quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Discutindo o carnaval - 2



Chegou o ano das eleições. Depois de uma luta para evitar o uso de praças tombadas com "concentração" de blocos carnavalescos, tivemos uma reunião na Secretaria de Segurança do Estado, para discutir o fato. Presentes, além da Civviva, estavam os representantes da Asfavelhas (Kaveira, Eloy e outros), de algumas instituições e de vários orgãos públicos quais: Ministério Público, IPHAN, Fumbel, Secon, DPA, DEMA, Secult, PM, GM, etc. etc., etc.

A Civviva não aceitou a proposta daqueles que defendiam o uso de praças tombadas como "estacionamento" de blocos. O abaixo assinado que tinhamos mandado aos orgãos presentes era claro a respeito, mas fomos derrotados.

Dai mudou o governo e, proprio o orgão que devia defender a área historica, a Fumbel,  autorizou vários blocos com trios elétricos a estacionarem na Praça do Carmo. Em vez de área de passagem de outros blocos, a área tombada passou a abrigar as "concentrações" de blocos alla bahiana, com abadas, em vez de mascarados e trios elétricos em vez das tradicionais bandinhas.... 

O carnaval que viamos acontecer na Cidade Velha mudou totalmente. A poluição sonora, que nunca tinha sido considerada um problema, começou a invadir o meio ambiente. Nos quatro cantos da Praça do Carmo, automoveis chegaram, estacionaram, abriram o guarda malas e começaram a tocar musicas de todos os ritmos, menos carnavalescas. A concorrência de quem tocava mais alto era ensurdecedora. Paralelamente, ao redor da praça, em vez, passavam os blocos com seus trios elétricos... em frente a uma igreja, tombada,  que estava sendo restaurada...

"Entre as competências da FUMBEL, segundo o artigo 1 da Lei Nº 7455, de 17 de julho de 1989, que a criou, temos o:  objetivo específico de planejar, coordenar, executar, controlar e avaliar as atividades de cultura e de desportos comunitários do Município de Belém, bem como contribuir para o inventário, classificação, conservação, restauração e revitalização de bens de valor cultural do Município."

Isso não viamos acontecer: além do carnaval e do Auto do Círio, outros eventos barulhentos eram autorizados. A presença do Arraial do Pavulagem em tempos carnavalescos, foi colocada em discussão, até que tal evento foi retirado na Cidade Velha, mas outros subentraram, mesmo se ocasionalmente e em outros periodos. 

A poluição sonora na área tombada, estava institucionalizada, com ajuda, inclusive, do Auto do Cirio. Essa realidade é registrada com várias notas  neste blog e no  Civviva. 

Em 2014, porém, descobrimos numa ruinha da Cidade Velha, algo completamente diferente do que viamos acontecer nas praça da Sé e do Carmo. Um bloco composto por gente mascarada e com bandinha, que defendia  o nosso patrimônio com cartazes... 

http://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com.br/2014/02/carnaval-elogiavel.html . Decidimos conferir a eles, o Reconhecimento Carlos Rocque e a Prefeitura nos apoiou... que contradição.

Os anos passavam e a poluição sonora aumentava. O bloco do Kaveira foi impedido de participar do carnaval da Cidade Velha. O numero de blocos autorizados a fazer suas concentrações na Cidade Velha, porém, aumentava... e os foliões que urinavam nos muros, nas portas das casas e nas mangueiras, também cresciam. Nossas reclamações aumentavam.

Apesar de todas as leis que prevem a presença de representantes dos cidadãos, nas reuniões começou-se a notar essa ausência. Esta Associação não foi mais chamada para participar das discussões que antecediam o carnaval. Para defender o patrimônio e os moradores, nenhum representante.

Tinha tido inicio a comercialização do carnaval em Belém.

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