quarta-feira, 1 de julho de 2015

O Homem dos Stradivari e os 400 anos de Belém


Em julho do ano passado fui visitar minha filha que tinha tido nenen em Chicago e nessa ocasião fui convidada pela Embaixada italiana para assistir ao espetaculo de um maestro que so toca violinos da marca Stradivari..

Hoje existem cerca de cinquenta instrumentos ainda em condições de serem usados. O primeiro que leva o seu nome é de 1666. Antonio Stradivari Cremonese construiu seus melhores violinos a partir de 1698 e chegou ao climax, ao seu "período  de ouro" que durou  de 1719 até 1725. Construiu cerca de 1.100 instrumentos musicais, entre violinos, violas, violoncelos, harpas, alaúdes, guitarras, etc. Morreu dia 8 de dezembro de 1737.

Desses cinquenta violinos, eu ia ouvir o Maestro Matteo Fedeli, tocar o vigésimo quinto daqueles que teve acesso. A sala estava cheia de "amantes da musica culta" e o espetáculo foi maravilhoso, O "vôo do besouro" fechou a noite e fomos para outra sala onde ele  autografava seus cds..

Enquanto serviam um cocktail eu resolvi ir para onde ele dava autografos. Comprei cd e livro e fiquei no fim da fila esperando a minha vez, e, quando chegou o convidei para vir "fazer uma serenata para Belém nos seus 400 anos". Ele me olhou e entendi que não sabia de qual Belém se tratava. Quando disse que era aquela da Amazonia seus colaboradores me olharam assustados. Os tranquilizei dizendo que eramos dois milhões de habitantes e tinhamos quatro universidades...se aquietaram, ao  menos aparentemente. Ele me deu seu email e fiquei de lhe escrever de Belém, quando voltasse.

Apenas cheguei em casa, lhe escrevi umas vinte linhas falando de Belém  dizendo inclusive  que não tinhamos nenhuma representação italiana, mesmo se nossas igrejas mais bonitas e antigas eram de um bolonhes. Em tres dias (21/07/2014)  eu ja tinha a resposta, que assim começava:'Leio com prazer sua mail e marquei imediatamente como opção, na minha agenda, a data de 12 de janeiro de 2016....se poderia organizar até dois ou tres concertos." Ficou de me escrever com mais calma pois ia viajar.

Alguns dias depois outra mail sua me dava noticias maravilhosas: "Considerada a importância do evento e também da prestigiosa  sede do Teatro da Paz posso confirmar-lhe ter obtido de um dos meus partners, um apoio econômico relativo as despesas artísticas - minha e do pianista que me acompanha - e do seguro para o transferimento do precioso violino".

As boas noticias continuavam:  "Seria muito interessante aproveitar para ter um momento de encontro com jovens estudantes de violino, propondo um master class com os melhores elementos de alguma escola de musica local."

Concluía a carta com o seguinte programa:

a- Recital para violino e piano na forma tradicional;
b- Recital para violino e piano com a participação de uma orquestra de arcos, presente in loco.
c-  Programa de Masterclass com formação de um duo para concerto de livre escolha...

Eu estava no sétimo céu. Essas Serenatas para Belém iam ser uma coisa maravilhosa, na minha opinião...e a despesa, ínfima, confrontando com os preços dos artistas brasileiros. 

Nos primeiros dias de agosto de 2014, comecei a procurar alguem da área que pudesse me ajudar. Falei com tres pessoas que contam ...e comecei a esperar uma resposta que fosse. Fui informada, porém, que a orquestra tem suas férias no mes de janeiro, mas imaginei que, tratando-se do aniversário da cidade, uma exceção poderia ser feita. Unica exigência que fiz foi que o nome da Civviva fosse colocado qual patrocinadora, afinal de contas eu estava trabalhando de graça, podia até pedir algo em troca, assim garantia que meu nome  não  aparecesse em canto nenhum. 

Que diferença de interesses: o artista ocupado a tocar no mundo inteiro, me respondeu em tres dias, em vez quem me está entorno não encontra tempo para dar uma resposta, nem escrita nem falada...e onze meses ja se passaram.

Será que são as minhas lutas cidadãs  o motivo de tanta demora em obter respostas? Serão elas  a causa do impedimento de tal evento? Será que pensam que o Maestro não tem o que fazer e pode ficar esperando até sabe lá quando?

Pois é, depois de todo esse meu trabalho gratuito, e de atrapalhar os interesses do Maestro, é bem capaz que as Serenatas para Belém com um Stradivari, não  aconteçam mesmo se o custo é convidativo pois se resume ao transporte e estadia de algumas poucas pessoas, somente.

Em que terra vivemos?  

Dulce Rosa de Bacelar Rocque

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