Ninguem reconhece mais a Praça do Carmo. Aquele espaço enorme, há pouco mais de três meses
está ‘murado’ para conserto. Não aquela revitalização decidida em 2015 e que custaria pouco mais de 500 mil reais. Pelo triplo da quantia do
projeto anterior, agora se chama “‘requalificação’”,
e não sabemos como será.
Aqui temos a pre-historia recente de
algumas praças desta área tombada:
- http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com.br/2013/08/pac-das-cidades-historicas.html
- https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2015/08/1-como-vai-o-pac-cidades-historicas.html
-https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2020/05/a-requalificacao-da-praca-do-carm.html
-https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2020/05/a-requalificacao-da-praca-do-carm.html
Assim
está ela, agora, murada e com o piso do anfiteatro mais alto:
Vamos falar da vivencia dos moradores da Praça do Carmo nestes últimos meses, enquanto na televisão davam noticias do reconhecimento da existencia em ato de una Pandemia no mundo. Começou na China mas o que estava acontecendo na Europa é que fazia noticia. Tudo parecia muito longe de nós.
Vimos, porém, um
belo dia de fevereiro, chegarem uns operários e murarem toda a praça do Carmo.
Contemporaneamente, fizeram o mesmo na Praça do Relógio e na Pça dos Leões.
Tres das cinco praças grandes da Cidade Velha iam ser... cuidadas, sem algum
debate público e nem projetos de retorno ao passado.
Os moradores da praça, distribuidos
entre a Siqueira Mendes a Joaquim Tavora e na chamada Praça do Carmo, são menos de vinte. Para começar, com aquele muro perdemos imediatamente a visão da imensidão da praça. Não viamos mais o lado de la... Os bares
que a usavam como sala de jantar, perderam seu espaço. Os motoristas que nos fins de semana abusavam
usando o anfiteatro como estacionamento, tiveram que se mudar.
E chega a Pandemia em Belém. Os locais noturnos começaram a diminuir
seus programas. As calçadas do entorno, nos fins de semana ficavam livre para
os pedestres. O
movimento nos portos da Siqueira Mendes diminui, assim como começam a
desaparecer os clientes das lojas de materiais náuticos, de pesca, de
motores e apetrechos para a agricultura.
O transito diminui. Os moradores da praça gozavam o mais absoluto silencio.
Pouco a pouco o movimento na praça do Carmo tinha começado a desaparecer. O Colégio do Carmo suspende as aulas. Nos fins de semana o silencio era suspenso somente quando os sinos tocavam
avisando que... não ia ter missa. O domingo de Ramos se foi com a Pascoa sem
nenhum movimento. Os moradores acostumados com a vida religiosa típica do bairro mais antigo de Belém, estavam
desnorteados.
E veio o bloqueio/confinamento
em Belém...e a praça, morreu, definitivamente. Nem o barulho da obra se ouvia
mais. Carros? Nenhum. Carretas trazendo materiais para o conserto da praça, em vez, sim, furando
qualquer bloqueio, decretos e leis.
Alguns moradores pegaram o vírus e vieram a decesso, outros, foram para o sitio... Menos moradores, mas
aumentou o número de pedintes. Todos foram
assaltados, diziam sempre, e nenhuma loja aberta para ajuda-los...
Na praça do Carmo, a maior parte dos prédios tem no andar térreo
uma loja. A parte de cima de três ou
quatro deles é habitada por famílias de quem tem loja embaixo. Casas de familias,
apenas três. Sabado e domingo fica tão vazia como nos dias de semana. Com certeza, em várias áreas de Belém, a situação deve ser a mesma.
A solidão
e o silêncio é algo inabitual em Belém, mais ainda na Cidade Velha. A experiência terrificante e dolorosa do Corona Vírus, só aumenta a tristeza e o perigo... Estamos todos preocupados e...muito sós.
Esperamos ansiosamente que chegue a vacina...
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