O Dia Interncional da Mulher chegou. Lembramos a vida de duas delas, as quais, com suas opções fizeram história e merecem ser recordadas. Os campos de atuação de cada uma, envolvem todas nós mulheres, pois, sutilmente, ou perigosamente, cada uma abre uma estrada na vida que, em algum modo nos interessa.
É
o caso de lembrar que nenhuma das três tinha origens operárias. Ousarei dizer
que eram de classe média alta, ou quase, ao menos ao nascer em três países diferentes...
Uma americana, outra brasileira e agora, uma alemã... de família judia, onde
incluímos sua filha pelas claras consequência de sua ori gem.
Poucos
sabem quem foi Olga Benário, nascida
dia 12 de fevereiro de 1908, na cidade
de Munique, na Alemanha, filha de um advogado que passava parte do seu tempo a
ajudar quem necessitasse e cuja mãe vinha de uma rica família judia.
Bem cedo Olga se destacou na organização clandestina Grupo Schwabing,... De fato aos 16 anos já estava em Berlim com o namorado e logo tornou-se secretária de Agitação e Propaganda da base operária do bairro de Neukölln. Em pouco tempo foi promovida à secretária de Agitação e Propaganda de Berlim.
Nesse período a luta era contra
o crescimento das milícias de extrema-direita – em especial, as nazistas. Em
abril de 1928 prenderam seu namorado na prisão de Moabit e ela com seus
companheiros consegue resgata-lo... Foi então considerada pela policia alemã
uma “traidora da pátria” e chegaram a oferecer 5 mil marcos por
informações que levassem à sua prisão. Esse o motivo pelo qual fugiu para a
União Soviética em julho de 1928.
Palalelamente, do outro lado do continente europeu, Luís Carlos Prestes, nascido dia 3 de janeiro de 1898, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, conhecido no Brasil pela ja famosa Coluna Prestes da década de 1920, tinha continuado com cerca de 1.500 homens, a percorrer o Brasil ajudando os pobres e denunciando o governo autoritário de Artur Bernardes. Chegou na Bolivia ja com o apelido de "Cavaleiro da Esperança", onde tinham se transferido no final de1928, a maioria dos integrantes da Coluna Miguel Costa-Prestes. Em 1931, mudou-se para a União Soviética a convite do país,e trabalhou como engenheiro, dedicando-se inclusive a estudos marxistas-leninistas. Em 1934 o Partido Comunista Brasileiro (PCB) o aceita como filiado.
Nesse
mesmo ano, Olga é incumbida pela Internacional Comunista de cuidar da segurança
de Luís Carlos Prestes durante no seu retorno ao Brasil. Ao chegar ao Rio, inicia
sua luta e em novembro de 1935 acontece a Intentona Comunista, que no
entanto, fracassa, e Prestes passou a ser perseguido pela polícia. Os dois conseguiram viver na clandestinidade por mais
alguns meses, mas acabaram sendo presos em 1936, assim como outros companheiros, e muitos foram
torturados pela polícia..
Nos
inquéritos, Olga recusou-se a cooperar e não deu as informações que o governo pedia e isto levou a decidirem
sua deportação. Na prisão, descobriu que estava grávida de
Prestes. porém, mesmo assim, foi deportada para seu país de origem, a
Alemanha. Essa deportação foi considerada ilegal pois ela estava grávida de um
brasileiro, no entanto a ordem de deportação foi feita do mesmo jeito pelo
Superior Tribunal Federal foi feita e em 23 de setembro de 1936, ela embarcou
no navio La Coruña rumo a Hamburgo, na Alemanha. (1)
Contam
que “O empenho para enviar Olga
para a Alemanha era tamanho que as autoridades brasileiras chegaram a
determinar seu embarque à força, num navio cargueiro, contra a vontade do
próprio comandante, que não queria transportar uma passageira em avançado
estado de gravidez.”
Olga
chegou em Hamburgo, no dia 18 de outubro de 1936 e foi recebida pela Gestapo
(polícia secreta nazista) sendo transferida para a prisão de Barminstrasse em
Berlim, onde nasce dia 27 de novembro de 1936. sua filha, Anita Leocádia Prestes, que ficaria em seu poder durante 14 meses, até o fim do
período de amamentação. A intenção dos nazistas era encaminhar a criança para um orfanato. A senhora
Leocádia, mãe de Prestes, porém, inicia uma campanha internacional para reaver
a neta, conseguindo assim que o governo
alemão cedesse e devolvesse a filha de
Olga para a família. Ela, no entanto, continuou presa e foi transferida diversas vezes para outros campos como o de Lichtenburg, depois Ravensbrück e, por fim,
Bernburg. Em todos era maltratada, como os demais, sendo sujeita a frio, fome, interrogatórios
constantes, trabalho escravo e torturas físicas.
A
prisão de Olga no Brasil e sua
deportação para a Alemanha, teve como causa não somente o fato de ser judia mas também por sua posição política.
Tinha 34 anos de idade quando foi executada depois de seis anos de prisão ,em 23
de abril de 1942, com mais 199 prisioneiras,
na câmara de gás. no campo de extermínio de Bernburg,.
O seu destino só foi descoberto pela
família ao final da Segunda Guerra Mundial em 1945.
Sua
filha Anita Leocadia cresceu com a avó no Brasil. Em 1964 se forma em Quimica
Industrial pela Escola Nacional de Química hoje parte da UFRJ),
e em 1966, obtem o título de mestre
em Química Orgânica.[1 Passou
um período exilada na União Sovietica .e foi julgada a revelia a causa de sua
militância politica em julho de 1973 e condenada à pena de quatro anos
e seis meses pelo Conselho Permanente de Justiça para o Exército. Em 1975 recebe o título de doutora em Economia e Filosofia pelo Instituto de Ciências Sociais
de Moscou. Em 1979 baseados na Lei d Anistia a justiça extingue
a punibilidade da sentença que a tinha condenado a prisão.
Em janeiro de 1990, com uma tese sobre a Coluna Prestes, Anita Leocádia recebe o título de Doutora em História pela Universidade Federal
Fluminense. Por meio de concurso público em 1992 ocupou cargo de professora de história no
Departamento de História da UFRJ do qual se aposentou em 2007. É presidente do
Instituto Luiz Carlos Prestes.
Seu pai, já residente no Brasil desde 1979, falece dia 07 de março de 1990. Em 2004 é indenizada com R$100 mil pela Lei de Anistia, cifra que foi doada ao Instituto Nacional de Câncer..[1
Estas mulheres, com suas histórias de vida-vivida
no século XX, também devem fazer parte da nossa memória. Todas tentaram
melhorar o mundo, seja através da moda, da cultura, ou da política. Todas
fizeram em suas vidas algo que devemos recordar e quem sabe, até como mulher, continuar defendendo... a começar pelo
respeito das leis.
- Biografia: OLGA de Fernando Morais
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Carlos_Prestes
Anita Leocádia Prestes – Wikipédia, a
enciclopédia livre (wikipedia.org)
- 1)Mensagem parcial
de Bruno Soeiro Vieira in facebook
A Sombra de Olga Benário sobre STF de Cármen Lúcia - 01 de Março de
2018.... O caso de .Olga Benário foi
um exemplo: quando a mais alta corte de justiça do país -- então chamada de
Suprema Corte dos Estados Unidos do Brasil -- teve o direito de examinar um
pedido de habeas corpus e se manifestar a respeito. Porém, a decisão da Corte
Suprema de 1936 foi errada e indefensável, fato que o decano do STF, ministro
Celso de Mello, que presidiu a instituição entre 1997 e 1999, reconheceu com
humildade
O erro primário foi não respeitar o artigo 134 da
Constituição em vigor na época, que garantia o tratamento de brasileiros a filhos
de pais brasileiros, como ocorria
com a criança que Olga Benário trazia em seu ventre -- a futura historiadora
Anita Leocádia.
Ao expulsar Olga do país, decisão provocada por um
alinhamento com a diplomacia do governo Vargas no período -- cujo mérito ou
demérito não se discute aqui -- a Corte permitiu que uma cidadã em pleno gozo
de seus direitos fosse entregue a um regime que reconhecidamente deixara de
respeitar garantias fundamentais previstas em nossa Constituição.
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