quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

QUANDO TUDO COMEÇOU...

 

Em março deste ano, para lembrar mais uma vez a data do golpe de 64 e tudo de negativo que proporcionou para os brasileiros, dois professores universitários me convidaram para falar daquele período...

DITADURA CIVIL-MILITAR 40 ANOS DEPOIS

HISTÓRIA, TESTEMUNHO, EXCEÇÃO

Gostei do título pois me considerei logo,  a “exceção”. De fato  nunca vi nada escrito sobre o que faziam os exilados para ajudar a derrubada da ditadura. ... Quem conheceu os problemas dos exilados sem ser um deles? Como se comportavam as embaixadas? Quem ajudava essas pessoas? E quantos continuaram se dedicando a luta, fora do Brasil...

Diferente da maioria dos exilados, eu era cidadã italiana, assim sendo os meus problemas eram bem menores de muitos outros.... mas era mulher, e mãe. Um dia, no século passado,  resolvi escrever sobre a minha vida fora do Brasil, mas quando chegava na hora de falar sobre a Itália eu me blocava.

Vendo os anos passarem e acompanhando alguns retrocessos na situação politica atual, no mundo inteiro, consegui, violentando-me, acabar de escrever o que estava parado há vinte anos...e adoeci... Somatizei  algo, e por uns cinco meses passei os fins de semana no hospital, vomitando. 

Um médico, tendo constatado, depois de vários exames que eu não tinha nada, me mandou para um psicólogo. Me veio então em mente, que na Itália quando tinha algum problema cuja resolução não dependia da minha vontade, me aparecia alguma doença estranha... Uma vez “perdi a pele” que nem cobra, como acontecia  quando pegava muito sol no Mosqueiro e, descascava;  outra vez, fiquei paralitica no escritório e tiveram que me leva para o hospital. E assim  por diante, eu transferia para  o meu  corpo os problemas que a vida me punha... Com a psicóloga, os problemas saíram da minha garganta ...e o livro seguiu para publicação.

Resumindo: a exceção, é falar sobre o “exilio”. Todos preferiríamos estar aqui e comer pato no tucupi, em vez de macarrão, risoto ou ratatouille... Eu olhava a chuva da janela e via que era bem ralinha, diferente dos nossos temporais. Todos os prédios e monumentos que visitava, eram mais velhos do que o Brasil... Tive que aprender a comer sem farinha e esquecer o doce de cupuaçu, o sorvete de bacuri e... o açai com farinha tapioca.

Os dois anos de ausência do Brasil, correspondente aos anos de estudo na Europa, se transformaram em mais de trinta. Sai daqui em 1969 e só voltei em 2004. E foi sobre essa ausência/vivencia, que falei, enquanto  o livro "Reminiscências e Testemunhanças" estava na gráfica. "

https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2025/03/reminiscencias-testemunhancas.html  "

HOJE   O LIVRO  ESTÁ PRONTO... se me ouvirem  vão poder formar uma opinião e parar de me chamar de “velha chata” e "encrenqueira" porque exijo tanto o respeito das leis... 

Questão de democracia:  ANISTIA, NUNCA... estamos vendo como eles querem tudo de novo.

1979 - festival do L'Unitá a BOLONHA. Primeira foto depois da anistia.

 https://www.instagram.com/p/DHtXi5eumEn/?igsh=cjhpZGd0dHd2ZXE4


 ATÉ DIA 10 DE DEZEMBRO LA NA AV. NAZARE,PROPRIO NO MUSEU DO JUDICIARIO ESTADUAL.

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário