sábado, 13 de maio de 2023

3 - JARDIM BOTÂNICO DE BELÉM DO PARÁ

ANTES DA AVENIDA 16 DE NOVEMBRO  ser criada em 1902, ali existiu algo bem diferente... Algo a respeito escrevemos em 2015:

 = https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2015/11/uma-homenagem-av-16-de-novembro.html = agora completaremos detalhadamente para os estudiosos ficarem mais e melhor informados. 

Esta a fonte Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)

Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz 

(http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)

JARDIM BOTÂNICO DE BELÉM DO PARÁ (1798)

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3 - A MORTE : 1900

Com o fim da administração de Lacerda (1821) e com a independência do Brasil (1822), iniciou-se um período no qual o governo deixou de apoiar atividades e de fazer investimentos naquele Jardim Botânico, o qual foi praticamente abandonado no período do Primeiro Reinado. A Cabanagem, revolta ocorrida no final da década de 1830, acabou por destruir o 3  espaço urbano de Belém e as obras do Complexo São José foram arruinadas. O relato de Paulo José da Silva Gama, Presidente da Província em 1830, retratava a situação do complexo urbanístico paraense, mostrando que era uma ficção a existência de estabelecimentos denominados como Horto Botânico e Jardim das Caneleiras, em virtude do abandono e desleixo nos quais encontravam-se esses espaços (Códice 676, seção manuscritos da B.A. Paraense. Apud REIS, 1946, p.12).

Em 1859, uma fala do Presidente de Província, Manoel de Frias e Vasconcellos, ressaltou a situação desastrosa em que se encontrava o Jardim Botânico do Pará, mas citou que estavam sendo feitos trabalhos de jardinagem no local, tendo o estabelecimento não só recebido algumas plantas exóticas, como também aumentado o número de algumas espécies. Além disso, um jardineiro e quatro auxiliares foram admitidos para prosseguir as obras. Um dos outros projetos da época era a transferência do jardim para a praça lateral do Palácio, acreditando existir lá um solo mais frutífero e menos ingrato para a perpetuação das plantas (FALLA, 1859, p.12 e 13.).

Nos anos que se seguiram, o jardim transformou-se num lugar de recreação, em decorrência da falta de condições que o reconheceriam como um Jardim Botânico. Sua decadência foi constantemente atribuída à impropriedade do terreno em que estava situado.

Em 1864, foi autorizada a remoção do jardim público para o terreno aterrado no cruzamento das estradas do Arsenal e São José; no antigo local começariam as obras para iluminação a gás. No entanto, a mudança não significou nenhuma melhora no aspecto físico do horto, sendo a insuficiência de verba pública apontada como uma das principais razões.

No ano de 1866, foi proposta a recuperação do caráter botânico do jardim, já há muito abandonado, quer seja pelo descaso dos governos anteriores, quer seja pelo despreparo dos trabalhadores que ali atuavam. Falava-se novamente na utilidade que o jardim poderia proporcionar às ciências naturais, desde que cultivado com método. Sugeriu-se a desapropriação, o aterramento e a arborização de um terreno fronteiro e alagadiço. Aliado ao aspecto botânico do jardim, pretendia-se conferir-lhe também um caráter de passeio público, servindo de local de entretenimento à população belenense.

No ano de 1868, o novo jardim público lucrou com um evento que teve grande repercussão no norte do Brasil: a abertura do rio Amazonas à navegação internacional. A principal obra realizada para tal evento, o Pavilhão Comemorativo, foi desmontado após o evento e transferido, com todos os seus ornatos e confortos, para o jardim público.

Nos anos posteriores, as obras para as melhorias do jardim prosseguiram, entretanto sem atingir seus verdadeiros fins: o botânico e o público. A necessidade de desapropriação do terreno próximo à rua do Atalaia continuava, pois só desse modo seria possível a ampliação do jardim público.

Em 1873, o Jardim Botânico foi arrendado a Manuel da Costa Araripe, um ex-mestre de jardineiro, que tinha somente a função de abri-lo ao público aos domingos e dias santos, assim como fornecer flores para o Palácio do Governo em datas festivas. Voltava-se a falar na impropriedade do terreno no qual o jardim estava localizado, com inundações em dias de chuva. Uma nova mudança foi sugerida, sendo desta vez para o largo do Palácio ou para a Praça de Pedro II. Nesse período, o governo ressaltou a necessidade de um melhoramento do jardim público, sempre associado à questão da saúde pública. Nessa perspectiva defendia-se a idéia de que a manutenção do Jardim em bom estado proporcionaria melhores condições de salubridade para a cidade de Belém, assim como também significaria um espaço de recreação para seus habitantes.

Já em 1879, o então Presidente da Província do Pará, José Coelho da Gama e Abreu, admitiu o fim do Jardim Botânico da cidade. Segundo seu relatório, o estabelecimento estava completamente destruído e tudo havia se transformado num imenso matagal. Entretanto, não propôs sua restauração, argumentando que a província possuía outros assuntos mais importantes a tratar (FALLA, 1879, p. 15).

Em 1895, foi estabelecido um Horto Botânico, anexo ao Museu Paraense de História Natural e Etnografia, atual Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém.

Em 1902, não havia mais nenhum sinal de existência do Jardim Botânico do Pará, e em seu local havia sido construída a Avenida 16 de Novembro.

FONTES

- JARDIM Botânico de São José . Missionários ( 1659) . Notas pelo Doutor Manuel Barata. Coleção Manuel Barata Lata 294 – Pasta 17. (IHGB)
- DEAN, Warren. A botânica e a política imperial: a introdução e a domesticação de plantas no Brasil. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 4, n. 8, p.216-228, 1991. (BPUC)
- FALLA dirigida à Assembléa Legislativa da província do Pará na segunda sessão da XI legislatura pelo exm.o sr. tenente coronel Manoel de Frias e Vasconcellos, presidente da mesma provincia, em 1 de outubro de 1859. Pará, 1859. Mensagens dos Presidentes das Províncias (1830-1930). Obtido via base de dados PROJETO DE IMAGEM DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS DO CENTER FOR RESEARCH LIBRARIES E LATIN-AMERICAN MICROFILM PROJECT. Capturado em 22 de abril de 2002.Online. Disponível na Internet: wwwcrl.uchicago.edu/info/brazil/pindex.htm
- FALLA com que o excellentissimo senhor doutor José Coelho da Gama e Abreu, presidente da província, abriu a 2ª sessão da 21ª legislatura da Assembléa Legislativa da província do Gram-Pará, em 16 de junho de 1879. Pará, 1879. Mensagens dos Presidentes de Província (1830-1930). Obtido via base de dados PROJETO DE IMAGEM DE PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS DO CENTER FOR RESEARCH LIBRARIES E LATIN-AMERICAN MICROFILM PROJECT. Capturado em 22 de abril 2002. Online. Disponível na Internet: wwwcrl.uchicago.edu/info/brazil/pindex.htm
- REIS, Arthur Cezar Ferreira. O Jardim Botânico de Belém. Rio de Janeiro, Boletim do Museu Nacional, n. 7, p.1-14, setembro de 1946. (MN)
- SANJAD, Nelson Rodrigues. Nos jardins de São José: uma história do Jardim Botânico do Grão Pará, 1796-1873. Campinas, 2001. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Geociências Aplicadas ao Ensino, Instituto de Geociências, UNICAMP, 2001. (BCOC)
- SEGAWA, Hugo. Jardins Botânicos e Passeios Públicos. IN: Ao amor do público: jardins no Brasil. São Paulo: FAPESP, Stúdio Nobel, p. 109-120 e p.147- 149, 1996. (BN)

 


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