domingo, 22 de dezembro de 2019

Questão de ponto de vista..



O Plano Diretor está na reta final e vozes estranhas correm por corredores e ruas relativamente a área tombada... O que fazer dela? Deixa-la assim ou diminui-la? Será o entorno o problema, também?

Se fala de 8.000 imoveis tombados. As informações a respeito do numero de imóveis da área tombada, porém, não é tão clara como dizem. Segundo a SEFIN são pouco mais de quatro mil os imóveis existentes na Cidade Velha inteira. O tombamento do IPHAN de parte dos bairros da Cidade Velha e Campina, por sua vez, resulta não superar os 1200 imoveis. Somando com a área de entorno talvez  chegue a 4.600 imoveis. A área da Prefeitura sabemos porém que é maior do que a do Iphan, mas não chega a dobrar o número de imóveis tombados.


Esclarecer as informações a respeito da área tombada  seria interessante.

 Qual seria enfim, a razão para diminuir a área tombada? Para encher de edifícios que, em vez de pagarem 4  mil reais de IPTU, poderiam pagar muito mais? Essa possibilidade, porém, mesmo se verdadeira, compensaria o caos que criaria na Cidade Velha, com suas ruas estreitas? O movimento de carros, por exemplo: o transito aumentaria de muito, assim como o lixo, a necessidade de agua, luz, etc. Essas despesas quem iria cobrir? O IPTU?

Questão de sangue. Ideias malsãs que passam de pai para filho. Me vem em mente a derrubada do Grande Hotel no tempo  da ditadura...

É melhor reavivar a razão da escolha, da opção pelo tombamento de determinadas áreas da  cidade: salvar  nossa memória. Para que isso se realize é necessario proteger  bens móveis e imóveis existentes no país cuja conservação seja a razão de interesse público.

tombamento é a medida de preservação desse interesse público, cujo  objetivo é a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional: ou seja, o reconhecimento do valor histórico, artístico ou cultural de um bem para a nação.

Para que serve isso? “O objetivo do tombamento de um bem cultural é impedir sua destruição ou mutilação, mantendo-o preservado para as gerações futuras.” 

 A área de entorno em vez, nasce como  proteção da vizinhança dos bens tombados, que, inicialmente, serviram para impedir construções que comprometessem a  visibilidade do bem tombado. Hoje o entorno se refere principalmente a área que  envolve o tombamento cuja preservação é necessária para manter sua integridade e testemunhar sua historia e o meio onde se encontra. É uma condição necessária tanto para informá-lo como para atestá-lo.

ruptura entre a área tombada e seu entorno seria um atentado contra a autenticidade. Por isso, é necessária a manutenção do entorno primitivo, respeitando as  relações harmônicas de massa, textura e cor dos imóveis. Os entornos, hoje, representam um importante instrumento de política urbana, mesmo se estão modificando as cores de  muitas casas em área tombada.

Não se pode pensar uma cidade partindo do principio que a economia gira em torno do IPTU. Como esquecer a dinâmica  que pode vir pelo turismo, arte, economia criativa,  cultura e muito mais? A ideia de memoria e identidade é completamente esquecida. Como falar de tradição, passado, história, e  do sentido de pertencimento a uma determinada comunidade, numa cidade mutilada?

O Egito, a Grecia, a Italia são alguns dos países cuja maior entrada no balanço do país é oriunda do turismo. A  nossa história é mais recente, porém várias foram as modificações, por exemplo, nas construções de casas nesses 400 anos de vida de Belém. Materiais e estilos mudaram. Casas com jardins, apareceram; com pateos e dois andares, também como os edifícios que começaram a surgir depois da Segunda Guerra Mundial, por aqui. E os banheiros quando foram incorporados as casas?

Muito do nosso patrimonio ja foi perdido enquanto se esperava o planejamento e desenvolvimento, ao menos, de um turismo cultural no centro histórico, que não fosse ocasional. O PAC das Cidades Históricas foi um falimento. Das quinze  propostas aprovadas, nem 15% foi realizado, apesar dos projetos de quatro praças terem sido pagos em 2016.

Não é certo diminuindo a área tombada que a cidade vai crescer e se desenvolver. Os motivos são bem outros, seja dessa ideia malsã que dos  motivos  do  abandono do patrimonio histórico.







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