Ja estamos
preocupados com a próxima reabertura das três praças da Cidade Velha ‘requalificadas’
nestes últimos meses.
Gostariamos de saber quais tipos de cura/controle/cuidado/fiscalização do uso será feito para salvaguardar/defender/proteger esses bens dos maus hábitos que costumamos ver acontecer, a começar pela a poluição sonora, ignorada por todos como causa de danos as pessoas, animais e as coisas.
Gostariamos de saber quais tipos de cura/controle/cuidado/fiscalização do uso será feito para salvaguardar/defender/proteger esses bens dos maus hábitos que costumamos ver acontecer, a começar pela a poluição sonora, ignorada por todos como causa de danos as pessoas, animais e as coisas.
A total
falta de respeito pelo nosso patrimônio é fruto da inexistência de educação patrimonial:
não se estuda a história da cidade e muito menos de suas ruas e monumentos. Em
alguns cursos universitários se chega a estudar algo a respeito, mas isso deveria
começar bem mais cedo, desde que as crianças começam a ir para a escola... incluindo noções de "poluição sonora e ambiental".
A noção de
pertencimento e de respeito pela cidade, depende muito do conhecimento que tens
dela. A isso se acrescenta uma série de
outros costumes ligados inclusive a educação caseira como, por exemplo, a produção de “barulho” e de "sujeira". Aqui estamos acostumados a esse tipo de produção, seja de dia que de noite e nem sempre fazemos caso. O tic-tac de um relogio na cozinha, pode disturbar o sono de alguem, também.
Relativamente a medida do ruido ambiental, que aliás pode se transformar em poluição sonora em todas as suas possíveis
formas, é algo que se deveria começar a aprender em casa. Os costumes que assimilamos crescendo, os carregamos conosco, no bem e no mal e um dia, poderemos nos confrontar com pessoas que, ao se civilizarem, adquiriram noções bem diferentes das nossas... e pode ser chocante.
Leiam o exemplo que segue:Aconteceu em Lisboa
(Antonio
Carlos Lobo Soares*)
Na semana
que passou um casal de amigos me narrou um episódio que lhes aconteceu em
Lisboa que, de tão inusitado para nós belenenses, decidi compartilhar com
vocês. Eles foram surpreendidos às 3h da madrugada com dois policiais a bater
na porta do apartamento onde residem, que foi aberta após superarem o susto
inicial.
A visita dos
policiais foi motivada por uma reclamação do vizinho do andar de baixo sobre o
barulho causado por um ventilador. Como é verão nesta época em Portugal e a
temperatura sobe, é comum as pessoas dormirem com as janelas abertas. O casal
atendeu de imediato à solicitação dos policiais e o "conflito"
cessou.
Quando
perguntei se o equipamento era barulhento ou se vibrava o piso ao se
movimentar, a resposta foi negativa. Eles até enviaram pelo celular uma
gravação do ventilador a funcionar, onde quase não se ouve som algum.
Destaquei
quatro aspectos deste episódio para comentar, deixando outros a critério da
imaginação de vocês: o nível de exigência de conforto acústico dos vizinhos; o
silêncio que impera na madrugada de Lisboa, perturbado por um ventilador; a
atuação eficiente da polícia de madrugada; e o respeito à autoridade pública,
que levou o casal a desligar o equipamento sem qualquer questionamento.
Um ambiente
escuro e silencioso é fundamental para propiciar um sono reparador. Os
portugueses sabem disso e prezam muito mais que os brasileiros, acostumados com
sons de bares, motocicletas, cães etc. em plena madrugada.
Na
Comunidade Europeia há "DIRECTIVAS" (atos legislativos) que exigem
que os Estados-Membros como Portugal alcancem um determinado resultado. A
Directiva 2002/49/CE, de 25.06.2002, que avalia e gerencia o ruído ambiente,
contém um indicador de ruído noturno (Lnight) associado a perturbações do sono.
Ou seja, há 18 anos que os europeus se preocupam com a qualidade sonora de suas
cidades.
É invejável
que o contribuinte português possa contar com o poder público, neste caso
representado pelos policiais, em plena madrugada, ou seja, na hora que ele de
fato precisava.
Por último,
admiro o comportamento respeitoso dos amigos brasileiros diante da autoridade
pública. Eles não questionaram naquele horário impróprio o nível de ruído
produzido ou a atitude "intolerante" dos vizinhos que sequer lhes
comunicaram o incômodo com o funcionamento de um simples e para nós silencioso
ventilador.
* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista
Plástico,
Tecnologista
Sênior do Museu Goeldi.
EXISTEM OUVIDOS MAIS SENSIVEIS, AO MENOS NO EXTERIOR, ONDE A POLUIÇAO SONORA NÃO É TÃO APOIADA COMO AQUI.
ResponderExcluirCara Dulce Rosa, que belo artigo chega dá um nó na nossa quase selvagem e sem olhar colectivo da nossa sociedade que pouco e nada nada respeita direitos individuais e colectivos, com carros, motos etc.. buzinando a toda hora, lixo de toda espécie na rua e outras mazelas que enchem nosso olhar de dor e tristeza. Lamento lhe dizer que não vejo uma luz no fim do túnel, quem tem dinheiro paga o miserável, para jogar lixo na via pública.
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