quarta-feira, 20 de maio de 2020

CONFINAMENTO NA PRAÇA DO CARMO


Ninguem reconhece mais a Praça do Carmo. Aquele espaço enorme,  há pouco mais de três meses está  ‘murado’ para conserto. Não aquela revitalização decidida em 2015 e que custaria pouco mais de 500 mil reais. Pelo triplo da quantia do projeto anterior,  agora se chama  ‘requalificação’”, e não sabemos como será.

Aqui temos a pre-historia recente de algumas praças desta área tombada:
- http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com.br/2013/08/pac-das-cidades-historicas.html 
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2015/08/1-como-vai-o-pac-cidades-historicas.html 
-https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2020/05/a-requalificacao-da-praca-do-carm.html

Assim está ela, agora, murada e com o piso do anfiteatro mais alto:

Vamos  falar da vivencia dos moradores da Praça do Carmo nestes últimos meses, enquanto na televisão davam noticias  do reconhecimento da existencia em ato de una  Pandemia no mundo. Começou na  China mas o  que estava acontecendo na Europa é que fazia noticia. Tudo parecia muito longe de nós.

Vimos, porém, um belo dia de fevereiro, chegarem uns operários e murarem toda a praça do Carmo. Contemporaneamente, fizeram o mesmo na Praça do Relógio e na Pça dos Leões. Tres das cinco praças grandes da Cidade Velha iam ser... cuidadas, sem algum debate público e nem projetos de retorno ao passado.

Os moradores da praça, distribuidos entre a Siqueira Mendes a Joaquim Tavora e na chamada Praça do Carmo, são menos de vinte. Para começar, com aquele  muro perdemos imediatamente a visão da imensidão da praça.  Não viamos mais o lado de la... Os bares que a usavam como sala de jantar, perderam seu espaço.  Os motoristas que nos fins de semana abusavam usando o anfiteatro como estacionamento, tiveram que se mudar.

E chega a Pandemia em Belém. Os locais noturnos começaram a diminuir seus programas. As calçadas do entorno, nos fins de semana ficavam livre para os pedestres. O movimento nos portos da Siqueira Mendes diminui, assim como começam a desaparecer os clientes das lojas de materiais náuticos, de pesca, de motores  e apetrechos para a agricultura. O transito diminui. Os moradores da praça gozavam o mais absoluto silencio. 

Pouco a pouco o movimento na praça do Carmo tinha começado a  desaparecer.  O Colégio do Carmo suspende as aulas.  Nos fins de semana o silencio era  suspenso somente quando os sinos tocavam avisando que... não ia ter missa. O domingo de Ramos se foi com a Pascoa sem nenhum movimento. Os moradores acostumados com a vida religiosa  típica do bairro mais antigo de Belém, estavam desnorteados.

E veio  o bloqueio/confinamento em Belém...e a praça,  morreu, definitivamente. Nem o barulho da obra se ouvia mais.  Carros? Nenhum.  Carretas trazendo materiais  para o conserto da praça, em vez, sim, furando qualquer bloqueio, decretos e leis.  

Alguns moradores  pegaram o vírus e vieram a decesso, outros,  foram para o sitio... Menos moradores, mas aumentou  o número de pedintes. Todos foram assaltados, diziam sempre, e nenhuma loja aberta para ajuda-los...

Na praça do Carmo, a maior parte dos prédios tem no andar térreo uma loja. A parte de cima de  três ou quatro deles é habitada por famílias de quem tem loja embaixo. Casas de familias, apenas três. Sabado e domingo fica tão vazia como nos dias de semana. Com certeza, em várias  áreas de Belém, a situação deve ser a mesma. 

A solidão e o silêncio é algo inabitual em Belém, mais ainda na Cidade Velha. A experiência terrificante e dolorosa do  Corona Vírus,  só aumenta a tristeza e o perigo... Estamos todos preocupados e...muito sós.

Esperamos ansiosamente que chegue a vacina...


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