domingo, 18 de maio de 2025

... "pessoa em situação de rua"

 Li no meu Face *, gostei e resolvi condividir com vocês... para pensarem a respeito de palavras que ... tentam mudar a realidade.

"... Caros interlocutores do "Fórum", minha crítica a "pessoa em situação de rua" insere-se numa dúvida maior em relação à eficácia desta tendência, surgida em partes da esquerda, nas últimas décadas, de reformar o mundo através do vocabulário. Tendência que às vezes traz um efeito civilizatório, às vezes um efeito cômico, às vezes só a triste constatação de que preferimos esconder os problemas com palavras-tapume do que resolvê-los com palavras-lente.

Compreendo o estigma que carrega, por exemplo, a palavra "favelado" e rebatizar "favela" como "comunidade" pode parecer aliviar os sintomas. Creio, porém, que agrava a doença.

- Primeiro porque nós, da esquerda, quando falamos "comunidade", expiamos um pouco da culpa e diminuímos a vergonha que é termos quase 10% da população brasileira vivendo em condições tão precárias.

- Segundo, porque afirmar que aquelas pessoas aglomeradas no morro são uma "comunidade" é falso, é de uma hipocrisia paternalista, é acreditar que estão ali, espremidas, por dividir algo em comum além da pobreza, como se fossem uma etnia indígena, uma vila caiçara com suas lendas, mitos e costumes. Paraisópolis não é mais "comunidade" do que o Jabaquara ou o Jardim Paulista. Os vizinhos se assemelham, se diferenciam, se amam e se odeiam do mesmo modo.

Pode-se argumentar que "população em situação de rua" é diferente de "comunidade", porque mais preciso: muitas daquelas pessoas embaixo do viaduto de fato estão ali temporariamente, vivem de bicos e não da "mendicância".

Tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim. Como eu comentei na outra crônica, "pessoa em situação de rua" é uma construção truncada, esquisita, artificial. E qual o problema disso, se for para não ofender aqueles embaixo do viaduto?

O problema é que este rebatismo do mundo vai criando uma espécie de patuá só falado pela esquerda, um dialeto que nos afasta da maioria da população, justamente aquelas pessoas que temos que conquistar pra não cairmos novamente nas mãos da extrema direita. ... "

-- Célio Turino

* Foi o Jose Marajo Varela que pos no meu face...

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