ANTES DA AVENIDA 16 DE NOVEMBRO ser criada em 1902, ali existiu algo bem diferente... Algo a respeito escrevemos em 2015
= https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2015/11/uma-homenagem-av-16-de-novembro.html = agora completaremos detalhadamente para os estudiosos se informarem melhor.
Esta a fonte Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)
Como é muito longo, dividiremos em três partes: a pre-historia;
- o nascimento; - e a morte.
JARDIM BOTÂNICO DE BELÉM DO PARÁ (1798)
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Em 4 de
novembro de 1796, a rainha D. Maria I, por meio de uma Carta Régia, ordenou a
implantação de um jardim botânico em Belém do Pará. Tal documento foi dirigido
ao então governador da Capitania do Pará, D. Francisco Inocêncio de Sousa
Coutinho, que apenas em 1798 executou a ordem real, criando assim o Jardim
Botânico de Belém do Pará.
A
construção de um jardim botânico tinha objetivo agrícola, científico e
econômico; sua finalidade era ter um local onde fossem aclimatadas plantas
úteis ao comércio de especiarias europeu e ainda onde se conservasse e
ampliasse o conhecimento sobre vegetais amazônicos, tidos como exóticos.
Todo este
empenho da metrópole portuguesa em organizar um estabelecimento botânico no
norte do Brasil era produto de um pensamento fisiocrata que assolava Portugal
no século XVIII; um típico "mercantilismo ilustrado", como afirmou
Fernando Novaes (Apud SEGAWA,1996, p.111). No século XVIII ou
"Século das Luzes", enfatizava-se o racionalismo e defendia-se a
idéia da ciência como explicação do mundo. A fisiocracia, inspirada nos
preceitos iluministas, apresentava a terra como a única e verdadeira fonte de
riqueza, estimulando o conhecimento e o incremento da botânica com vários fins.
Mesmo
Portugal, que vivia à margem do pensamento europeu, não ficou de fora do
espírito ilustrado e um exemplo claro disso foi a atuação de Sebastião José de
Carvalho Melo, o Marquês de Pombal. Este, quando ministro, empreendeu reformas
na Universidade de Coimbra, buscando situar o pensamento português na perspectiva
ilustrada em voga pelo restante da Europa. Logo, com as reformas pombalinas, o
impulso dado às ciências naturais, particularmente à botânica, foi enorme e se
traduziu nas expedições de reconhecimento patrocinadas pela Coroa Portuguesa e
também em escritos acerca das potencialidades naturais das colônias –
observações sobre vegetais, enfatizando botânica, agricultura e mineração.
Segundo o
pensamento da época, a Coroa Portuguesa entendia que o conhecimento científico
das riquezas naturais de uma região e sua conseqüente aplicação econômica
caminhavam juntos, justificando com isso sua política de implementação de um
espaço botânico com o fim de permuta de plantas de vários lugares, além da
aclimatação de especiarias no Brasil Colônia.
Neste
contexto inseriu-se a Carta Régia de 1796, dirigida a D. Francisco Inocêncio de
Sousa Coutinho, Governador da Capitania do Pará, com o intuito de criar espaços
botânicos onde se cultivasse plantas úteis à metrópole. O governador, homem de
grande poder aquisitivo e de nível cultural bastante elevado, provinha de uma
família ilustre que prestara inúmeros serviços ao Reino português e tinha como
irmão D. Rodrigo de Sousa Coutinho (Conde de Linhares), uma figura importante
na política portuguesa e que tinha idéias arrojadas para Portugal.
De posse
da Carta Régia, Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho resolveu executar a ordem
real, escolhendo local e os funcionários que se responsabilizassem pelos
trabalhos de organização do jardim botânico. Naquela época, o governante
voltava suas atenções para a defesa do território paraense, em virtude da
proximidade com a Guiana Francesa e do temor de que as idéias revolucionárias
penetrassem na capitania. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho precisava
executar uma severa vigilância na fronteira e assim estipulou um elaborado
plano de espionagem em Caiena, capital do território inimigo, sendo sempre
informado sobre tudo o que ocorria na colônia francesa. Através dessa
estratégia, o governador da capitania mandava seus espiões observarem e trazerem
amostras de vegetais locais que pudessem ser aclimatados na Amazônia, e que
pudessem representar lucros para a economia portuguesa.
O clima
conturbado em Caiena fez com que inúmeros proprietários migrassem de lá para
vários lugares, tendo alguns deles pedido permissão para atravessar a
fronteira. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho receava recebê-los, temendo
uma infiltração das idéias de "liberdade, igualdade e fraternidade"
tão divulgadas com a Revolução Francesa. Dentre os que avançaram além da
fronteira, estavam Michel du Grenouillier e Jacques Sahut, ambos proprietários
agrários e que seriam úteis de alguma maneira à política portuguesa de
manutenção e cultivo de espécies vegetais.
Logo
depois, Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho contratou os serviços de
Grenouillier, confiando-lhe a organização do Jardim Botânico de Belém, tendo
como assistente o Capitão de Regimento da cidade, Marcelino José Cordeiro. Como
assumiu o cargo adoentado, Grenouillier logo veio a falecer. Em seu lugar,
assumiu seu conterrâneo Jacques Sahut, que também veio a falecer no ano
seguinte à fundação do horto, em 1799. Com isso, Marcelino José Cordeiro
tornou-se o único responsável pela delineação e organização do local. Mais
tarde, o próprio Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho admitiu que toda a
estruturação do jardim fora obra daquele Capitão de Regimento, mesmo nos tempos
de Grenouillier.
PS: obrigada, José Marajó Varela, por este material.
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