Numa das viagens da Dra. Marinella Pigozzi(*) a Belém, ela
me presenteou alguns livros, em agradecimento por tê-la acompanhado pela parte histórica
da cidade. Entre eles estava “Ricerca umanistica e diagnóstica per il restauro”
que ela coordenou.
Nesse livro, vários especialistas refletem, analisam e
diagnosticam modos de trabalho, que,
apesar de ser para um caso concreto, é validíssimo aplica-lo ao “geral”
contribuindo assim para o conhecimento e a salvação de bens históricos.
Diz ela que “ se uma cidade quer conhecer os próprios bens,
tutelá-los, conserva-los e valoriza-los, deve vigia-los para que o patrimônio não venha cancelado ou danificado.
Deve monitora-los com continuidade e sistematicamente, sem se permitir de
relaxar a vigilância ”. O que não acontece aqui entre nós.
No livro em questão a Dra. Rossana Gabrielli
escreveu sobre o seu “percurso de
método” por ocasião de trabalhos de “conservação e restauro” e fiquei pensando se isso acontece
em Belém por ocasião de “trabalhos” em prédios e monumentos históricos, mesmo
se não tombados.
Ela assinala a necessidade “Para uma correta salvaguarda do nosso patrimônio artístico, a tutela e
o conhecimento dos bens culturais e histórico são atividades fundamentais e estreitamente correlatas entre si.”
Como tutelar sem conhecer? Esse, de fato, deve ser o primeiro
passo de uma série de intervenções necessárias para a conservação dos bens culturais.
Quem trabalha com ‘patrimônios’ deve levar em consideração essa necessidade.
Diz ela que: A análise
dos materiais usados nas várias fases da vida de um bem, permitem obter informações
seja sobre a vida histórico-arquitetônica, seja sobre o estado de conservação dos materiais e da obra em geral. Essas analises devem,
necessariamente, ser correlatas com o estudo histórico, documentário, arquivistico
e artístico, única possibilidade para ter um conhecimento especifico, seja cronológico
que estilístico afim de inserir o bem, no mais amplo sistema do nosso patrimônio
cultural.
Reconhece ela que o momento mais traumático entre as atividades
de conservação de um bem, o restauro é aquele preponderante. Nessa ocasião são inevitáveis ações destrutivas, porém, tendo-se um profundo conhecimento sobre o bem, com as técnicas e o material adequado é possível limitar esse aspecto.
Insiste em dizer que: O
conhecimento cientifico da obra em estudo,
se obtém com a interação de várias figuras profissionais quais : o arquiteto,
o restaurador, o histórico, o geólogo, o arqueólogo, o químico, o engenheiro e
outras figuras necessárias...segundo o tipo de intervenção em ato...
Ela reconhece como essencial a arqueologia da arquitetura para definir um modus operandi e como coordenação da obra das várias figuras
profissionais envolvidas no trabalho de conservação inclusive, da memória nacional.
Com esse sistema se evitaria ver nossos prédios e monumentos mudarem de cor e aspecto toda vez que os restauram, revitalizam e/ou os requalificam .
Com esse sistema se evitaria ver nossos prédios e monumentos mudarem de cor e aspecto toda vez que os restauram, revitalizam e/ou os requalificam .
Certo que os países com uma longuíssima história, tendo acumulado um
patrimônio histórico invejável que
atrai turistas e estudiosos do mundo inteiro, não podem se permitir tais modifcações. Paralelamente, de fato, se desenvolveu pouco a pouco, uma vasta e diversificada especialização em materia de 'antiguidades', seja interna que externamente que dialogam entre si, trocando conhecimentos... e mantendo a memória o mais próximo aquela original.
A Grécia, a Italia o Egito e poucos outros mais, estão entre os países mais procurados por turistas pela sua antiquissima história e as lembranças que tutelam. Para manter o fluxo de turistas e as consequentes entradas econômicas necessárias a nação, devem manter em pé seus monumentos e prédios e atualizar continuamente os metodos de defesa desse patrimônio.
A Grécia, a Italia o Egito e poucos outros mais, estão entre os países mais procurados por turistas pela sua antiquissima história e as lembranças que tutelam. Para manter o fluxo de turistas e as consequentes entradas econômicas necessárias a nação, devem manter em pé seus monumentos e prédios e atualizar continuamente os metodos de defesa desse patrimônio.
No Brasil a incidência do turismo histórico no balanço da
nação por ser bem inferior, não deve, porém, ser motivo para uma menor atenção na defesa e
salvaguarda do nosso patrimônio que vemos se esvair pela falta da devida vigilância e de comprometimento com a memória da nação.
(*) Titular da cátedra de “ insegnamenti di Storia della critica d’arte e de Museologia” na Universidade de Bolonha. Seus interesses oscilam entre a história da crítica, a museologia e a história da arte moderna.
(*) Titular da cátedra de “ insegnamenti di Storia della critica d’arte e de Museologia” na Universidade de Bolonha. Seus interesses oscilam entre a história da crítica, a museologia e a história da arte moderna.
Aqui no Brasil, ainda que haja muitos profissionais altamente preparados academicamente em segmentos como história, arquitetura e urbanismo.
ResponderExcluirInfelizmente, a nomeação para gestão de entidades públicas responsáveis pela conservação do patrimônio atende mais a determinantes políticas do que de formação acadêmica.