Quem vive a cidade, quem por ela anda a pé ou de onibus, tem uma ideia bem diferente da situação em que se encontra Belém, de quem a percorre de automovel. São diferentes visões que se tem sobre o total abandono da mesma.
A pé ou de carro, porém, o alagamento das ruas, seja no subúrbio que no centro da cidade, é um problema cada vez que chove... portanto, praticamente todos os dias.
As praças, grandes ou pequenas, dentro ou fora do centro histórico, estão abandonadas. A grama, os bancos e outros equipamentos não recebem a devida atenção ha muito tempo.
As calçadas sobem e descem de acordo com a quantidade de asfalto que colocam na rua. O desnivel das mesmas e os problemas que criam, so quem anda a pés conhece. Mesmo o uso delas por bares e restaurantes é um abuso autorizado por quem não aplica as leis como se deve e quem paga o pato são os pedestres.
A poluição sonora aumenta de acordo com a autorização dada a bares, sem nenhuma consideração por quem mora na área de entorno, portanto, desrespeitando as leis e sem nenhuma fisclização. A despesa feita com a recuperação de prédios históricos na área tombada não é levada em consideração pelos orgãos que autorizam musica alta sem algum controle, facilitando assim a trepidação dos mesmos.
A falta de paradas de onibus é um problema seja pelo sol que pela chuva mas, entra e sai governo e ninguem nota isso...porque andam de carro e não precisam delas.
A defesa do patrimonio histórico é esquecida até pelos orgãos criados com esse fim. A carnavalização das casas com cores fortes nada tem a ver com a memoria histórica do paraense. Autorizar a grafitagem de muros na área tombada, mesmo se os proprietários das casas permitiram, é uma falta de respeito as leis que falam de "defesa, salvaguarda, preservação, defesa, proteção, conservação" do nosso patrimônio. Nenhuma lei fala de 'embelezamento', como se vê, mesmo se isso não é proibido. Portanto, era próprio necessário expor essa arte em área tombada?
Para que servem esses orgãos públicos se esquecem de fazer o seu dever? No caso da área tombada é bom lembrar que tal decisão foi tomada em razão do elevado valor histórico, arquitetônico, urbanistico e paisagistico. A ideia era "proteger" essa área antiga.
Nós perguntamos, hoje: proteger de quem?
A permissão do grafitismo nessa área salva a memória de quem? Qual paraense se lembra dessas pinturas nos muros da Cidade Velha nos anos passados? Vemos isso acontecer, porém, depois do tombamento. Que contradição, né? E o Ministerio Publico o que faz?
Quem é que permite o uso de cores fortes em casas/prédios que eram de cores tênues? Qual paraense idoso se lembra de casas vermelhas, roxas, rosa shoking em Belém? No Centro Historico menos ainda, no entanto o permissivismo está ajudando a mudar essa memória do paraense. E os orgãos que deveriam defender essa memória...? Deixam as pessoas fazerem o que querem, por que?. Então pra que eles servem? So para proibir a construção de garagens pelos proprietarios de casas na área tombada????
Os bueiros entorno a essas grafitagens continuam sem tampa e quando chove se vê o resultado. Não teria sido melhor expor essa arte em outro bairro? Na Cidade Velha, não teria sido melhor usar o dinheiro para resolver esse problema de alagamento? Em vez, agora, os moradores, inclusive quem autorizou o uso de seu muro, vão poder admirar essa arte...com os pés na água. Quem autorizou e quem desenhou não moram ali, portanto....
O que foi feito para evitar que aumentasse o numero de veiculos no entrono de atividades autorizadas nessa área tombada? Onde estão os estacionamentos? Quem pensou nesse problema antes e depois da aprovação do Plano Diretor? A trepidação não é um problema criado pelo trafego de veículos? Resolveram o problema?
A falta de consciência cidadã não é um algo circunscrito a quem não estudou. O triste, é exatamente o contrário. Dificilmente, quem teve acesso as escolas se põe o problema do uso da cidade do ponto de vista geral. Normalmente pensa so no interesse próprio...e se mexem somente quando perdem algum direito.
Nossos governantes não estão sós nessa displicência. A pouca preocupação com a cidade, por parte de quem vive nela é evidente também. Um exemplo: o lixo nas ruas.....
Toda a cidade está abandonada, não somente o Centro Histórico. A total falta de fiscalização, seja de dia que de noite, é evidente, e não somente quanto a insegurança. A proximidade das eleições faz aparecer algumas obras, mas não abrangem toda a cidade e muito menos todos os seus problemas
Durante a ultima campanha eleitoral esta Associação tentou colaborar e convidou os candidatos à Prefeito para uma CONVERSA onde deviam responder a duas peguntas:
1 - Como proteger, defender e preservar o Patrimônio Cultural de Belém?
2 - Qual a sua proposta de políticas públicas para o centro histórico de Belém?
Esta ação teve o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (seção Pará), do do Ministério Público Federal, do Instituto do Arraial do Pavulagem e do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Pará .
(http://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com.br/2012/06/c-o-n-v-i-t-e.html )
Antes de dar a palavra aos convidados, quatro pessoas subiram ao palco e expuseram alguns problemas:
- RONALDO SILVA, músico, pesquisador, sociólogo e um dos fundadores do Arraial do Pavulagem, de forma envolvente, nos falou sobre Cultura Popular e a Utilização do Espaço Público;
- CLEBER CASTRO, Professor do IFPa, lembrou de modo claro A importância do turismo patrimonial para a cidade de Belém;
- ROSE NORAT, arquiteta e professora, com evidente conhecimento falou sobre a necessidade de resolver a questão da reabilitação das áreas centrais e das políticas habitacionais para prédios históricos;
- DULCE ROSA ROCQUE, economista, especialista em programação do territorio e presidente da Civviva, através do exame do Código de Postura demonstrou o costume local da inaplicação das leis em vigor.
Em tal ocasião uma das propostas feitas foi: "visto que as leis são totalmente ignoradas, sugerimos a quem vencer as eleições de fazer um 'curso' rápido sobre, ao menos o Código de Postura, aos funcionários da Prefeitura, logo no inicio do mandato." Com isso se esperava melhores resultados do novo governo.
Apesar das respostas dadas, como sucede, esse e os outros pedidos não foram atendidos por quem ganhou as eleições pois as leis continuam sendo ignoradas e os problemas dos moradores e da cidade so aumentaram. Vimos um distanciamento de tudo aquilo que as normas estabelecem para um bom governo. Um exemplo entre tantos: quantas audiências públicas foram feitas para discutir os problemas existentes e suas soluções? ...e são previstas por leis.
Estamos próximos a nova eleição, não temos intenção, porém, de voltar ao argumento como da ultima vez, so sugerimos que todos pensem atentamente à nossa realidade.
Essa displicência é culpa nossa, também.
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