa praça pública, o que fazia o padre Serra anos atrás.   

A que servem as leis que sugerem uma gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano, se são ignoradas  por quem nos governa.

A indiferença do poder público ante as  propostas/contribuições  dos cidadãos visando o debate e o atendimento de demandas de  interesse público demonstra uma conduta desrespeitosa, que suscita especulações sobre os verdadeiros propósitos e intenções de quem nos governa.

O emprego arbitrário da própria autoridade, de uma posição de superioridade ou mesmo de força para impor a própria vontade sem se confrontar com a cidadania, é sempre um abuso que, além de ignorar as leis, causa danos e ofensa aos direitos de outros.

 A nossa democracia precisa ser mais respeitosa.


PS:  As 23h tinha gente a beça dormindo na grama da praça, mas as 6 da manhã de hoje (31/05) não tinha mais ninguem , voltaram as 8h....e apareceu, também, essa ambulancia, que ficou até meio dia... 


Nenhum comentário:

Postar um comentário