domingo, 7 de fevereiro de 2021

Como melhorar o Ambiente Sonoro de Belém?

 Oportuna leitura para os novos administradores da cidade.  

Sabemos que na Cidade Velha, as normas em vigor estabelem de 50 a 55 decibeis: por que permitem valores acima desses?


Na área tombada temos prédios que sofrem até com 50 decibeis por que permitem que  orgãos, que deveriam educar a cidadania, se permitam superar até os 100 decibeis? O mesmo diga-se dos foguetes usados em frente a igrejas, seja por quem organiza casamentos, seja pelas festas religiosas. 



Sabemos que ja existem no Estado do Pará fábrica de fogos que não fazem barulho: por que ignorar  isso?


O amigo Antonio Carlos  nos ajuda, citando outras fontes de barulho,  a pensar melhor em
... Como melhorar o Ambiente Sonoro de Belém? 

Antonio Carlos Lobo Soares*

A resposta a esta pergunta é simples e direta: unindo os esforços de toda a sociedade belenense para reduzir os efeitos das principais fontes de ruído e conflito urbano, como o tráfego, a construção civil, os bares, boates, restaurantes, templos religiosos e os animais domésticos, bem como os eventos a céu aberto, onde não há qualquer controle do nível sonoro musical. Como fazer isso, no entanto, é o desafio! 

A ciência mostra que o motor dos ônibus e o escapamento das motocicletas são os vilões da degradação do ambiente sonoro das cidades brasileiras. O primeiro, pela engenharia superada, e o segundo, pela mentalidade dos pilotos, ambos sinais de país “em desenvolvimento”, onde indústria e legislação crescem a passos lentos. Portanto, "silenciar" estas fontes de ruído deveria ser a prioridade.

A cidade agradável do ponto de vista sonoro e com mais qualidade de vida é aquela que produz menos sons mecânicos e industriais e valoriza os sons naturais (aves canoras e água em movimento) e humanos, onde quer que se encontrem. 

Uma motocicleta de baixa cilindrada com escapamento livre, destas que fazem entregas pela cidade, chega a atingir o nível de 100dB, enquanto o motor de um ônibus velho, como alguns que circulam em Belém, 75dB. Lembremos que o nível sonoro limite durante o dia, definido por Resolução Federal, é de 55dB.

Um bom começo seria aplicar e fiscalizar o cumprimento das Leis federais, estaduais e municipais que já são suficientes para garantir o que diz a constituição em relação à qualidade de vida no ambiente urbano. Para isso, é fundamental instrumentalizar os órgãos de fiscalização ambiental. Não é concebível que em Belém, com seus 1,6 milhões de habitantes, só haja um sonômetro e uma viatura para fiscalizar a produção de ruído em seus oito distritos administrativos. 

Em paralelo, seria necessário sensibilizar crianças e adolescentes nas escolas sobre a importância de um ambiente sonoro de qualidade para o desenvolvimento de cidadãos saudáveis, com boa imunidade e resistência para enfrentar os desafios que a vida na cidade impõe. Para isso, identificar as áreas tranquilas que a cidade possui para conservá-las e reproduzi-las é outro passo importante.         

Nesse contexto, destacam-se os Parques e as Praças Públicas, em especial os que possuem vegetação e espaços infantis em sua composição. Em alguns minutos eles nos abstraem do ambiente urbano carregado de ruído desagradável para em seguida nos imergir em um espaço natural e humano, onde recarregar as energias, fazer amigos e celebrar a vida, com saúde, custa menos que o preço de uma vacina.

* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,

Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.

06-02-2021

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