terça-feira, 9 de janeiro de 2024

NOVO ANO...

 ... novas postagens.

Minha neta está estudando os verbos. Chegou em casa perguntando sobre alguns tempos do verbo AMAR... em italiano.

Juntamente com meu genro, tentamos declinar os vários tempos de verbo, dando exemplos com frases... "io t'ebi amata" nos fez parar e refletir sobre aqueles tempos que não se usam mais nem em poesia.  De fato notamos quantos tempos de verbo nunca usamos...  descobrimos que no nosso dia-a-dia, usamos apenas 300 palavras entre todas as existentes...

O artigo abaixo foi providencial, ao menos para nós, mais velhos...

"O desaparecimento progressivo dos tempos (subjuntivo, passado simples, imperfeito, formas compostas do futuro, passado participativo ... ") dá origem a um pensamento do presente, limitado ao momento, incapaz de projeções no tempo.
A generalização da tutoria, o desaparecimento de letras maiúsculas e pontuação são golpes mortais para a sutileza da expressão.
Remover a palavra "saudade" não é só desistir da estética de uma palavra, mas também promover a ideia de que não existe nada entre uma menina e uma mulher.
Menos palavras e menos verbos combinados significa menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de formular um pensamento. Estudos mostraram que alguma da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de colocar palavras sobre emoções.
Sem uma palavra para construir um raciocínio, o pensamento complexo querido por Edgar Morin é dificultado, tornado impossível. Quanto mais pobre a língua, menos pensamento existe.
A história é rica em exemplos e escritos abundam desde Georges Orwell em 1984 até Ray Bradbury em Fahrenheit 451, que contava como as ditaduras de toda a obediência impediram o pensamento reduzindo e torcendo o número e o significado das palavras.
Não há pensamento crítico sem pensamento. E não há pensamento sem palavras.
Como construir pensamento hipotético-dedutivo sem domínio da condicional? Como imaginar o futuro sem conjugação com o futuro? Como compreender uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, quer tenham passado ou vindo, e sua duração relativa, sem uma linguagem que faça a diferença entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois disso o que pode acontecer, aconteceu? Se hoje fosse ouvido um grito de comício, seria aquele, dirigido aos pais e professores: deixem os vossos filhos, os vossos alunos, os vossos alunos falarem, lerem e escreverem.
Ensine e pratique a linguagem nas suas mais variadas formas, mesmo que pareça complicado, especialmente se for complicado. Porque nesse esforço está a liberdade. Aqueles que explicam ao longo do tempo que é necessário simplificar a ortografia, purgar a linguagem dos seus "defeitos", abolir gêneros, tempos, nuances, tudo o que cria complexidade são os túmulos da mente humana. Não há liberdade sem exigências. Não há beleza sem o pensamento de beleza".
Christophe Clavé

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