quarta-feira, 4 de julho de 2018

UMA QUESTÃO DE CULTURA...


É bem capaz que nem todos os belemenses saibam o que tem dentro daqueles 'buracos', na  Praça do Carmo, as margens da Trav. Joaquim Távora.



Me refiro ao sítio arqueológico histórico Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens BrancosEsta igrejinha foi construída em torno do ano 1650; em 1727 passou por uma reforma e em 1916 foi fechada pela Irmandade,  começando assim um processo de ruina.

Encontrava-se do lado oposto a Igreja do Carmo, em diagonal. A ela se chegava atraves da primeira rua de Belém, hoje Siqueira Mendes , ou seja, atraves da Rua do Norte e a do Atalaia, hoje, Joaquim Távora. Na foto abaixo se vê sua parede, a direita.


Ainda era chamado Largo do Carmo, pois era um espaço com pouca grama e nada mais. Somente no inicio do seculo XX, o largo começa a se transformar e mangueiras foram plantadas e, logo depois, em 1916, a igreja é abandonada pela irmandade...


Em 1950, o Largo se transforma em Praça e além das arvores, calçadas foram feitas, vias internas, um coreto, uma bica d'agua e o busto de D. Bosco foi colocado na área onde ficava a igrejinha do Rosario dos Homens Brancos.





E as arvores cresceram, fazendo sombra a D. Bosco...e as casas mudando de aspecto.


Nos anos 90 uma decisão inédita decide de trazer a tona aquele patrimônio cultural esquecido ha anos. Uma intervenção arqueológica foi feita. Através do resultado obtido com escavações, foi encontrado o assoalho da igreja dos Homens Brancos, destruida já ha muitos anos. Até esqueletos foram encontrados dentro e no entorno da área da igreja. Naquela época, os batizados eram sepultados em área consagrada, e alguns dentro das igrejas, até.

Juntamente com a modificação total da praça, decidem de salvaguardar nossa memoria histórica e cobrir os sitos arqueológicos com uma piramide de vidro especial que, porém, foi roubada antes de chegar na praça. Foi usado outro material que, com o sol ou o calor, embaciou e não se conseguia ver o que tinha la dentro.



Aqueles 'buracos' sem nenhuma indicação de seu conteúdo passaram a ser utilizados de todos os modos. Em pouco tempo virou tobogã das crianças e acabou quebrando, assim veio a tona o assoalho da antiga igrejinha. Para serem pixados e grafitados foi um passo (autorizado pela Fumbel) e colocar lixo ou usar como quarador de roupa aconteceu na sequencia de outros usos. Um vendaval ainda ajudou levando a mangueira plantada pelo s.Salomão 10 anos atras.

Em 2015 a SEMMA decidiu, com o dinheiro do PAC da Cidades Históricas cobrir ditos 'buracos' que deveriam valorizar nosso patrimônio cultural, colocando, em cima, brinquedos para crianças.


Enquanto se espera esse dinheiro,  chegaram os moradores de rua, dai dita área arqueológica se transformou em 'toalete', lixeira e motel...

Em Sevilha, na Espanha, enquanto escavavam para construir uma obra moderna, encontraram essas muralhas... Olhem a diferença de tratamento. E não é o único a respeitar seu passado, no mundo civil afora.


...Isso porém é mais uma coisa que não temos direito.

Um comentário:

  1. É uma pena mesmo que pouco se faça em nosso Estado para informar a população, educá-la e conscientizá-la sobre a importância sociocultural e econômica da preservação de nosso patrimônio cultural.

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