domingo, 22 de outubro de 2023

VIBRAÇÕES E TREPIDAÇÕES: QUEM PAGA OS DANOS?


No início do ano passado publicamos um artigo sobre “vibrações em forma de ondas”.  Aconselhamos a leitura.            

https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2022/01/vibracoes-em-forma-de-ondas.html (Antonio Carlos Lobo Soares*)

O autor começa falando do efeito que faz um “bate-estaca” perto de sua residência e se admira que Belém, com toda essa verticalização que vemos acontecer nestes últimos anos, ainda não tenha regulamentado por lei a utilização de tal equipamento na construção civil.

No artigo referido alerta sobre a preocupação de um botânico seu amigo para a possibilidade das vibrações causadas pelo “bate-estaca” desagregarem as raízes das árvores altas.

De lá para cá tantas árvores caíram e, segundo os técnicos entrevistados, vários foram os motivos alegados, entretanto, para a questão dos efeitos da trepidação deram bem pouco peso.

Ondas sonoras em forma de música em alto volume, também causam um efeito semelhante à trepidação, só que transmitidas pelo ar, que podem afetar, por exemplo, objetos dispostos em prateleiras e outros. Para isso o CONAMA já examinou e determinou os decibéis oportunos por turnos, (diurno e noturno), em todas as áreas de uma cidade.

Cada evento com música em praças próximas a igrejas tombadas, superando os 80/90 dB (decibéis), acumula danos que só podem ser aferidos com o tempo. Não somente os urubus afastam as telhas dos prédios, mas a poluição sonora também tem responsabilidade nos estragos que vemos  por aí, em especial nas áreas tombadas de nossa Belém... mesmo com 50 dcb.

Nestes últimos três ou quatro meses vimos o parapeito de uma janela perder suas partes, a causa de fissuras. E cada segunda-feira sucessiva a esses eventos ruidosos, as fissuras aumentavam.

Anos atrás, quando aconteceu a primeira vez de um parapeito quebrar, um engenheiro opinou dizendo que a trepidação causada pela passagem de carretas no entorno de uma determinada praça, podia ser a causa…, mas esse efeito deveria repetir-se em outras casas do entorno.

Se isso fosse confirmado, a prefeitura seria a responsável pelo conserto, e disse os porquês. Descobrimos que acontecia também em outras casas, mas o fato dos proprietários das casas terem mudado seus ambientes interiores os amedrontava as reações dos órgãos públicos e não tinham coragem de reclamar...

As leis são evidentes em falar de defesa do patrimônio histórico e, tem até as que estabelecem a distância de 200m de igrejas, colégios, hospitais, etc., para salvaguardar direitos cidadãos relativamente à poluição sonora. O que leva os órgãos que devem respeitar tais ditames a ignorá-los?

O que “...salta aos olhos é a passividade da população belenense diante de ... determinadas  práticas incomodativas que prejudicam e atrapalham a vida de seres humanos, além de estragarem prédios públicos e privados. Achamos que essa passividade é provocada, algumas vezes, por falta de conhecimento, mas também  por uma profunda desilusão, descrença, baseada na constatação de uma total  ausência de ações legais, firmes e tempestivas por parte do poder público...

O cidadão pára de lutar, muitas vezes decepcionado pelos resultados e direitos, que acaba não obtendo, mesmo se a lei está do seu lado. Vai acumulando decepções, indiferença e, depois de ser ignorado, maltratado, acaba admitindo, com tantos outros, que aqui... lei é potoca, mesmo.


...E QUEM PAGA OS DANOS É SEMPRE ELE: O CIDADÃO.


Antonio Carlos Lobo Soares é  Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico.

Um comentário:

  1. Verdade. A trepidação na rua e o dom alto causam vibrações e danos. E as pessoas perderam as esperanças. A ausência de atendimento âs suas demandas causa sim a decepção e afalta de ânimo para reclamar.

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