sexta-feira, 28 de junho de 2019

ENGATINHANDO PARA TRAS ...




ENGATINHANDO PARA TRAS ...

Dulce Rosa de Bacelar Rocque *
Economista

Uma semana depois do golpe de 64, um jornal, talvez a Provincia do Pará, publicou na primeira pagina um artigo que se bem me lembro se intitulava a “revolução dos carangueijos”. O Alexandre Farah chegou na sala de aula da faculdade de Economia,  e começou a mostrar a todos.

Ontem fui assistir a apresentação da metodologia  de atualização do Plano Diretor de Belém. Com seis ou sete etapas pensam de fazer isso em um ano. Francamente, no final se notava como o inferno é realmente pavimentado, inteiramente, de boas intenções...mal resolvidas, porém.

Estamos realmente na pre historia da planificação das cidades, daquele jeito. Um monte de comissões,  de grupos, estão sendo criados...e cursos de preparação para seus membros, também. É como se o passado não existisse e as experiências de outros paises não servissem para nada.

Demonstrar a necessidade de um Plano Diretor foi necessário e justo fazer, mesmo se deveria ser já um dado adquirido na formação dos cidadãos. O problema nasceu ao explicar como fazê-lo.  Justíssimo discutir as propostas a serem, depois de consultações, transformadas num projeto de lei: assim deveria acontecer numa democracia. Esse projeto porém, deverá conter, além de informações fruto de um diálogo com a cidadania, a avaliação  e as decisões necessárias que  constituirão a base de uma planificação territorial. A priori e, se necessário, melhoradas depois.

Como vai começar? Depois de criarem todos esses grupos, o que acontece? Vão escrever algo para ser discutido? O cidadão vai escrever para quem? O que? Baseado numa proposta escrita por quem? Isso ninguem explicou.

Devia já ser claro para todos que o PD é uma ferramenta destinada a ajudar a homogeneizar o território na tentativa de regular o desenvolvimento e melhorar a situação das varias áreas da cidade. Isso feito seguindo os princípios do desenvolvimento sustentável  e  tutela do ambiente para que seja realmente  “o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana”... mas em que modo começar, concretamente? Aqueles três ou quatro que tiveram direito a palavra não entenderam muito bem isso.

“Quem tiver experiência é bem vindo”, foi dito, mas a primeira pessoa que tentou abrir a boca, a massa de manobra presente no auditório não a deixou falar... A democracia, aqui, nesse sentido, também está longe de ser aplicada. O debate não aconteceu...

No fim das contas acaba servindo somente para cumprir obrigações legais que incluem as transferências correntes da União para os Municípios.

Hoje um artigo no jornal sobre a apresentação de ontem poderia intitular- se ‘engatinhando para tras’...  num  inferno já pavimentado, há tempos,  com boas intenções: da macrodrenagem ao BRT .

Dulce Rosa de Bacelar Rocque

*Autora do livro publicado em 1997 na Italia sobre programação economica do território: A  Racionalização da rede de distribuição de carburantes na Emilia Romanha.
Editor: PERSEO LIBRI S.R.L. BOLONHA,                                               
PARA A  CERCOMINT = CENTRO REGIONALE PER IL COMMERCIO INTERNO DELL'UNIONE REGIONALE TRA LE CAMERE DI COMMERCIO DELL'EMILIA ROMAGNA


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