sexta-feira, 31 de julho de 2020

Poluição das motocicletas durante a quarentena


O mes de julho acabou, assim como aquilo que estamos acostumados a chamar de ferias escolasticas em periodo de Pandemia. Tanta gente em casa e, alguns continuaram trabahando, pesquisando e prestando atenção para o que acontece no seu entorno ( este é o meu caso).

Aqui vai uma colaboração válida para quem luta contra a poluição sonora/ambiental.

Os sons das motocicletas em tempos de quarentena 
Antonio Carlos Lobo Soares*

Durante o período de quarentena em casa, devido ao COVID 19, tenho contado os veículos e medido os sons que produzem e chegam ao meu apartamento. Hoje escrevo sobre a contribuição das motocicletas para a composição sonora do ambiente urbano.
Sem dúvida alguma todos reconhecemos a importância que as motocicletas assumiram nesta quarentena, como veículos de prestação de serviços, em especial durante o "lockdown" em Belém (6 a 25.05.2020). Identifiquei muitos mototaxistas, entregadores de gás e de alimentos dentre outros que, no entanto, cometeram infrações difíceis de correção depois da pandemia.

Avançar o sinal vermelho e trafegar na contramão virou um péssimo hábito. Ambas são passíveis de multa de R$293,47 e 7 pontos na CNH. Este valor triplica (R$880,41) quando a motocicleta circula na calçada, o que vi acontecer nos engarrafamentos. Esta mesma pontuação e multa gravíssima são atribuídos aos que invadem a faixa exclusiva de transportes coletivos. As motocicletas que circulam entre os veículos estão sujeitas a multas de R$195,23 e 5 pontos na CNH do proprietário.

Certa vez um amigo me corrigiu dizendo que os que cometem estas infrações não são considerados motociclistas e sim motoqueiros, dissertando em detalhes sobre os comportamentos que distinguem uma categoria da outra. Para ele, os motoqueiros têm os veículos menos potentes, e os utilizam como meio de trabalho. Já os motociclistas dirigem motos mais potentes utilizadas para passeio. Deste seu ponto de vista, contei mais motoqueiros a passar na minha rua do que motociclistas.

Em se tratando de ruído de tráfego, tanto os motociclistas como os motoqueiros se igualam, quando alteram a descarga/escapamento de seus veículos. Na Av. Conselheiro Furtado, às 9h da manhã, circulam em média três motocicletas por minuto, sendo que uma em cada 25 o faz com a descarga livre. Ou seja, está sujeita a multa de R$195,23, cinco pontos na carteira e retenção do veículo. Motocicletas sem silenciador chegam a atingir até 100 dB.

Todas as vezes que percebo uma motocicleta nestas condições, cujo proprietário se sujeita a níveis sonoros altos por períodos prolongados no dia, perco a esperança em nossa civilização: primeiro por saber que este trabalhador terá perdas auditivas irreparáveis; segundo porque o esforço das autoridades não tem sido suficiente para reduzir este problema; e terceiro, por ver o ambiente urbano em que vivemos cada dia com menos qualidade de vida e na contramão do desenvolvimento!
* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,
Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.

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