A “GOTA D’AGUA” É ESSE ASFALTO. O que
fizeram nas ruas da área tombada é um exemplo vergonhoso de incompetência que
chega até parecer implicância com o cidadão. Sabemos que o Ministério Público ja está tomando providências, mas isto aconteceu ontem... enquanto terminavam a rampa que estavam consertando.
São vários os governos que colocaram asfalto sobre asfalto levantando a tal ponto o meio fio que as aguas da chuva acabavam entrando nas lojas, passando por cima das calçadas, tombadas. Isso ninguem notou e portanto não reclamou do número de degraus que foram surgindo nas calçadas de liós da Dr. Assis cobrindo-as e impedindo o pedestre de usa-las como deve ser usada uma calçada por quem tem problemas visivos, ao menos. Esse foi o primeiro empurrão que o cidadão com dificuldades de locomoção recebeu na Cidade Velha.
Na rua paralela, em vez, na Dr.
Malcher, abaixaram as calçadas para que os carros, novos, entrassem no porões que
viraram garagens. Ja não bastavam os postes, no meio de calçadas de meio metro
de largura... e o pedestre teve que ir para o meio da rua mais uma vez. Esse terceiro empurrão foi dado pelos donos
dos automóveis que precisavam de abrigo.
Depois do tombamento pelo IPHAN de
parte da Cidade Velha e da Campina, as casas de cores contrastantes com a memória dos mais antigos, encheram as ruas. Claramente, todos calados, ignorando inclusive o por que criaram
e tombaram o ‘entorno’, se permitiam tais abusos... dentro da área tombada.
Pela Padre Eutiquio , Campos Sales e
Fructuoso Guimarães não passam mais carros depois que a 13 de maio completou o
camelódromo em que se transformou o “Comércio”. Ali nem pessoas sem
necessidades particulares conseguem
passar. Não tem lugar para o pedestre nem nas calçadas, nem no meio da rua.
Enquanto isso outras ruas se transformavam em estacionamento de veiculos, inclusive de funcionários públicos. Não esqueçam a quantidade de órgãos importantes que temos no entorno da Pça Felipe Patroni, D. Pedro II e República do Libano sem estacionamento para funcionários e utentes. Alem de carretas e enormes onibus de turismo que estacionam em frente aos monumentos mais antigos da cidade, como a Sé e Sto. Alexandre, sem nenhuma proibição da SEMOB, ao menos.
Vários, e um atrás do outro foram sendo cometidos
abusos com o nosso patrimônio histórico, com a desculpa, inclusive, de aumentar o turismo. Se fechava os olhos a tudo, mas agora o problema que envolve o
cidadão portador de deficiência ou com mobilidade reduzidas, não pode ser
jogado para baixo do tapete, também. A maior parte desses cidadãos, além de trabalhar, ainda
tem necessidade de ir ao Ver-o-peso ou ao Comércio, e a realidade os está
impedindo cada vez mais que isso
aconteça... de ônibus ou a pé.
Após lembrar os problemas das
calçadas com degraus ou declives, de bares com mesas e cadeiras nas ruas/praças e calçadas, o
aumento do asfalto nas ruas leva a necessidade de novas valas, sarjetas e...rampas. E
o exemplo negativo veio, exatamente, das rampas feitas na requalificação da Praça do Carmo
pois não respeitavam as normas.
As fotos e reclamações através do Facebook levaram as pressas a uma tentativa de refaze-las... mas na metade da obra uma pessoa com um bastão passou por ali e tentou utiliza-la...Tentou subir, e descer... e quase chora pela incapacidade de se mover com tranquilidade. Dizia: eu escorrego; não consigo dar outro passo.... e acabou voltando para o meio da rua sem ter conseguido usar a...nova rampa.
Humilhante para um cidadão se
encontrar nessa situação... e ele seria o "dono da cidade". O operário que
estava ajoelhado, trabalhando, nos olhou e
não sabemos se amedrontado ou envergonhado, se levantou. Lhe dissemos que
a culpa não era dele, mas de quem lhe disse de fazer a rampa daquele jeito; que o asfaltO era
muito alto e tornava inútil aquele trabalho...
Aquele tipo de rampa com a altura do
asfalto colocado ultimamente nas ruas, não ajuda de jeito nenhum a respeitar o que a Lei
nº 8.068 de 28 de Maio de 2001- estabelece como NORMAS GERAIS E CRITÉRIOS
BÁSICOS PARA A PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA
OU COM MOBILIDADE REDUZIDA, NO MUNICÍPIO
DE BELÉM, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Art. 3º - O planejamento e a
urbanização das vias públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público
deverão ser concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para as
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Em presença desse asfalto altíssimo,
a acessibilidade que a lei fala não é aquela de rampas tradicionais, que o desenho ensinava a fazer, pois resultam num
impedimento até a um cidadão com
um bastão, passar do asfalto do meio
da rua e ter acesso a uma calçada... novíssima.
O responsavel dessa obra deve procurar alguém
que ande de cadeira de rodas ou de bastão e com essa ajuda “conceber” um novo tipo de
atravessamento de modo que a cadeira suba e desça daquele asfalto para a calçada e
vice versa sem derrubar o cidadão... Essas rampas que fizeram não facilitam o uso para as
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida acessarem o outro
lado da rua. É MEHOR ELIMINA-LAS, PORQUE ENVERGONHAM O ORGÃO QUE AS FEZ.(*)
No século XVII, antes do alagado do Piri ser aterrado, devem ter derrubado uma arvore para facilitarem a travessia daquele pântano... Algo, em menor escala, bem que pode ser feito para superar a altura desse asfalto... antes que os cidadãos levem a falência total da Prefeitura, de tanto pagar "danos" aqueles acidentados a causa desse asfalto.
SERÁ QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE FAZER ALGO A ESSE RESPEITO, TAMBÉM?
(*) a rampa da foto foi consertada no mesmo dia... Obrigada
Nenhum comentário:
Postar um comentário