O modo de governar se afasta, cada dia mais, não somente das
leis, mas dos direitos dos cidadãos.
É destes dias a publicação no Diário Oficial do ato de criação do Polo de Gastronomia da Amazônia. Mesmo se essa historia se arrasta ha um ano, o aborrecimento maior provocado foi a decisão de modificar o uso de salas do prédio das 11 janelas, onde existe um museu. Dupla portanto foi a prepotência feita.
Lutar pelo não fechamento de um museu, é tão justo quanto defender nossa cultura alimentar. È a nossa cultura em jogo, além do fato de ter, também, algo mais e muito importante a defender,.... a nossa democracia, o modo de governar.
É destes dias a publicação no Diário Oficial do ato de criação do Polo de Gastronomia da Amazônia. Mesmo se essa historia se arrasta ha um ano, o aborrecimento maior provocado foi a decisão de modificar o uso de salas do prédio das 11 janelas, onde existe um museu. Dupla portanto foi a prepotência feita.
Lutar pelo não fechamento de um museu, é tão justo quanto defender nossa cultura alimentar. È a nossa cultura em jogo, além do fato de ter, também, algo mais e muito importante a defender,.... a nossa democracia, o modo de governar.
Vamos ver desde onde começam os
abusos. O que diz a Constituição? Para começar, verificamos que não é verdade que, como diz o art. 5 “todos
são iguais perante a lei”. A “ inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”
não são garantidos a todos, do mesmo
modo. Os jornais escritos, falados e
vistos,o demonstram diariamente e muitos de nós sentimos isso na pele...
Desse artigo inicial vamos dar um salto e examinar a
questão cultural. Para uma meia dúzia de cidadãos, o nosso patrimônio, seja ele
arquitetônico, ambiental ou alimentar , está na ordem do dia. Não somente uma
dessas questões, mas as três juntas, diariamente.
Começamos pelo arquitetônico, pois continuamos
a ver desaparecer, não somente estatuas ou suas partes, mas prédios inteiros
serem abatidos e a área transformada em estacionamento, muitas vezes. Poucas e fracas as reclamações e fica por isso mesmo, como se
nada tivesse acontecido.
Vemos casas antigas abandonados esperando uma chuva mais forte para vir ao chão, sem que providências sejam
tomadas. Vemos calçadas usadas e abusadas, não somente por funcionários publicos que as usam como estacionamento, mas bares/restaurantes/lojas, irregularmente apoiados... Não vemos, em vez, nem os resultados do PAC das Cidades históricas, apesar
do dinheiro colocado a disposição.
O nosso meio ambiente é assaltado diariamente. A poluição é
um fato concreto, mas continua acontecendo sem nenhum providência séria. O transito em área tombada so faz aumentar, assim como a trepidação e a consequente poluição da área. Rios, florestas e cidades, são agredidos de todos os modos e poucos se manisfestam a respeito. Até fogos de artificio em plena cidade é algo a ser discutido, e ninguem o faz.
A nossa cultura alimentar está sendo objeto de atenção por gente de fora e ninguém foi informado o por que de tantas facilitações a eles; ninguem tomou conhecimento em tempo do que estavam pretendendo fazer. Decisões, consideradas por muitos, arbitrárias, incentivam a vinda de “gente de fora” para inventar uma gastronomia amazônica, como se fosse necessário, e todos calam, enquanto os chefs "daqui" morrem a mingua, praticamente ignorados.
A nossa cultura alimentar está sendo objeto de atenção por gente de fora e ninguém foi informado o por que de tantas facilitações a eles; ninguem tomou conhecimento em tempo do que estavam pretendendo fazer. Decisões, consideradas por muitos, arbitrárias, incentivam a vinda de “gente de fora” para inventar uma gastronomia amazônica, como se fosse necessário, e todos calam, enquanto os chefs "daqui" morrem a mingua, praticamente ignorados.
Concretamente, sobre a questão cultural, coisas bonitas encontramos
escritas no art. 216 da nossa Constituição. De fato diz que “. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em
regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, institui um
processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura,
democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade...”
Quem as observa? A violação de direitos é visivel e permanente. A “descentralização” é uma palavra ao vento,
continuamente ignorada e desrespeitada. A participação
prevista, não fica atrás. Quem fiscaliza toda essa falta de respeito?
As informações sobre esse Polo Gastronômico não correram a viva voz: tudo foi feito na calada da noite... e "os daqui", os 'autores e guardadores’ da nossa culinária, milenar, foram por acaso ouvidos, como seria justo?
O tacacá saiu da cuia para um copo de plástica, onde a goma não teve lugar e ninguém abriu a boca para defender essa nossa comida típica, ou seja, vimos na TV apenas o oba-oba produzido por aqueles que esperam ganhar dinheiro com essas mudanças.
O que pouco existe, em vez, são sanções para quem não as respeita.
Facil é portanto tomar
decisões sem discutir publicamente com ninguém, ou somente com poucos íntimos, e depois impo-la ao 'resto' dos cidadãos através da publicação no Diário Oficial de um ato de prepotência. A transparência e compartilhamento das
informações previstos ao
ponto IX desse artigo 216, foram, totalmente ignoradas. O ato deveria ter feito todas as passagens previstas em
lei, portanto, os encontros e debates públicos,
também, para demonstrar o respeito do que vige.
Dispor de prédios públicos ocupados dignamente, como
se fossem propriedade privada, não é coerente. Achamos também um abuso apoiar
a manumissão da nossa culinária, em vez de defende-la. Ambos os problemas
caminham juntos. Ignorar um deles, neste momento, é copiar quem criticamos.
É da nossa cultura que estamos falando e a alimentar não tem menos valor do que o museu que querem fechar. A prepotência, portanto, é dupla no ato em questão.
Nessa nossa democracia, saudosa ainda dos tempos passados e com pouca gente consciente do seus deveres e direitos, tudo se pode fazer. Precisamos estar cada vez mais atentos, para não chegar sempre tarde e permitir mais um caso de "ja teve" em Belém....
A menos que, e é bem capaz, de ja estar rolando por ai, e secretamente, a criação de algum POLO na beira do rio, na nossa orla, para receber, inclusive esses quadros, e nós estamos por fora.
Nessa nossa democracia, saudosa ainda dos tempos passados e com pouca gente consciente do seus deveres e direitos, tudo se pode fazer. Precisamos estar cada vez mais atentos, para não chegar sempre tarde e permitir mais um caso de "ja teve" em Belém....
A menos que, e é bem capaz, de ja estar rolando por ai, e secretamente, a criação de algum POLO na beira do rio, na nossa orla, para receber, inclusive esses quadros, e nós estamos por fora.
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