Em março deste ano, para lembrar mais uma vez a data do golpe de 64 e tudo de negativo que proporcionou para os brasileiros, dois professores universitários me convidaram para falar daquele período...
“DITADURA CIVIL-MILITAR 40 ANOS DEPOIS
HISTÓRIA,
TESTEMUNHO, EXCEÇÃO
Gostei
do título pois me considerei logo, a “exceção”. De
fato nunca vi nada escrito sobre o que faziam os exilados para
ajudar a derrubada da ditadura. ... Quem conheceu os problemas dos exilados sem ser um deles?
Como se comportavam as embaixadas? Quem ajudava essas pessoas? E quantos
continuaram se dedicando a luta, fora do Brasil...
Diferente
da maioria dos exilados, eu era cidadã italiana, assim sendo os meus problemas
eram bem menores de muitos outros.... mas era mulher, e mãe. Um dia, no século
passado, resolvi escrever sobre a minha vida fora do Brasil, mas
quando chegava na hora de falar sobre a Itália eu me blocava.
Vendo
os anos passarem e acompanhando alguns retrocessos na situação politica atual,
no mundo inteiro, consegui, violentando-me, acabar de escrever o que estava
parado há vinte anos...e adoeci... Somatizei algo, e por uns cinco
meses passei os fins de semana no hospital, vomitando.
Um
médico, tendo constatado, depois de vários exames que eu não tinha nada, me
mandou para um psicólogo. Me veio então em mente, que na Itália quando tinha
algum problema cuja resolução não dependia da minha vontade, me aparecia alguma
doença estranha... Uma vez “perdi a pele” que nem cobra, como
acontecia quando pegava muito sol no Mosqueiro e, descascava;
outra vez, fiquei paralitica no escritório e tiveram que me leva para o
hospital. E assim por diante, eu transferia para o
meu corpo os problemas que a vida me punha... Com a psicóloga, os
problemas saíram da minha garganta ...e o livro seguiu para publicação.
Resumindo:
a exceção, é falar sobre o “exilio”. Todos preferiríamos estar aqui e comer
pato no tucupi, em vez de macarrão, risoto ou ratatouille... Eu olhava a chuva
da janela e via que era bem ralinha, diferente dos nossos temporais. Todos os
prédios e monumentos que visitava, eram mais velhos do que o Brasil... Tive que
aprender a comer sem farinha e esquecer o doce de cupuaçu, o sorvete de bacuri
e... o açai com farinha tapioca.
Os dois anos de ausência do Brasil, correspondente aos anos de estudo na Europa, se transformaram em mais de trinta. Sai daqui em 1969 e só voltei em 2004. E foi sobre essa ausência/vivencia, que falei, enquanto o livro "Reminiscências e Testemunhanças" estava na gráfica. "
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2025/03/reminiscencias-testemunhancas.html "
HOJE O LIVRO ESTÁ PRONTO... se me ouvirem vão poder formar uma opinião e parar de me chamar de “velha chata” e "encrenqueira" porque exijo tanto o respeito das leis...
Questão de democracia: ANISTIA, NUNCA... estamos vendo como eles querem tudo de novo.
1979 - festival do L'Unitá a BOLONHA. Primeira foto depois da anistia.
https://www.instagram.com/p/DHtXi5eumEn/?igsh=cjhpZGd0dHd2ZXE4

Nenhum comentário:
Postar um comentário