Quando, na segunda metade do
século passado, comecei a estudar,
aprendi as primeiras noções sobre a nossa historia, a qual começava com a questão do Tratado de Tordesilhas. Aprendiamos
o nome do descobridor do Brasil, a data da descoberta, os nomes dados a esta
terra. Na decoreba, absorvíamos essas informações feitas com total
superficialidade, e não nos interrogávamos sobre nada. Aquela era a verdade verdadeira.
Crescendo, já no ginásio, aprendíamos
a historia antiga, do Egito, por exemplo e a brasileira, com as guerras dos Emboabas,
dos Farroupilhas, etc, e nenhuma palavra sobre a Cabanagem. Nada ouvimos falar, por exemplo, sobre o periodo que o Estado do Amazonas fazia parte do Grão Pará, também.
Víamos os mapas do Brasil, com
sua área do tamanho que é hoje, mas ninguém nunca explicou como aconteceu isso. Quando modificaram o Tratado de Tordesilhas? Que fim levou aquele
Brasil que se limitava somente ao nordeste, praticamente? Como e quando ele cresceu assim tanto?
Os vários Tratados feitos em
meados de 1700, que levaram a chegada de uma comissão delimitadora das
fronteiras entre s terras descobertas por Portugal e Espanha, e que nos trouxe Landi para cá, será que fazem parte, hoje, das informações que dão na escola obrigatória?
Aprendemos que a fundação de
Belém, foi em janeiro de 1616, mas se formos ler documentos de, ao menos, cem
anos atrás, vamos descobrir, que essa data (dia 12) não era aceita por muitos historiadores.
Nunca ouvimos falar que a Cidade
Velha era praticamente uma ilha, nos seus primeiros anos de vida, antes de
aterrarem o alagado do Piry, que, naquela ocasião, ia até o atual S. José Liberto. E o canal da Tamandaré,
o que era, então? Era o Igarapé Juçara, que encontrava, antigamente, o Igarapé do Piry, formando a ILHA DA CIDADE VELHA. Os rios continuam a circunda-la, na outra extremidade.
Não sabemos desde quando Belém,
começou a ser chamada assim, porque na correspondência com os reis da Espanha,
a partir de 1616, a área da Cidade Velha
era chamada de Capitania do Pará, depois Província do Pará e, em muitos casos Cidade do Pará. A Campina, ainda
não existia, portanto a área chegava, ao máximo até onde hoje é a Igreja do Carmo, confirmando a possibilidade de ser uma ilhotinha, vista também a existencia do Igarape Juçara, hoje chamado canal da Tamandaré.... Alguns a chamavam Ilha Pará, antes da doação da primeira légua.
Numa carta do Rei D. Felipe II em
data 18 de setembro de 1616, ao novo Governador Geral do Estado do Brasil – D.
Luis de Souza – ele ordena que se envie “socorro ao forte que o Governador da Capitania
do Pará, Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou as margens do rio das
Amazonas...” e outras, por vários anos continuaram a ignorar o nome “Belém”. Nas cartas sucessivas continuamos e ler a palavra Pará. Quando, enfim ele aparece em algum documento? Será que ensinam isso, hoje?
Tem um livro portugues de Manuel Severino de Faria,"História Portugueza e de outras províncias do Occidente..." que diz que o nome Forte do Presepio de Belém, foi logo esquecido pois a "À REGIÃO CHAMARÃO: FELIS LUZITÂNIA". Varnhagen, se enganou ao dizer em seu livro que a chamaram de Nossa Senhora de Belém, diz esse autor..
Tem um livro portugues de Manuel Severino de Faria,"História Portugueza e de outras províncias do Occidente..." que diz que o nome Forte do Presepio de Belém, foi logo esquecido pois a "À REGIÃO CHAMARÃO: FELIS LUZITÂNIA". Varnhagen, se enganou ao dizer em seu livro que a chamaram de Nossa Senhora de Belém, diz esse autor..
Passou-se mais de meio século desde
quando aprendi aquelas noções de história:
será que hoje, atualizaram essas informações? Tenho impressão que não foram esclarecidos
muitos pontos que, ao longo da minha vida, notei que não correspondiam a
verdade. Ernesto Cruz ja sentia "falta de documentos, de peças fundamentais correspondentes às primeiras etapas da vida colonial paraense ..." mas até hoje isso persiste?
Difícil, com certeza, contar
nossa verdadeira historia e ir contradizer aquilo que todos pensam ser
verdade. Uma mentira repetida por séculos
se transforma em verdade... acontece, que não é. Trata-se somente de falta de
pesquisa e/ou, atualização dos livros escolásticos.
Pelo jeito, e depois de tanto tempo, se vê que não interessa o conhecimento da nossa história, o que nos leva a pensar que isso, também repercute na total falta de vontade de defender nosso patrimônio histórico.
Os 400 anos da Cidade Velha, nossa Alma Mater qual origem de Belém, se aproximam: o que vão nos deixar de lembrança? Será que algum estudioso, além de passear pelo bairro, vai dirimir essa ausência de informações verdadeiras? Será que algum arquiteto ou professor vai sair da sombra e defender nossa memória histórica?
Tomara!
Os 400 anos da Cidade Velha, nossa Alma Mater qual origem de Belém, se aproximam: o que vão nos deixar de lembrança? Será que algum estudioso, além de passear pelo bairro, vai dirimir essa ausência de informações verdadeiras? Será que algum arquiteto ou professor vai sair da sombra e defender nossa memória histórica?
Tomara!
P.S. Será que me engano e esse material ja existe e foi difundido entre os estudantes e sou eu quem não sabe de nada? Se sim, não se vê os resultados, porém.
Dulce Rosa de Bacelar Rocque
Suas críticas são sempre pertinentes.
ResponderExcluirObrigada, Claudia. Talvez por isso todos correm para longe de mim... ou, calam para sempre.
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