sexta-feira, 26 de julho de 2024

- ATENÇÃO SENHORES Pre CANDIDATOS

 

Quatro anos atras, durante a campanha eleitoral, fizemos algumas propostas para a Cidade Velha. https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2020/09/2-atencao-senhores-candidato.html

Nada aconteceu, aliás, exatamente o contrário está acontecendo, pois levavamos em consideração as necessidades dos Ribeirinhos.

Dissemos que  “É justo lembrar os serviços prestados na Cidade Velha pelos comerciantes estabelecidos nas ruas do entorno dos portos e que, além das oficinas, vendem  material agricola/pesca/mecânico/construção, etc. “

Tais atividades devem ser salvaguardadas, apoiadas e defendidas das más intenções daqueles que só pensam em ganhar dinheiro com atividades fúteis que servem para encher as calçadas e o meio da praça do Carmo de automóveis.

Na ocasião sugerimos que  “A área da CATA, perto do Portal da Amazonia, poderia ser usada com oferta de serviços aos Ribeirinhos, ao menos aqueles das 39 ilhas que fazem parte de Belém.  Um Pronto Socorro com médicos e dentistas além de outros serviços tipo carteira de identidade,  ginástica, cabeleireira/manicure  e até creche, poderiam ser instalados ali. Serviria, inclusive para os moradores da área.

Lemos nos jornais que, em vez vai ser usado para casa de riquinhos, assim com o casarão abandonado situado na praça do Arsenal.

Enquanto isso, as terras de marinhas no entorno da Tamandaré, usadas por alguns senza teto, estão sendo desocupadas pelo governo do estado  para usar num projeto para a ECO30.

Este é momento bom de lembrar os precandidatos às proximas eleições, alguns problemas do entorno da area tombada... de gente que precisa de ajuda... 


domingo, 7 de julho de 2024

L’UNITÁ FECHOU


AGRADECIMENTO AO L’UNITÁ

 Dia 31.07.2014 fecharam o jornal do Partido Comunista Italiano, criado por Gramsci em 12 de fevereiro de 1924.

Cheguei na Italia, mais precisamente em Piacenza, em agosto de 1971. Era pleno verão. A cidade ficava a beira do rio Pó, o maior da Italia com pouco mais de 600km. Ali começava a região Emilia Romagna, com capital em Bolonha. Do lado de lá estava a região Lombardia, cuja capital era Milão.

A poucos minutos da cidade num descampado, uma festa de interior se realizava, era o tal de festival do L’Unitá, o jornal do Partido Comunista Italiano. Ias la para comer, dançar e fazer política.

Parecia o Arraial de Nazaré da minha infância, so faltavam os teatros do meu pai. As comidas que vendiam eram todas regionais e feitas pelas senhoras das várias sessões que se juntavam para recolher dinheiro para ajudar o Jornal. Tinha pescaria; casinhas numeradas onde os coelhos deviam entrar; brinquedos para crianças e música ao vivo para os mais velhos: polca, valsa e mazurca, herança do período austríaco. Esses ritmos eram chamados de ‘liscio’, ou seja: liso.

Era tempo da guerra fria e dos governos da Democracia Cristã na Italia. Publicidade, bem poucos faziam no jornal comunista, necessária, era, portanto, muita solidariedade para manter em pé o jornal que defendia os trabalhadores.

Durante o verão, todas as sessões do PCI se movimentavam para fazer sua festa; para ajudar o partido, seu jornal. Todos trabalhavam de graça e quem produzia vinho oferecia parte da produção para a festa. O pão era feito em casa pelas camponesas, assim como as salsichas e a copa.

Do lado de la das barraquinhas de comida, tinham outras destinadas a difusão de livros, revistas, discos, k7 e artesanato. Dependendo do tamanho da cidade, essas áreas aumentavam e ofereciam mais coisas. Nas capitais de província a festa durava de dez a quinze dias.

Aos poucos, indo naqueles maiores, descobri a área internacional, onde cada barraquinha era dedicada a um país que precisava de ajuda, e aí comecei a levar os problemas do Brasil para as festas do L’Unitá: era o tempo da ditadura.

Comecei a procurar material para difundir informações, mas era difícil. A censura evitava que o mundo conhecesse a nossa realidade, coisa que até quem morava aqui desconhecia. Foram documentos da Igreja católica que me salvaram. As denúncias DE PRISÕES, ASSASSINATOS E EXPULSÔES DE PADRES, MAS NÃO SOMENTE, levavam tempo para chegar, e eu as traduzia e ciclostilava nas sessões do PCI.

Durante dez anos passei minhas férias girando a Italia de costa a costa, nesses festivais do L’Unitá denunciando a ditadura e recebendo todo apoio necessária a luta que travava.

 Em 2014 o L’Unitá fechou os batentes e levou consigo uma parte da minha história e da luta contra a opressão no mundo. Passaram-se mais de 50 anos, de quando comecei a usar e abusar da bondade dos italianos, denunciando a ditadura. É hora de agradecer a todos aqueles desconhecidos que ajudaram em algum modo o Brasil a voltar a democracia... agora precisamos evitar de perde-la... e eles também.

Dulce Rosa de Bacelar Rocque (Márcia ou  Mapcua)