sábado, 19 de junho de 2021

LIXÃO DE MARITUBA: até quando, ainda?

 

Por que não falar dele? Esse lixo também é  nosso... 

Nas 40ton produzidas diariamente, boa parte é de Belém.

                                                 

                                                            Lixão Marituba, lixo Belém — Foto: Agência Pará

Dia 14/06/2017, passei mais de quatro horas na Assembleia Legislativa, assistindo o debate sobre o lixão de Marituba. Presentes: Prefeito e Vereadores da cidade; deputados estaduais; representantes do Ministério Público de Belém e de Marituba; representantes da SEMAS e outros órgãos públicos, e o povo de Marituba com André Nunes na frente.

 Interessantes as falas dos políticos e dos técnicos, mas o que me chamou atenção foi ouvir pessoas menos letradas falando. O domínio do argumento; a segurança com que explicavam os fatos; a coragem de fazer acusas, de citar exemplos, de solicitar respostas.

 Eram quilombolas irritados com o menosprezo pelo problema que os afligia; eram catadores de lixo que não viram acontecer nada do que lhes foi prometido; eram chefes de comunidades que acusavam órgãos públicos ausentes em várias ocasiões; gente de várias localidades, para nós desconhecidas, que relatavam os danos que a incompetência do poder publico estava causando ao ambiente. Uma avó disse que seu sonho era ensinar sua neta a nadar no Uriboquinha... coisa agora imposssivel.

 Eu ouvia admirada aquela defesa de seus direitos e morria de inveja porque aqui na Cidade Velha nunca ninguem fez isso. Muitos vem me reclamar de problemas, mas se peço para darem uma entrevista, todos escapam; assinar um abaixo-assinado é um problema, com rarissimas exceções.

 E eu ouvindo aquelas pessoas simples, relacionando problemas graves e suas consequências, com tanta segurança... Alguns com um papelzinho na mão onde tomaram nota do que os técnicos tinham dito, e tinham coragem de desmenti-los.

 Quando acabou a seção os cumprimentei e desejei sorte, pois lutar contra a Revita não é fácil... e sai, cheia de inveja do André que conhece e convive com pessoas cheias de brio.

 Que bom que eles existem. Pena que não sejam meus vizinhos. Lutar pela Cidade Velha com cidadãos desse tipo, seria bem mais fácil, teria outro sentido e quem sabe até mais resultados.

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Quem diria. Os anos passaram. O André faleceu e, a distancia de quatro anos daquele debate na Assembleia Legislativa vemos que a guerra não acabou. 

Estes dias o problema do lixão de Marituba voltou a tona e de novo foi jogado para baixo de um tapete, que não é de relva...mas de nojo e decepção.

 


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