ONTEM conheci esses meninos. Podiam ser meus netos, mas não são, são doutores, professores: um de psicologia e o outro de direito na UFPA.
Organizaram
em evento sobre a:
DITADURA
CIVIL-MILITAR 40 ANOS DEPOIS
HISTÓRIA,
TESTEMUNHO, EXCEÇÃO
Me procuraram pois querem tornar pública a atividade que fiz
durante meu exilio na Itália.
Gostei do título pois me considerei logo, a “exceção”. De fato nunca vi nada escrito sobre o que faziam os
exilados para ajudar a derrubada da ditadura. ... Quem conhece os problemas dos
exilados? Como se comportavam as embaixadas? Quem ajudava essas pessoas? E quantos
continuaram se dedicando a luta, fora do Brasil...
Diferente da maioria dos exilados, eu era cidadã italiana, assim
sendo os meus problemas eram bem menores de muitos outros.... mas era mulher, e
mãe. Um dia, no século passado, resolvi
escrever sobre a minha vida fora do Brasil, mas quando chegava na hora de falar
sobre a Itália eu me blocava.
Vendo os anos passarem e acompanhando alguns retrocessos na situação politica atual, no mundo inteiro, consegui, violentando-me, acabar de escrever o que estava parado há vinte anos...e adoeci... Somatizei algo, e por uns cinco meses passei os fins de semana no hospital, vomitando.
Um
médico, tendo constatado, depois de vários exames que eu não tinha nada, me mandou
para um psicólogo. Me veio então em mente, que na Itália quando tinha algum
problema cuja resolução não dependia da minha vontade, me aparecia alguma doença
estranha... Uma vez “perdi a pele” que nem cobra, como acontecia quando pegava muito sol no Mosqueiro e,
descascava; outra vez, fiquei paralitica no escritório e tiveram que me leva para
o hospital. E assim por diante, eu
transferia para o meu corpo os problemas que a vida me punha... Com
a psicóloga, os problemas saíram da minha garganta ...e o livro seguiu para publicação.
Resumindo: a exceção, é falar sobre o “exilio”. Todos preferiríamos
estar aqui e comer pato no tucupi, em vez de macarrão, risoto ou ratatouille... Eu
olhava a chuva da janela e via que era bem ralinha, diferente dos nossos
temporais. Todos os prédios e monumentos que visitava, eram mais velhos do que
o Brasil... Tive que aprender a comer sem farinha e esquecer o doce de
cupuaçu, o sorvete de bacuri e... o açai com farinha tapioca.
Os dois anos de ausência do Brasil, correspondente aos anos de estudo na Europa, se transformaram em mais de trinta. Sai daqui em 1969 e só voltei em 2004. E sobre essa ausência/vivencia, vou falar, enquanto o livro "Reminiscências e Testemunhanças" está na gráfica.
Dia: 01.04.2025 (terça-feira).
Hora: Às 15h.
Local: Auditório Hailton Corrêa, altos do ICJ-UFPA (campus Belém).
A entrada é franca... se me ouvirem vão poder formar uma opinião e parar de me chamar de “velha chata” porque exijo tanto o respeito das leis...
Questão de democracia. ANISTIA, NUNCA.
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