quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
"Os sons..." em Belém
Mais uma colaboração do amigo Tonhão sobre a poluição sonora que se espalha como uma praga em Belém. Bem diferente, porém, a atenção dada as samaumeiras pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma)...
Os sons no centro comercial de Belém!
Antonio Carlos Lobo Soares*
Em pleno século XXI, a propaganda de serviços e produtos por meio de microfone e caixa de som amplificada permanece no centro comercial de Belém do Pará, outrora denominado Belo Centro. Lá, uma em cada dez lojas tem uma pessoa com microfone a oferecer produtos e a chamar pelos clientes. Nem mesmo os Shopping Centers que surgiram na cidade eliminaram aquele comércio pujante.
Diante de calçadas estreitas, ocupadas por extensões de balcões de lojas, e vias pedonais repletas de barracas de camelôs, o som alto na frente das lojas é só mais um detalhe naquela bagunça. É possível percebê-lo a mais de 20m ou até a distância em que passa a ser mascarado por outro som semelhante vindo de loja próxima.
Não bastassem as caixas de som das lojas, também há carros, motocicletas e bicicletas de propaganda volante, alguns já incorporados ao folclore local. É o caso do “Xuxa”, um rapaz de cabelo loiro oxigenado que circula há anos com desenvoltura pelas ruas estreitas, em um minicarro com som, barulhento, com motor de dois tempos.
O grito também se faz presente no centro comercial, na garganta de ambulantes e lojistas. Predominam as vozes masculinas nas lojas, nos carros de propaganda volante e entre os ambulantes. Chama a atenção a forma carinhosa como atraem os fregueses para as lojas e/ou restaurantes com Prato Feito de 5 a 10 reais.
Estas formas de comunicação já se expandiram a outros bairros, chegando ao entorno de mercados e do Parque do Museu Goeldi. Uma loja de eletrodomésticos na frente e outra de colchões atrás levam música e propaganda ao interior deste espaço nobre de Belém. Em vez de exigirmos do poder público fiscalização mais eficiente, melhor seria se houvesse bom senso e sensibilidade dos comerciantes em relação ao Parque, reconhecido como Zona Especial de Interesse Ambiental.
Um amigo do Rio de Janeiro ligou-me indignado com o uso de caixas de som na porta das farmácias, naquela “Cidade Maravilhosa”. Disse-me que no seu bairro há 5 vezes mais farmácias que supermercados e que sua mãe “Preferia gastar mil cruzeiros no armazém a gastar um tostão nas farmácias.” Reclamou, ainda, das farmácias na Rua do Catete que sustentam “placas gigantescas” em suas fachadas tombadas.
Esta moda já é adotada por uma determinada farmácia de Belém. É um contrassenso vender saúde e bem-estar, através do sono e dos remédios, e poluir o ambiente urbano. Espero que essa moda não se alastre, que os órgãos de fiscalização cumpram as atribuições que a Constituição lhes confia e que tomem as providências legais apropiadas. A população sensata e com audição sã, agradece!
* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,
Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.
PS: Pedimos ao Papai Noel um presente: que " os órgãos de fiscalização cumpram as atribuições que a Constituição lhes confia".
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