Vou
aproveitar para contar uns fatos que considero uteis à cidadania, visto que este blog se
chama "Laboratório de Democracia Urbana" e pode muito bem acolher
lembranças e propostas mesmo se o Patrimonio Historico tratado é a MEMÓRIA.
Ano passado fui convidada a participar
do SEMINÁRIO NACIONAL 100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA, onde aconteceram
debates sobre democracia, socialismo e anarquismo. Tratava-se do PROJETO CONFRONTO DE
IDEIAS/FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS/INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS/UFPA
cuja comissão organizadora era composta por:
MARLY SILVA/FACS/IFCH/UFPA, THAIS
AGUIAR/UERJ, PATRICK PARDINI/MUFPA/UFPA, CELSO VAZ/FACS/IFCH/PPGCP, MÁRCIO DE
CARVALHO/ILC/UFPA, mas era a amiga Marly Gonçalves da Silva a COORDENADORA GERAL.
No segundo dia de tal evento participamos das “Memórias Comunistas” onde ouvimos a vivência de: Alfredo Oliveira (médico e escritor), André Nunes (escritor), Hecilda Veiga
(profa/UFPA, ex-presa política e anistiada), Nazareno Tourinho (dramaturgo). Eu fui a
Mediadora. A sala estava cheia de jovens, atentos.
Passou-se um ano e uns 40 dias e dois
dos participantes não estão mais
conosco. O André, fez aniversario ontem, e nos deixou órfãos de sua amizade a
pouco mais de dois meses atrás. Nazareno Tourinho, também o seguiu e teremos sua
missa de um mês daqui a alguns dias.
O prof. Jaime Cuellar Velarde é outro
dos poucos que chama essas pessoas, para contar o que viveram no tempo da
ditadura aos seus alunos que nem frequentam ainda a Universidade. Até agora a UFPA e a
Feira do Livro foram seus palcos. Ele é da opinião que é importante ouvir
diretamente a Historia através de quem a viveu e fez vários encontros sobre a Ditadura com quase
todos aqueles ainda vivos. Os
que tinham sido presos durante a ditadura e que participaram desses encontros
com a juventude, foram: Pedro Galvão de Lima Ruy Antonio Barata, João de Jesus
Paes Loureiro, José da Silva Seráfico de Assis Carvalho. Os que não foram
presos: Alfredo Oliveira, André Avelino da Costa Nunes, Cláudio de Souza
Barradas e eu.
Lembrar o que contaram nesses encontros e viver estes dias atuais sem
poder trocar opinião com os que já se foram, me traz um vazio enorme. As
pessoas que viveram o ”64” e que tiveram bastante vivência e, consequentemente,
histórias para contar, estão diminuindo
a olhos vistos.
O momento que estamos vivendo, todavia, merece
atenção e confronto com nossa historia passada. A memória é importante e quem
as tem deveria ser seguido de perto, começando por professores da escola
obrigatória. Os exemplos que poderiam
dar, foram contados, quem sabe, pela ultima vez, pelos quatro companheiros
acima citados... e hoje dois já nos deixaram. Os estudantes
presentes naquela ocasião tiveram porém a oportunidade de ouvir de viva voz
experiências feitas em tempos difíceis, politicamente falando.
Esse tipo de confronto é útil e muito proveitoso para a
juventude. Por que temer? Vai acrescer o conhecimento e dar condições a
criticas, pro e contra. Aquela memoria que foi transmitida não tem preço e,
começamos a perder aqueles que podem passar ao próximo momentos históricos
vividos em primeira pessoa e, algumas vezes, até na própria pele.
Essa falta de confronto com quem tem memória, ou seja, os mais velhos, se nota enormemente quando se olha o nosso patrimòno histórico, as nossas áreas tombadas. Um exemplo por todos as cores das casas. Os "antigos", ainda viventes lembram da Cidade Velha com casas de azulejos ou pintadas com cores claras, cores pastél. Memória de quem estão defendendo quando permitem cores fortes nessa área tombada? Qual "velho" disse ao IPHAN ou ao orgão publico que autoriza a pintura das casas com cores fortes, que eram essas as cores das casas da área tombada? Falta de informação direta, pois as leis falam de defesa, salvaguarda, proteção da nossa memória... não de colori-la.
Essa falta de confronto com quem tem memória, ou seja, os mais velhos, se nota enormemente quando se olha o nosso patrimòno histórico, as nossas áreas tombadas. Um exemplo por todos as cores das casas. Os "antigos", ainda viventes lembram da Cidade Velha com casas de azulejos ou pintadas com cores claras, cores pastél. Memória de quem estão defendendo quando permitem cores fortes nessa área tombada? Qual "velho" disse ao IPHAN ou ao orgão publico que autoriza a pintura das casas com cores fortes, que eram essas as cores das casas da área tombada? Falta de informação direta, pois as leis falam de defesa, salvaguarda, proteção da nossa memória... não de colori-la.
Na Italia, nos anos 70/80, as pessoas
que viveram a guerra contra o fascismo fazendo os ‘partigiani’ eram chamadas
nas escolas, do primário ao cientifico/clássico, para contar “a verdade”, ‘suas
experiências quotidianas’ , ‘o que acontecia durante o fascismo’, ‘ o que eles
faziam com os opositores’ , ‘como se lutava contra’... Todos o faziam
gratuitamente e, seja os professores que os pais, eram conscientes da
necessidade de fazer isso.
Os nossos "PRACINHAS" estiveram la e até hoje são homenageados, todos os anos, pelos alunos das escolas do periodo obrigatorio no Apenino Bolonhes, coisa que aqui não acontece e com isso apagamos nossa memória. Até monumentos e Museus existem em Montese e em Pisa sobre essa participação dos brasileiros a liberação da Italia do fascismo... e aqui?
Cidadãos conscientes de verdade se
desenvolvem em sociedades onde a informação fomenta o conhecimento e a
possibilidade de critica. O modo acima citado é um deles e aqui podia muito bem
ser difundido antes que se perca totalmente essa oportunidade e se finja que o fascismo não existiu... nem aqui, nem fora daqui.
Dulce Rosa de Bacelar Rocque - cidadã.
Lembro das reuniões na SAI, pois frequentava na época.
ResponderExcluir