...fruto de ganancia e ambição.
Isso não acontece somente aqui. Mais de trinta anos atras, Veneza e Atenas tiveram que enfrentar o problema da chegada de "revoadas" de turistas, mais parecendo "formigas de fogo", parecendo querer destruir as cidades que visitavam. .. Veneza chegou a cobrar ingresso, para quem ia ver o "carnaval de Veneza", criando inclusive, nas ruas da cidade, mão e contramão para os pedestres. As ondas dos barcos, causavam problemas ambientais como a erosão das fundações dos prédios e descaracterizavam a cultura local, inclusive expulsando moradores.
Quem se preocupa, aqui, com os possíveis problemas causados aos "habitantes" dos nossos rios, ao menos?
Nós,
não acostumados a ver tanto turista pela rua, decidimos aproveitar a
oportunidade para... quem sabe, até enriquecer. Tudo começou bem antes do
inicio da COP30 , com os preços exorbitantes das hospedagens, em hotéis ou
casas de família. Belém começou a ficar famosa mundo afora, por esse
comportamento, por essa corrida ao ganho fácil que piorou depois que o evento
começou.
O preço das comidas foi a alavanca seguinte encontrada por alguns jornalistas para continuar a denigrar Belém. O passo consequente foi: como se aproveitam da fome dos turistas? e o salto nos preços das refeições foi demonstrado, em alguns casos.
Cabe lembrar que recentemente entrou em vigor a a Lei nº 14.978/2024, cuja intenção era alavancar o turismo e aumentar os tipos de prestadores de serviços, desburocratizando inclusive os investimentos
nessa área.
Não sei se em Belém já foram criadas as Áreas
Especiais de Interesse Turistico, como previsto pela recente lei Geral do Turismo, a qual estimula o envolvimento de populações e
comunidades tradicionais no desenvolvimento de um turismo sustentável. Mas como isso funciona em Belém?
Este fim de semana foi caótico na área do Combú. Embarcações
com até 500 pessoas descarregarem esse público em casas de familia, sem alguma
condição de recepção, as vezes, nem de 50 pessoas.
Aconteceu de tudo, até trapiches foram destruídos a causa do tamanho das embarcações. Reclamações também sobre falta de pagamento por parte dos “atravessadores de turistas” e uma série de outros problemas pela falta, principalmente, de preparo e seriedade das pessoas que trabalham nesse setor.
O contato com a natureza e a cultura local, começa de onde partem as lanchas no terminal da Praça Princesa Isabel, em Belém. Quem está ali para ver para onde vão essas embarcações? Será que todas estão regularizadas inclusive com reserva de acolhimento? Todos os locais tem trapiche adequados ao recebimento de qualquer tipo de lancha ou navio? Qual o numero máximo de embarcações podem ter acesso a esses furos e igarapés por hora? É prevista uma velocidade máxima para essas embarcações?
No Combú os problemas foram mais sérios, mas Mosqueiro e Outeiro não ficaram fora da área dos problemas. Oficialmente não existe uma praia de nudismo registrada na região amazônica, mas chegaram vozes falando que isso aconteceu numa praia do Mosqueiro. Em Outeiro, so a presença daqueles navios enormes, ja foi motivo de aglomeração...e as praias, sem infraestrutura adequada viram aumentar o número de frequentadores. Quem sabe o lixo como é tratado nessas localidades.
Quem está se preocupando com essas praias? Todas elas tem...salvavidas?
Basta pouco para transformar o turismo de massa em turismo predatório. O nosso pode acabar logo depois da COP30.
A tentativa de tirar proveito de ocasiões, sem levar em consideração os impactos negativos causados pela falta das devidas precauções, pode causar danos irremediaveis podendo levar à degradação ambiental e quem sabe, até a desintegração social. Ainda podemos corrigir isso.
ALGUEM VAI TER QUE DAR MAIS ATENÇÃO A ESSA CORRIDA AO... TURISMO DE MASSA.
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ResponderExcluirNão há dúvidas de que o turismo receptivo, se bem administrado, pode trazer expressivos benefícios para a economia, com aumento no nível de empregos, aumento da renda, e melhoria na qualidade de vida.
ResponderExcluirDiante das notícias sobre ações governamentais e da iniciativa privada com foco no turismo receptivo, mais de uma vez tenho aludido sobre os necessários cuidados, que são da obrigação moral do poder público (governos federal, estadual e municipal), em discutir tempestivamente com todos os segmentos envolvidos, inclusive as comunidades e segmentos sociais afetados, para que juntos estabeleçam regras claras para o exercício das atividades turísticas seguras, mormente aquelas em locais mais sensíveis, visando proteger e evitar danos às populações locais e aos ecossistemas.
Como exemplo, cito a região insular e todas as orlas, inclusive continentais da Região Metropolitana de Belém, e de outros municípios, como Santarém e outras cidades do Baixo Amazonas, os municípios costeiros, e outros com relevante potencial turístico.
Dados estatísticos recentes atestam incremento nas atividades turísticas, inclusive no Pará.
Até agora, prepostos dos governos federal, estadual e municipal, têm mencionado o tema com grande entusiasmo, o que é compreensível; mas também, com certo ufanismo, o que não é conveniente. Penso que esses agentes públicos, considerando a experiência de países europeus, com o turismo de massa, já deveriam ser mais proativos, e providenciar tempestivamente as medidas cabíveis, para evitar as consequências danosas do turismo de massa, quiçá, predatório.
Penso que merecem especial atenção os passeios em localidades com ecossistemas sensíveis, o que deve implicar em limites de número de visitantes diários, e de quantidade e horários de trânsito de barcos de turismo, jet-skis e outros veículos de lazer náutico; para minimizar danos e evitar prejuízos aos pescadores e outros trabalhadores locais.
Devem também ser proibidos passeios à localidades em que residam populações tradicionais, como indígenas, quilombolas e outras comunidades, porquanto, o contato com turistas e outras pessoas estranhas pode ser altamente prejudicial.
Não devem ser permitidos o uso de animais para montaria ou transporte de cargas e pessoas. E devem ser criadas normas específicas para a observação à distância de variadas espécies de aves, mamíferos, cetáceos como botos, baleias; sendo proibido o toque, o fornecimento de alimentos inadequados, ou qualquer outra conduta que possa ser incômoda ou ofereça perigo aos animais.