Começamos com uma americana, da classe média que viveu 102 anos, sempre trabalhando mesmo se com poucas agruras na sua vida. Agora vamos falar de uma brasileira cujo pai, primeiro, e depois o marido, não a deixavam fazer o que queria...
Ela
deixou esta testemunhança: "Eu sou aquela mulher que fez a
escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores"
Falamos de Ana Lins dos Guimarães Peixoto, conhecida como Cora Coralina, nascida em Goiás, dia 20 de agosto de 1889. Seu pai
foi desembargador, nomeado por D. Pedro II, mas, mesmo culto, so permitiu
que ela cursasse até a terceira série do curso primário...
mesmo assim aos 14 anos começou a escrever poemas e contos.
O que escrevia não era publicado,
então com umas amigas, em 1908 criou um jornal de poemas chamado ”A Rosa”. Em
1910, porém o “Anuario Histórico e Geográfico do Estado de Goiás.” publicou
um conto seu “Tragedia na Roça”. Tinha 21 anos quando se presentou ao
mundo com o pseudônimo Cora Coralina.
Tinha 22 anos quando fugiu para
Jaboticabal com um advogado. Dez anos depois, já em 1922, foi convidada para participar da Semana de Arte Moderna,
mas o marido não permitiu. Guardou poemas e poesias e so voltou aos seus versos
depois de enviuvar. Fazia doces para manter seus quatro filhos.
Em 1934, já viúva se muda para S.Paulo e passa a vender livros.
Depois de dois anos vai para Andradina e começa a escrever para o jornal da
cidade, onde chegou a tentar fazer politica candidatando-se a vereadora, mas ao
fim de 5 anos volta para sua cidade natal onde decide de estudar datilografia,
para apresentar em melhor modo seus temas aos editores.
Seu desprazer ficou claro quando deixou escrito num de seus poemas Sombras, o tempo que perdera por
conta do preconceito machista:
"Sinto que cede meu valor de mulher de
luta...
E eu me confesso: estou cansada."
Seu
primeiro livro "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais” foi publicado quando já tinha 75
anos. Entra para a Academia Feminina de Letras e artes de Goiás, em 1970. Lança
seu segundo livro...de Cordel, em 1976, mas so tem o reconhecimento do grande
público após os elogios de Carlos Drummond de Andrade. Corria o ano 1980.
(Autor desconhecido)
Começa a ser convidada para conferencias e programas na tv. A Universidade federal de Goiás lhe dá o titulo de Doutor Honoris Causa. Os prêmios e reconhecimentos começam a chegar: em 1983 a União Brasileira dos Escritores lhe dá o Premio Juca Pato; em 1984 é nomeada para a Academia Goiana de Letras.
Aquela
que começou a sentir na pele desde bem jovem a condição da mulher no século XX,
e que passou a vida lutando e contando como era a realidade das mulheres no Brasil,
falece no 10 de abril de 1985, Goiânia, Goiás.
Mesmo
se em tarda idade os reconhecimentos que recebeu Cora Coralina, demonstram que
sua luta, sua garra e persistência,
tiveram êxito deixando uma estrada aberta para mais vitorias de outras
mulheres na vida literária brasileira... não certo sem outras lutas.
FONTE: Dilva Frazão em: https://www.ebiografia.com/cora_coralina/
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