Por que não falar dele? Esse lixo também é nosso...
Nas 40ton produzidas diariamente, boa parte é de Belém.
Lixão Marituba, lixo Belém — Foto: Agência ParáDia 14/06/2017, passei mais de quatro
horas na Assembleia Legislativa, assistindo o debate sobre o lixão de Marituba.
Presentes: Prefeito e Vereadores da cidade; deputados estaduais; representantes
do Ministério Público de Belém e de Marituba; representantes da SEMAS e outros
órgãos públicos, e o povo de Marituba
com André Nunes na frente.
Interessantes as falas dos políticos
e dos técnicos, mas o que me chamou atenção foi ouvir pessoas menos letradas
falando. O domínio do argumento; a segurança com que explicavam os fatos; a
coragem de fazer acusas, de citar exemplos, de solicitar respostas.
Eram quilombolas irritados com o
menosprezo pelo problema que os afligia; eram catadores de lixo que não viram
acontecer nada do que lhes foi prometido; eram chefes de comunidades que
acusavam órgãos públicos ausentes em várias ocasiões; gente de várias
localidades, para nós desconhecidas, que relatavam os danos que a incompetência
do poder publico estava causando ao ambiente. Uma avó disse que seu sonho era
ensinar sua neta a nadar no Uriboquinha... coisa agora imposssivel.
Eu ouvia admirada aquela defesa de
seus direitos e morria de inveja porque aqui na Cidade Velha nunca ninguem fez
isso. Muitos vem me reclamar de problemas, mas se peço para darem uma
entrevista, todos escapam; assinar um abaixo-assinado é um problema, com
rarissimas exceções.
E eu ouvindo aquelas pessoas simples,
relacionando problemas graves e suas consequências, com tanta segurança...
Alguns com um papelzinho na mão onde tomaram nota do que os técnicos tinham
dito, e tinham coragem de desmenti-los.
Quando acabou a seção os cumprimentei
e desejei sorte, pois lutar contra a Revita não é fácil... e sai, cheia de
inveja do André que conhece e convive com pessoas cheias de brio.
Que bom que eles existem. Pena que não sejam meus
vizinhos. Lutar pela Cidade Velha com cidadãos desse tipo, seria bem mais
fácil, teria outro sentido e quem sabe até mais resultados.
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Quem diria. Os anos passaram. O André faleceu e, a
distancia de quatro anos daquele debate na Assembleia Legislativa vemos que a
guerra não acabou.
Estes dias o problema do lixão de Marituba voltou a tona e de novo foi jogado
para baixo de um tapete, que não é de relva...mas de nojo e decepção.
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