O Domingo
amanheceu lindo. Eu ia almoçar na casa de uma amiga, e enquanto me preparava
faltou luz. Peguei um espelho e fui la para tras, acabar de me pintar...Dai pensei:
ainda bem que vou almoçar fora.
Sai andando em
direção da praça República do Libano, pela rua Joaquim Távora, quando deparei um
caminhão da Equatorial atravessado no cruzamento com a Dr. Malcher...
e tantos outros a direita e a esquerda da rua, também. O que estavam fazendo
ali, fui logo perguntando a um dos operários que me disse algo que nem ouvi, preocupada
com todos aqueles veículos fechando todos
os cantos da Dr. Malcher.
Quando
voltei a mim depois de tal constatação, perguntei até quando ia durar esse trabalho:
até as 15 horas, mas nos avisamos, respondeu. Atravessei a
rua e parei para olhar para um lado e
para o outro...eram muitos os operários,
entorno aos caminhões. Até pensei em fotografar aquela situação, mas podia ser
perigoso, pois todos os homens que estavam por ali, pararam e ficaram me olhando...
Mais um
quarteirão e cheguei ao meu destino e comentei com minha amiga o que estava acontecendo. Ela também não sabia de nada. Almoçamos e quando ia começar o jogo de
voley entre Brasil e Itália, que estavamos
prontas para assistir, foi-se
embora a luz. Nos olhamos interrogativamente e, desiludida eu falei: devem começar
a trabalhar por aqui e devem ter desligado a luz.
Alguns caminhões
começaram a passar e depois de uns 15 minutos a luz voltou e assistimos ao jogo.... que o Brasil perdeu
por dois pontos... Me preparei para ir
embora. As ruas estavam vazias, tudo calmo; até a praça do Carmo estava de
férias...
Entrei em
casa, acendi a tv e fiquei pensando nas
consequências que esse trabalho de “3 horas” e a falta de luz nas casas: o que podia ter
causado as atividades daquela zona? Quem sabe o vazio da praça era uma consequência dessa falta de luz!!! Ao me despir foi que me manquei porque os operários pararam
para me olhar...eu estava emperiquitadíssima com uma longa saia colorida africana e
um vistoso colar de mil pedras diferentes... kkkk.
Dai pego o
celular e deparo com uma chamada do amigo dono de um restaurante recem inaugurado,
no canto de uma das ruas blocadas pelos caminhões. Estava desesperado; não
tinha sido avisado e tinha que fechar o local... A quem pedir socorro??? Me veio
em mente que dia de sábado, muitas vezes desligam a luz, por horas a fio, sem nenhum
pre aviso. Quantos outros locais tiveram esse problema?
Na segunda feira de
manhã, quando cheguei para fazer Pilates, as senhoras que moram exatamente na
Dr. Malcher, me esperavam para saber a
minha opinião a respeito desse apagão improvisado. Elas também não foram informadas de nada...e as coisas na geladeira??? E não podiam usar os eletrodomésticos... E passamos
o tempo falando também dos trabalhos para a COP 30 na Tamandaré, sem nenhum confronto
com a cidadania e dos prejuízos e atrapalhos de vários tipos que estavamos tendo.
O pessoal
que se instalou com restaurantes, bares e sabe lá mais o quê na orla, e no entorno do Poto do Sal, já devem ter comprado
um gerador, para evitar essas surpresas.
Agora, pensem em quem teve a ideia de começar a gentrificar a Cidade Velha, orientando a ocupação daquela área com atividades econômicas:... quem induziu a isso, será que orientou como se comportar nessas ocasiões??? Quem paga os danos nesse caso?
O transito
de carretas e a poluição sonora em área tombada, são outros problemas a serem enfrentados pois a trepidação
não perdoa e, nem
temos urubus sobrevoando os nossos telhados, para serem acusados de arredar as telhas causando goteiras nas
casas.
Cada dia que
passa mais exemplos negativos temos, levando em consideração
o resultado de tanta incompetência nos trabalhos que vemos serem interrompidos ou
modificados por darem péssimos resultados... um deles são as enchentes que agora
proliferam pela Cidade Velha e não somente ali.
Francamente
esperamos ansiosamente a chegada da COP30 para ver se sobra algo de bom para os
moradores do entorno da principal área de atenção... que aliás, não compreende a área
da Cidade Velha, além do fato da Tamandaré não fazer nem parte da área tombada.
Relativamente a uma possivel gentrificação da área tombada da Cidade Velha, se não for projetada seriamente, continuará a provocar essas e outras surpresas por aqui. Sem falar dos danos relativos a defesa da nossa memória histórica que também é algo ignorado... começando com o transito de carretas, das cores das casas e o uso das calçadas (por postes, também).
Seria oportuno que "programadores/planificadores" de mudanças urbanas, além de aplicar as leis que falam da colaboração da cidadania, seria bom aprofundar o conhecimento do povo da área (relativamente ao grau de civilidade) e aproveitar para fazer também um acordo com essas sociedades que cuidam dos serviços relativos a água, luz e telefonia. A necessidade de avisar em tempo e insistentemente a suspenção de tais serviços, é vital.
Cidadania é o exercício de direitos e a cobrança de deveres de cada um e de todos.
PS: Aconselhamos a leitura de:
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2025/07/planificacao-e-autoogestao.html
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