quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O "novo" Ver o Peso: uma opinião.


Pedimos opinião a alguns arquitetos sobre a proposta de modificar o Ver o Peso, pois tal fato nos caiu sobre a cabeça como um trovão... 
A primeira pessoa que teve coragem de responder autorizando a publicação é Claudia Nascimento Arquiteta e Urbanista, Profª de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo - UFRR Mestre em Arquitetura e Urbanismo - Patrimônio  Especialista em Semiótica e Artes Visuais   http://marcosdotempo.blogspot.com

Ela, que viveu e trabalhou muitos anos em Belém,  começa perguntando se a opinião que pedimos é:
 "Técnica, arquitetônica e urbanisticamente falando, com contextualização histórica (poupo até as análises de impacto ambiental e patrimonial)? Ou podemos falar, entre pessoas inteligentes, que nós sabemos, essa intervenção é uma agressão, visível e sensível, a tudo e mais um pouco?


Não é questão de defender cobertura de palha, palhoça ou retornar ao século XIX, é questão de pensar no contexto contemporâneo, na perspectiva de futuro: essa tipologia não permite ampliação, não é flexível quanto a usos: fadada à obsolescência em 5 anos após inaugurada. É claro que é isso que os (di)gestores públicos querem, para fazer outra obra... Pra mim, na minha humilde opinião, essa intervenção é lixo para dragar dinheiro público.


Não dá pra analisar um projeto se não estou vendo o projeto, mas uma animação, uma maquete eletrônica, mas... Como no BRT também não foi divulgado projeto, só vídeo, animação e maquete eletrônica e, com isso, o Duciomar conseguiu fazer a caquinha que fez,é bom se manifestar também.

Primeiro, a Lei 8666, de licitação, não exige projeto executivo e, por isso, acontecem esses absurdos de se comprometer dinheiro público com qualquer ideia sem projeto. A luta pela exigência de projeto para que sejam feitas licitações tem sido bandeira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - Cau/BR, e acho que a população deve apoiar isso.

Segundo: o projeto implantado atualmente foi resultado de concurso público nacional, se não me falha a memória conduzido pelo IAB-Instituto de Arquitetos do Brasil e que prevê, entre outras coisas, ampliação. A atual prefeitura está querendo criar um fato novo, uma obra, em período eleitoral e conhecemos muito bem isso! Não é porque o Ver-o-Peso tem problemas de manutenção que vai se destruir tudo: é como a casa com a pia cheia de louça onde se resolve fazer reforma na cozinha para solucionar o problema....

Terceiro (e de leve, para não ser leviana), ao que posso ver da proposta, a forma não me parece garantir flexibilidade, característica de uma feira ao ar livre (aliás, o ar livre some, então o status do Veropa se perde, pois vira uma série de pavilhõezinhos); o pé direito é baixo e a cobertura (côncavo/convexa) favorece a concentração de calor; as entradas de ar intercaladas da cobertura vão (levar ar quente da cobertura anterior) ser ineficientes e me parecem pouco e mal posicionadas pois, para garantir um conforto realmente bom teria que ter captadores maiores. 

Quarto: quanto ao impacto com o entorno, esse não preciso comentar, se a visão leiga já detectou, eu só construiria os argumentos técnicos. Numa linguagem não técnica: é um trambolho! Se essas pessoas (se é que são) arquitetas e urbanistas que produziram essa proposta (não pode ser chamado de projeto, desconheço essa existência) tivessem lido o básico como Jane Jacobs, Kevin Lynch, Carlos Nelson, jamais proporiam esses galpões, pois não há controle do espaço pelo uso social e, com isso, a tendência é de maior violência. 

É ir na contramão, uma proposta que vai em marcha-a-ré. Não é questão de gosto, se feio ou bonito, se vão adorar ou criticar, pois o direito de opinião é livre, é o resultado de uma análise técnica superficial, isso coloca minha crítica (ainda com muito poucos dados, portanto falível, mas mesmo assim) num status além do achismo. 

Não há defesa ambiental: os telhados inflarão ar quente para um interior que, pela conformação do telhado servirão como acumuladores de calor, por transmissão térmica.
Na maquete eletrônica divulgada há visível distorção de escala, reduzindo a altura da intervenção e aumentando dos edifícios do conjunto (menos do entorno: o Mercado de Carne, por exemplo, aparece com um pavimento.

E, confiante no meu conhecimento e na minha visão crítica tenho apenas a dizer: é um trambolho! Lamento aos que dizem ter projetado isso, pois projeto sério se faz com estudos de entorno e impacto (como foram feitos os que competiram ao concurso do Ver-o-Peso), o que eu duvido que esse tenha. Se era para pegar um projeto ruim, também tinham no concurso... Mas, mesmo o que foi implantado, sofreu ajustes e contemplava mais que a questão da área da feira livre: se ampliava em propostas para a Feira do Açaí e até para a zona comercial, estabelecendo diálogos urbanos.

Isso que está sendo colocado vai ao encontro de tudo que se pensa no sentido do direito à cidade, que vem sendo discutido em vários fóruns, inclusive no Conselho Nacional de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, ao qual sou suplente no segmento Arquitetura e Urbanismo e o Pará tem como representante titular Silvia Rodrigues e Bernardo Costa Jr. (na setorial de Patrimônio Material). O Ver-o-Peso é tombado nas três esferas.


Enfim, só fazem isso se o povo do Pará permitir.

Além do mais, fechando os comerciantes, o Ver-o-Peso perde sua característica de ser a maior feira ao ar livre da América Latina."



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

400 anos com 400 camisetas...


Dia 12 de Janeiro também é dia do aniversário da Civviva. Gerada em fins de 2006 e registrada em cartório na data do nascimento do primeiro bairro de Belém, a Associação de Moradores da Cidade Velha entrou para seu decimo ano de vida.

Não fizemos festa pois Belém estava se festejando, nos arredores dela. Vestimos, em vez, os bairros da cidade com camisetas que tinham alguns de seus azulejos estampados para lembrar algo da nossa história a ser defendido como memoria histórica que é. 

A ideia nos veio em mente em novembro, ao ver que na programação dos 400 anos, a Alma Mater de Belém era totalmente ignorada. Fomos conversar com os comerciantes da praça do Carmo e fizemos a proposta de dividir conosco a ideia de fazer um camiseta com os principais azulejos do bairro. Todos aceitaram e fizeram imediatamente os pedidos. As primeiras cem camisetas estavam garantidas.  Os azulejos escolhidos foram o do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Fábrica de Guaraná Soberano, do Palacete Pinho e do Seminário da Dr. Assis.

A unica rua com nome de uma mulher na Cidade Velha, também foi escolhida para ser homenageada. Seus azulejos não são muito conhecidos, assim aproveitavamos para fazer publicidade deles.  A familia dos  moradores mais antigos do bairro tem casa ali e encomendaram cerca de cem camisetas. Outra vitoria.




Decidimos fazer uma terceira camiseta pois ainda tinham azulejos desconhecidos ou pouco famosos. Vários amigos, ao verem as primeiras duas propostas, fizeram pedidos para esta terceira camiseta e mais cem foram ordenadas. Desta vez foram os azulejos da Marques de Pombal os escolhidos.



Em todas elas, a logomarca da Civviva estava estampada atras. E mais pedidos chegavam e ordenavamos mais vinte, trinta, de uma ou de outra. Firmas de fora da Cidade Velha também pediram para fazer parte dessa homenagem. No fim das contas, mais de 400 camisetas foram feitas e distribuidas. 

Além dos funcionário das lojas, bares e restaurantes que patrocinavam as camisetas,  inclusive aos garis, lixeiros, jornaleiros, jornalistas, seguranças, funcionários de bancos, de orgãos publicos, etc.  também receberam uma, e ainda tivemos alguns sócios que as compraram para presentear amigos.

Os 400 anos da Cidade Velha e os dez da Civviva estão, assim,  sendo lembrados pelas ruas de Belém. Tal fato foi possivel com a ajuda de cidadãos que nem moram no bairro. De fato, o nosso agradecimento principal vai aos fotografos-amigos Celso Roberto Abreu e Marcos  André Costa pela disponibilidade  em ajudar nessa tarefa, fornecendo várias fotos para a escolha e depois voltando para refotografar os azulejos escolhidos. Sem eles não iamos ter as camisetas.

Outro agradecimento necessário é dirigido a todos aqueles que ordenando as camisetas, sejam eles vizinhos, negociantes, amigos ou associados, nos permitiram de fazer essa homenagem ao nosso bairro e a nossa Associação.

Foi um modo diferente de mostrar algo do que temos que salvaguardar para continuar a festejar mais aniversários, seja da Cidade Velha que da Civviva.

Com 400 camisetas fetejamos os 400 anos, mas as camisetas continuam saindo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

ViVa 2016

Começou 2016, o ano do aniversario do nosso bairro, a Cidade Velha, Alma Mater de Belém. As outras festas, como o carnaval, não foram suspensas, e, francamente, temos medo do que vai acontecer nesta área tombada.

Sem a regulamentação do tombamento da Cidade Velha a nivel federal e bem pouco de util feito com o Plano Diretor,  mais  a total ignorância do Código de Postura, começamos mais um ano com fortes dúvidas sobre como vai ficar este nosso bairro.

Obras para termos motivos de festejar seus quatrocentos anos, não vimos nenhuma. Reuniões para decidir algo sobre o carnaval, também nenhuma, assim como nenhum resultado sobre as reclamações feitas sobre:
- o 'comelodromo' da Praça Republica do Libano, onde fica a obra prima de Landi;
- a quantidade de 'vans' e carretas que atravessam as ruas da Cidade Velha;
- os medidores da Celpa que continuam a enfeiar as ruas e casas tombadas ou não;
- as calçadas, criadas para os pedestres,  ocupadas por motores de vários tipos, bicicletas, cadeira/mesas quando não por veiculos vários...
- a poluição sonora em praças com igrejas e escolas, que ajuda a trepidação desses e outros prédios;
- o 'estacionamento' nas calçadas da Praça do Carmo de "moradores de rua", esperando a comida que os "marronzinhos" oferecem (e no meio tempo fazendo sexo durante o dia e usando como mictório os 'buracos arqueológicos' destampados);
- o Bechara Mattar ali parado, com seus cinco andares e so uma vaga para carro por andar;
- o afunilamento da ex travessa da Vigia que, apesar de mais de dez embargos, continua até pior...
- a total ausência da Guarda Municipal nas praças.

Várias tentativas, relativamente a melhora da nossa segurança foram feitas, com bem pouco resultado. Transferir para o cidadão o cuidado com a presença de 'estranhos' na rua, também não deu certo pois nem todos temos tempo de estar na janela vigiando a rua. Depois de um mês com a Guarda Civil e a Policia Militar estacionadas,  pela manhã na Pça do Carmo, desapareceram da área sem maiores informAções; passaram a vez aos automoveis da  PM,  que, de vez em quando passam, enquanto os assaltos ocorrem nas ruas paralelas... sem que sejam registrados os B. O. (fato esse não por culpa dos militares).

Apesar da limpeza das ruas durar pouco a causa da mal educação do povo, devemos tirar o chapéu para o fato de vermos constantemente, garis de vários orgãos e em diversos horários, a cuidar dessa limpeza.

Este ano, como aqueles passados, nada temos a festejar no dia do aniversario do nosso bairro. A ignorância das leis e a prepotência de certos dirigentes municipais ajudam a passar a vontade de festejar tal data.

 Não crer nessa realidade e diminuir os fatos acima citados, é muito comodo, e assim passam-se os anos sem algum resultado na defesa de nosso patrimônio... mesmo se tem muita gente ganhando dinheiro para fazer isso e muitos outros rindo do nosso esforço para mudar essa realidade.

                     FELIZ ANIVERSARIO CIDADE VELHA