domingo, 17 de novembro de 2024

A VELHICE, por JOSÉ SARAMAGO...

...que eu condivido inteiramente 

Quantos anos eu tenho?
O que importa isso?
Tenho a idade que escolho e que sinto!
A idade em que posso gritar sem temor o que penso,
fazer o que desejo sem receio de errar,
pois trago comigo a experiência dos anos vividos
e a força inabalável das minhas convicções.

Não importa quantos anos tenho,
não quero saber disso!
Alguns dizem que estou velho,
outros afirmam que estou no auge.
Mas não são os números que definem a minha vida,
não é o que dizem,
mas sim o que o meu coração sente
e o que a minha mente dita.

Tenho os anos suficientes para gritar minhas verdades,
fazer o que quero,
reconhecer velhos erros,
corrigir rotas e valorizar vitórias.
Já não preciso ouvir:
“Você é jovem demais, não vai conseguir”,
ou “Você está velho demais, o seu tempo já passou”.

Tenho a idade em que as coisas são vistas com serenidade,
mas com o desejo incessante de continuar crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos
podem ser tocados com os dedos,
e as ilusões se transformam em esperança.

Tenho os anos em que o amor,
às vezes, é uma chama ardente,
ansiosa para se consumir no fogo de uma paixão.
Outras vezes, é um porto de paz,
como o pôr do sol que se reflete nas águas tranquilas do mar.

Quantos anos eu tenho?
Não preciso contar,
pois os desejos que alcancei,
os triunfos que obtive,
e as lágrimas que derramei pelas ilusões perdidas,
valem mais do que qualquer número.

O que importa se fiz cinquenta, sessenta ou mais?
O que realmente importa é a idade que sinto,
a força que tenho para viver sem medo,
seguir meu caminho com a experiência adquirida
e o vigor dos meus sonhos.

Quantos anos eu tenho?
Isso não importa!
Tenho os anos suficientes para não temer mais nada,
e para fazer o que quero e sinto.
A idade? Não importa quantos anos ainda tenho,
porque aprendi a valorizar o essencial
e a carregar comigo apenas o que realmente importa!


 PS: tu, mais jovem do que eu (que ja passei dos 80), cresce,  estuda inclusive as leis que guiam uma democracia, viaja olhando-te entorno, acumula experiência e  depois julga os mais velhos, baseando-te, não somente no que ouves dos outros. Cerca o que realmente importa num ser humano. Quem sabe  a ética e a coerência te ajudem a continuar crescendo num modo mais civil,  para poder  julgar ou provocar os outros, sem influências nefastas, ou seja,  mais  democráticamente. 

domingo, 10 de novembro de 2024

OUTONO NA AMAZONIA


AS MANGUEIRAS COM CERTEZA O RECONHECEM.

Morando numa praça cheia de mangueiras, muitas já no fim de sua vida, vejo a passagem do tempo: meu, e delas.

Vejo quando perdem as folhas, enchendo a grama da praça daquelas amareladas. Depois vejo se encherem de floreszinhas, que pouco a pouco se transformam em mangas. É tempo de outono na Europa, quando todas as arvores se desnudam frente aos pinheiros que continuam impertérritos, destemidos, aguentando o frio, como se fosse verão.

Quando chega o período das chuvas aqui, as mangas já estão no fim. Nas praças, não somente os pássaros, mas os adultos já deram cabo de quase todas elas. Daí, no Ver o peso, começamos a ver chegar o: açaí, abiu, abricó, muruci e  pupunhas .

Alias, é mais visível ver a troca no Ver o Peso, quando nos carros de mão substituem a manga com a  pupunha.

Na verdade o açaí tem o ano inteiro, mas,  praticamente, de setembro a Janeiro ele abunda. Quando seu preço aumenta, quer dizer  que a produção caiu. O cupuaçu também temos o ano inteiro, mas tem muito mais nos meses de março, abril e maio.

Das nossas frutas, apenas a Castanha do Pará (em julho) e o Pequiá (em maio ), trocam as folhas... e nem são estrangeiras, como as mangas.

Nem todas as frutas que comemos são amazônicas: a banana, o coco e a manga, por exemplo vem da África. 

VAMOS VALORIZAR O QUE É NOSSO INDEPENDENTEMENTE DA ESTAÇÃO... 

domingo, 20 de outubro de 2024

BATUQUE EM ÁREA HISTÓRICA...

 ...EM FRENTE DE IGREJAS TOMBADAS,  como podem ser utorizadas se as leis, todas, proibem...

IGNORANCIA PURA esse batuque na praça do Carmo.

1    1- A área é tombada;

2- a distancia prevista por lei, para determinadas manifestações , é de 200m de igrejas/hospitais,...

3- os decibéis, se ai  fossem permitidos, não deveriam superar os 50/55.

Essa gente se crê democrata, desrespeitando todas as leis e  o patrimônio histórico... não so quem autoriza, mas o povo que segue tais eventos, cada dia mais se deseducam. Os discursos debochados que fazem, enquanto abusam, são típicos de falta de cultura e educação... 

Não adianta gritar frases estúpidas no microfone, pois tem quem ouve, e sabe que são asneiras, fruto de falta de instrução.

É muito descaramento ignorar todas as leis que falam de “defesa, proteção e salvaguarda” da nossa memória histórica. Não tem ninguém formado em lei nessas secretarias municipais? Como continuar a autorizar manifestações em frente a igrejas e prédios centenários e tombados? quem controla toda essa improbidade admnistrativa?

A LIBERDADE DE EXPRESSÃO, AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E AS REUNIÕES  EM ÁREA PÚBLICA  SÃO GARANTIDAS   E PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO. .. porém dentro de quanto estabelecem outras leis aplicativas da Constituição, como o Código Civil, o Penal, o de Postura etc, incluindo as normas do CONAMA  relativamente aos decibeis.

Fechar os olhos e ouvidos aos abusos que observamos pelas ruas e inventar exceções, fora das leis, nao é nada democrático... isso tem outro nome: é abuso, prepotência, fruto de ignorância.,, e ainda podem constituir condutas ilícitas que, inclusive,  ensejam responsabilidade do agente público ou militar que as inventa (como permitir  a poluiiçao sonora até as 21h...).

E ainda tem as sanções para quem não obedece, mas quem as aplica? 

 https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2024/06/transparenciae-as sancoes.html

A UFPa deve incentivar o estudo do Direito em outras faculdades.... além de incrementar o respeito da democracia, nos eventos que realiza e colabora, na area tombada...

QUEM GANHAR A ELEIÇÃO, TOMARA QUE RESPEITE AS LEIS E DEFENDA O PATRIMôNIO HISTÓRICO... pois o que vemos acontecer na área tombada, é escandaloso.

Este foi outro exemplo na vespera do Cirio... https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2024/10/que-vergonha.html



                                                                                                                                       






domingo, 22 de setembro de 2024

Dia Municipal de Limpeza de Rios e Praias

 VOCÊ SABIA QUE EXISTE UM DIA PARA LIMPAR PRAIAS E RIOS???

Lei 8638/08 | Lei nº 8638 de 25 de abril de 2008
Publicado por Câmara Municipal de Belem (extraído pelo Jusbrasil) - 15 anos atrás
INSTITUI O DIA MUNICIPAL DE LIMPEZA DE RIOS E PRAIAS, DE ACORDO COM O ART. 160 DA LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE BELÉM, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Art. 1º Fica instituído no Município de Belém, o Dia Municipal de Limpeza de Rios e Praias, de acordo com o que estabelece o art. 160, da Lei Orgânica do Município de Belém e nos termos desta Lei. Ver tópico
Parágrafo Único - A data será sempre realizada no terceiro final de semana de setembro de cada ano.

SERÁ QUE ISSO VAI ACONTECER ESTE ANO?

*

P.S. Pelo que lemos na midia, foi uma organização estranjeira que o fez, recentemente...
"... No Pará, além de engajar voluntários locais, o evento também recebe o apoio da Ozone Conexão Natureza (que coordenou osvoluntários e cedeu os caiaques), Laboratório de Pesquisa em Monitoramento Ambiental Marinho da UFPa, Observatório da Costa AmazônicaComposta Belém, e Greenpeace Belém
Os parceiros nacionais são MarshMcLennan RKBC Turismo e 
patrocinadores são a L’Oréal para o Futuro e Garnier."

Leia aqui :

" https://uruatapera.com/international-coastal-clean-up-2024-organizou-acao-de-limpeza-de-rios-no-para/Todas as rea
    

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Questão de seriedade

                              

Querendo ou não, Belém tem uma legislação, que, se aplicada, não daria motivos de reclamações da parte dos cidadãos. Somente quem não gosta de respeitar as leis, se permite de dizer o contrário...transformando-se num antidemocrático.

O que vemos, porém ? Não falamos do povo que as desrespeita, mas de quem governa que as ignora passando por cima como um trator, e dando assim um mau exemplo... Falamos de quem deve aplica-las e as ignora... e de quem devia escutar as reclamações da cidadania mas as considera sem fundamentos.

Relativamente a defesa, salvaguarda e proteção do nosso patrimônio histórico é vergonhoso:

- ver carretas de até 30 pneus passeando pela Dr. Assis/Dr. Malcher, sem pensar na trepidação que ditos veiculos provocam na área tombada


- ouvir os decibéis que  desfiles como o do Auto do Cirio, ou as Serestas e outras festas emitem em praças com igrejas tombadas, ou no entorno de escolas, hospitais.... A foto abaixo revela o mínimo de decibéis que ouvimos quando iniciam as atividades em tais ocasiões.

- ver e calar frente ao uso como estacionamento, não somente das calçadas de liós (tombadas), mas também no meio de praças... exemplo, a do Carmo;


- pensar que a batucada do Arraial do Pavulagem não cause danos ao Teatro da Paz...

-  e as motocicleta com o "escapamento" modificado? ninguem nota esse abuso?

So um cego/surdo que depois se transforma em mudo, cala e ignora os abusos que se fazem ignorando as leis... e ninguem toma providências.

Temos ainda que nos confrontar com órgãos que consideram as denúncias relativas a quanto supra descrito “supostos crimes contra o patrimônio” além de provocar danos a pessoas com determinadas sensibilidades. Orgãos que, mesmo se avisados com antecedência, não comparecem para verificar, o quê e como se desenvolve um evento em áre pública, ficando assim impedidos de colher provas seguras. Se arrogam porém o direito de duvidar das evidências e fazer suposições contrárias a quanto realmente acontece.

Mais vergonhoso ainda é ver como  crescem os “arquivamentos de inquéritos” em orgãos públicos, por falta de tudo... inclusive de seriedade.

.

 

 

sexta-feira, 26 de julho de 2024

- ATENÇÃO SENHORES Pre CANDIDATOS

 

Quatro anos atras, durante a campanha eleitoral, fizemos algumas propostas para a Cidade Velha. https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2020/09/2-atencao-senhores-candidato.html

Nada aconteceu, aliás, exatamente o contrário está acontecendo, pois levavamos em consideração as necessidades dos Ribeirinhos.

Dissemos que  “É justo lembrar os serviços prestados na Cidade Velha pelos comerciantes estabelecidos nas ruas do entorno dos portos e que, além das oficinas, vendem  material agricola/pesca/mecânico/construção, etc. “

Tais atividades devem ser salvaguardadas, apoiadas e defendidas das más intenções daqueles que só pensam em ganhar dinheiro com atividades fúteis que servem para encher as calçadas e o meio da praça do Carmo de automóveis.

Na ocasião sugerimos que  “A área da CATA, perto do Portal da Amazonia, poderia ser usada com oferta de serviços aos Ribeirinhos, ao menos aqueles das 39 ilhas que fazem parte de Belém.  Um Pronto Socorro com médicos e dentistas além de outros serviços tipo carteira de identidade,  ginástica, cabeleireira/manicure  e até creche, poderiam ser instalados ali. Serviria, inclusive para os moradores da área.

Lemos nos jornais que, em vez vai ser usado para casa de riquinhos, assim com o casarão abandonado situado na praça do Arsenal.

Enquanto isso, as terras de marinhas no entorno da Tamandaré, usadas por alguns senza teto, estão sendo desocupadas pelo governo do estado  para usar num projeto para a ECO30.

Este é momento bom de lembrar os precandidatos às proximas eleições, alguns problemas do entorno da area tombada... de gente que precisa de ajuda... 


domingo, 7 de julho de 2024

L’UNITÁ FECHOU


AGRADECIMENTO AO L’UNITÁ

 Dia 31.07.2014 fecharam o jornal do Partido Comunista Italiano, criado por Gramsci em 12 de fevereiro de 1924.

Cheguei na Italia, mais precisamente em Piacenza, em agosto de 1971. Era pleno verão. A cidade ficava a beira do rio Pó, o maior da Italia com pouco mais de 600km. Ali começava a região Emilia Romagna, com capital em Bolonha. Do lado de lá estava a região Lombardia, cuja capital era Milão.

A poucos minutos da cidade num descampado, uma festa de interior se realizava, era o tal de festival do L’Unitá, o jornal do Partido Comunista Italiano. Ias la para comer, dançar e fazer política.

Parecia o Arraial de Nazaré da minha infância, so faltavam os teatros do meu pai. As comidas que vendiam eram todas regionais e feitas pelas senhoras das várias sessões que se juntavam para recolher dinheiro para ajudar o Jornal. Tinha pescaria; casinhas numeradas onde os coelhos deviam entrar; brinquedos para crianças e música ao vivo para os mais velhos: polca, valsa e mazurca, herança do período austríaco. Esses ritmos eram chamados de ‘liscio’, ou seja: liso.

Era tempo da guerra fria e dos governos da Democracia Cristã na Italia. Publicidade, bem poucos faziam no jornal comunista, necessária, era, portanto, muita solidariedade para manter em pé o jornal que defendia os trabalhadores.

Durante o verão, todas as sessões do PCI se movimentavam para fazer sua festa; para ajudar o partido, seu jornal. Todos trabalhavam de graça e quem produzia vinho oferecia parte da produção para a festa. O pão era feito em casa pelas camponesas, assim como as salsichas e a copa.

Do lado de la das barraquinhas de comida, tinham outras destinadas a difusão de livros, revistas, discos, k7 e artesanato. Dependendo do tamanho da cidade, essas áreas aumentavam e ofereciam mais coisas. Nas capitais de província a festa durava de dez a quinze dias.

Aos poucos, indo naqueles maiores, descobri a área internacional, onde cada barraquinha era dedicada a um país que precisava de ajuda, e aí comecei a levar os problemas do Brasil para as festas do L’Unitá: era o tempo da ditadura.

Comecei a procurar material para difundir informações, mas era difícil. A censura evitava que o mundo conhecesse a nossa realidade, coisa que até quem morava aqui desconhecia. Foram documentos da Igreja católica que me salvaram. As denúncias DE PRISÕES, ASSASSINATOS E EXPULSÔES DE PADRES, MAS NÃO SOMENTE, levavam tempo para chegar, e eu as traduzia e ciclostilava nas sessões do PCI.

Durante dez anos passei minhas férias girando a Italia de costa a costa, nesses festivais do L’Unitá denunciando a ditadura e recebendo todo apoio necessária a luta que travava.

 Em 2014 o L’Unitá fechou os batentes e levou consigo uma parte da minha história e da luta contra a opressão no mundo. Passaram-se mais de 50 anos, de quando comecei a usar e abusar da bondade dos italianos, denunciando a ditadura. É hora de agradecer a todos aqueles desconhecidos que ajudaram em algum modo o Brasil a voltar a democracia... agora precisamos evitar de perde-la... e eles também.

Dulce Rosa de Bacelar Rocque (Márcia ou  Mapcua)