Voltando a falar em “palavras” e o seu sentido.
O que pensar e dizer sobre atividades que, no afã de, supostamente, defender a revitalização de um Centro Histórico, adotam práticas (como aquelas que implicam em poluição sonora, por exemplo) que acabam por contribuir para a degradação do local, ainda que não intencionalmente?
Os chamados centros históricos, em geral são áreas muito sensíveis e frágeis, fatores que precisam ser considerados com muita atenção e cuidado quando do planejamento de atividades e eventos nessas áreas mais vulneráveis, visando evitar a ocorrência de impactos danosos.
O Auto do Círio foi criado em 1993 com a declarada intenção de revitalizar o Centro Histórico de Belém, a partir das festividades do Círio de Nazaré.
Esse aludido Centro Histórico se reduziu a duas praças da Cidade Velha, e ao longo desses anos não vimos a revitalização de absolutamente nada. Vimos sim o teatro de rua aumentar, ganhando muitos adeptos, nem todos estudantes da UFPA, instituição de onde partiam as ideias; e muito menos das praças da Cidade Velha
Qual revitalização efetiva (edificações e infraestrutura urbana) aconteceu no Centro Histórico em função do surgimento do Auto do Círio, além do intenso e perigoso fluxo de pessoas? Nem depois do tombamento de parte da Cidade Velha vimos acontecer algo similar a uma revitalização. O cortejo por algumas ruas da Cidade Velha, além das trepidações provocados pelo excesso de ruídos, em frente as principais igrejas de Landi e nas casas dos moradores da área, não criou nada que se pudesse pensar a alguma revitalização de fato. Servia apenas como local de representação de um belíssimo espetáculo, que não é fruto nem ao menos de trabalho com os moradores.
No inicio do século XXI, nasce o Fórum Landi, outro projeto dedicado, supostamente, à revitalização do Centro Histórico de Belém, com foco na pesquisa da obra arquitetônica de Antonio Landi. Uma sede foi colocada na Cidade Velha, e vimos a revitalização da chamada, atualmente, Casa Rosada. Outros projetos foram feitos mas não levados a fim...
Entre um certo círculo de pessoas influentes, era de moda, então, mudar o nome das casas, criando inclusive alguma atividade para ocupá-las. Assim, vimos nascer a Casa das 11 Janelas, e o Espaço São José Liberto. A UFPa seguiu o exemplo do Arq. Paulo Chaves, e deu nome a Casa Rosada... Não tomamos conhecimento sobre outras revitalizações no Centro Histórico, sob a influência do Fórum Landi.
Qual sentido tem nesses casos a palavra “revitalização"? Em que consistia essa intenção? Existiu um programa com as ações relativas a essa ideia? Seria correto e educativo reduzir tal “revitalização” a organização de festas em praças frente a igrejas do Landi, tombadas, não respeitando os limites de decibéis das normas em vigor, e assim provocando a trepidação de prédios públicos e privados, também (e a consequênte degradação física)?
O organizador desse desfile, não sabe que existe um limite para os ruídos? Em todos esses anos ninguem leu as nossas reclamações? Que figura... No evento desse ano, quem isentou o organizador do Auto do Cirio de salvaguardar, proteger e defender o nosso patrimônio histórico? Será que não existe ninguem formado em Leis, para seguir e evitar essas distrações deseducativas e tão gravosas para uma area tombada?
O Centro Histórico deveria ser objeto de atenção e de intervenções urbanísticas coordenadas, visando o seu integral restauro, requalificação e revitalização, lembrando inclusive as carretas que passam também fazendo danos, e não se reduzindo apenas ao uso de uma praça... na área tombada.
Tudo isso deveria ser feito, porém, no respeito das leis, diferentemente parece ser um incentivo ao vírus deixado pelo ex governador Magalhães Barata que dizia ”lei é potoca”.
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